segunda-feira, março 18, 2024

O Camarada

O camarada Paulo Raimundo anda aborrecido.
Com as eleições e com o resultado delas.
Com as eleições porque não gosta nada desta maçada de eleições livres e democráticas em que o povo exprime a sua vontade e o resultado varia de eleição para eleição ora ganhando o PSD ora o PS mas nunca o PCP.
Gosta mais de eleições "à Putin" em que seis meses antes de se votar já se sabe quem ganhou!
Mas também aborrecido anda com o resultado delas.
Porque confirmando uma tendência irreversível o PCP continua o seu caminho rumo à mais absoluta irrelevância (em bom rigor até já lá chegou) e a extrema esquerda toda junta teve pouco mais de metade dos votos do Chega.
Porque deixou de ter deputados eleitos no Alentejo pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1975 e viu o por eles odiado partido da direita radical apanhar-lhe uma grande fatia do seu eleitorado no sul do país.
Porque o seu resultado eleitoral em termos de eleitos é igual ao do Livre que é um partido de um homem e de uma vasta dose de lirismo dirigido apenas ao objectivo de ser adoptado pelo PS numa muito futura geringonça.
E por isso o camarada Paulo Raimundo está muito aborrecido.
E não encontrou melhor forma de dar vazão ao aborrecimento do que desatar a fazer pequenos (os grandes já foi tempo...) comícios do PCP vociferando ferozmente contra as decisões do tal povo que diz defender e anunciando uma moção de rejeição ao programa de governo (não há ainda governo quanto mais programa mas já há moção de rejeição...) sem sequer ter o bom senso de perceber que face à diminuta expressão do grupo parlamentar do seu partido vai cair no mais completo ridículo.
Mas o camarada está convencido que quanto mais alto berrar e quanto mais barulho fizer melhor disfarça a hecatombe eleitoral de que é o rosto primeiro e por isso aí está ele a querer arrastar os outros partidos para o apoio à sua patética moção de rejeição.
Que defende com uma linguagem, um radicalismo e uns conceitos que passaram de moda há quase cinquenta anos mas isso pouco lhe importa porque no seu frenesim o camarada deve julgar-se um líder de massas sem massas mas com a demagogia de sempre.
Está a fazer uma triste figura.
A figura de alguém que nem um Álvaro Cunhal (e sem comparação possivel em termos políticos, culturais, de inteligência e carisma) fora de prazo consegue ser mas apenas, e quando muito, um Carlos Carvalhas recauchutado para pior e que tem como triste destino ser aquele  que vai fechar a porta depois de não restar mais ninguém.
Depois Falamos.

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