segunda-feira, maio 19, 2025

Eleições

O povo falou!
De forma livre e democrática fez as escolhas que muito bem entendeu.
Não há votos bons e votos maus, votos melhores e votos piores, votos inteligentes e votos estúpidos, votos esclarecidos e votos ignorantes.
Há votos!
Que traduzem a vontade do povo e tem de ser respeitados por todos incluindo aqueles cuja arrogância e presunção os fazem sentir-se seres superiores quando não passam de criaturas patéticas.
E o que nos dizem os votos do povo?
Confiança em quem governa, rejeição de campanhas negras como as protagonizadas nos últimos meses, absoluta falta de confiança em soluções de esquerda e em partidos radicalizados como o PS do agora demissionário Pedro Nuno Santos.
E traduzem também uma enorme vitória de Luís Montenegro!
Detalhando.
AD: Venceu claramente, aumentou em dez o número de deputados  (tinha mais 2 deputados que o PS e agora tem mais 31) e teve mais 140.000 votos, atenuou substancialmente mas não resolveu aritmeticamente o problema da estabilidade. É de crer que com uma liderança moderada no PS tenha condições para cumprir a legislatura.
PS: Teve o seu terceiro pior resultado de sempre, Perdeu 360.000 votos e 19 deputados, venceu apenas num distrito (Évora) e por pouco e falhou totalmente na estratégia e no discurso. A radicalização empreendida por Pedro Nuno Santos e a sua direção foi um fracasso total. Tem que mudar de vida.
Chega: É um dos vencedores da noite mesmo dando de barato que dizia querer vencer as eleições. Aumentou votos, aumentou em 20% o número de deputados, venceu em quatro distritos ( Setúbal, Beja, Faro e Portalegre) e ficou em segundo lugar em vários outros como Viana, Viseu, Santarém e Évora por exemplo. Com os resultados da emigração é provável que seja o segundo grupo parlamentar o que é notável para um partido que em 2019 elegeu um deputado, em 2022 elegeu doze e o ano passado cinquenta. As suas principais bandeiras - segurança, imigração, luta contra a corrupção e ciganos- continuam a merecer uma resposta positiva dos eleitores sinal que esses problemas não estão resolvidos.
IL: Cresceu 18.000 votos e elegeu mais um deputado mas ficou aquém dos objectivos e transmite a imagem de alguma estagnação. É um pequeno vencedor da noite eleitoral mas o seu eventual contributo para um governo de maioria não será suficiente. 
Livre: Cresceu dois deputados e 50.000 votos e à esquerda é o único com razões para alguma satisfação. Ajudou a aniquilar o BE, sozinho tem tantos deputados como PCP, BE, PAN e JPP juntos mas para lá dos seus discursos delirantes e desligados da realidade pouco mais poderá fazer num parlamento em que a esquerda é mais que minoritária.
CDU: Perdeu 20.000 votos e um deputado, tem o menor grupo parlamentar de sempre, continua no rumo da extinção mas como de costume fez de conta que não perrcebeu nada a avaliar pelo discurso de ontem á noite.
BE: A seguir ao PS é o grande derrotado da noite. Perdeu 150.000 votos, quatro dos cinco deputados e viu o Livre ocupar o espaço que desde 1999 vinha sendo o seu. Também caminha para a extinção mas a avaliar pelo discurso alucinado da sua líder também não percebeu o resultado de ontem. Ao contrario da CDU que percebeu mas faz de conta que não o BE não percebeu mesmo!
PAN: Perdeu 37.000 votos mas conservou a reprssentação parlamentar mais uma vez "in extremis". Nunca serviu para nada e assim vai continuar a ser.
JPP: Teve 20.000 votos no país, onde concorreu apenas em meia duzia de circulos, e elegeu um deputado. É uma das originalidades do nosso sistema eleitoral mas as regras são assim para todos desde sempre. Na noite eleitoral o eleito disse que com eles no parlamento nada ficaria como dantes o que parece indiciar que se uns não perceberam o resultado eleitoral estes não percebem o que é o parlamento nacional.
Algumas notas finais que posteriormente talvez mereçam textos próprios.
Os resultados eleitorais permitem que centro e direita tenham mais dos dois terços necessários a fazer uma revisão constitucional. É uma oportunidade imperdível de modernizar a constituição em vários aspectos e varrer para o caixote do lixo da História aquele preambulo do "rumo ao socialismo".
Sendo desejável, mas não indispensável, que para lá dos dois terços garantidos também o PS seja parceiro activo dessa revisão.
Não foi apenas a esquerda e a extrema esquerda que perderam. Ana Gomes, Daniel Oliveira, Pedro Marques Lopes, Anabela Neves, Miguel Prata Roque, Paulo Baldaia, Margarida Davim, Mafalda Anjos, entre outros que disfarçados de comentadores não passaram de comissãrios políticos dos seus partidos também foram amplamente derrotados. Uma boa oportunidade para as televisões arejarem os seus espaços de comentário.
O actual sistema eleitoral está gasto em vários aspectos sendo o mais grave as centenas de milhares de votos perdidos porque não elegem deputados dando a muitos eleitores a noção real de que os seus votos para pouco ou nada servem. A revisão constitucional poderá ser uma boa altura de o rever.
Não gosto, de há muito, do modelo das noites eleitorais nas sedes partidárias. Em que depois dos líderes discursarem os jornalistas tem de fazer as perguntas do meio dos apoiantes sujeitos a vaias e pressões. Seria desejável que no futuro houvesse outro modelo que garantisse que as conferências de imprensa fossem apenas para a imprensa.
Em suma os dados estão lançados e o novo mapa político do país é este.
Centro e direita claramente maioritários (156 deputados) e esquerda extrema esquerda reduzidos a uma posição subalterna (70, aqui incluindo o JPP face ao que tem sido o seu posicionamento na Madeira) a que não estavam nada habituados.
Mas como diria um dos responsáveis deste declinio da esquerda, por mais que lá longe assobie para o ar, "habituem-se" !
Os resultados dos circulos da emigraçao em pouco alterarão este panorama aritmético mas decidirão, e essa não é questão menor, se o segundo maior grupo parlamentar é o do Chega ou o do PS.
Ou seja se o líder da oposição será André Ventura ou o novo secretário geral  socialista.
Dia 28 de saberá.
Depois Falamos.

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