É sabido que na mais antiga e mais profunda de todas as rivalidades do nosso desporto, a existente entre Vitória e Braga, de há uns anos a esta parte que os adeptos de ambas as equipas resolveram denominar os seus congéneres da outra equipa pelos simpáticas alcunhas de "marroquinos" e "espanhóis".
Os vitorianos chama marroquinos aos bracarenses enquanto estes retribuem chamando-lhes espanhóis.
É uma questão privada , entre Vitória e Braga, que depois alguns "macacos de imitação" (nomeadamente um da zona centro que joga agora com as equipas B dos dois clubes) resolveram imitar nem sequer percebendo o que estava na origem das alcunhas.
Macaquices em suma.
Pela parte que me toca, enquanto vitoriano, devo dizer que interpreto essa alcunha de "espanhóis" como um verdadeiro elogio que traduz bem a admiração que os adeptos do clube de Trás Morreira tem pelo Vitória e o sonho escondido desde sempre de um dia o clube deles ser como o nosso.
Porque ao chamarem-nos espanhóis estão a reconhecer implicitamente que o Vitória devia jogar num campeonato de outra dimensão, com grande equipas mundiais como o Barcelona e o Real Madrid, num campeonato de estádios cheios, com verdade desportiva, repartição justa de direitos televisivos e em que ninguém oferece bilhetes na compra de grades de cerveja para não terem os estádios às moscas.
E naturalmente um campeonato em que cada clube é o preferido da sua terra por mais simpatizantes que lá existam dos dois grandes clubes referidos.
Também acho isso.
Que o Vitória devia jogar no campeonato de Espanha onde encontraria adversários à sua dimensão, onde os seus adeptos teriam em todos os jogos adeptos de outros clubes que os estimulassem a serem ainda melhores em vez de ganharem por "goleada" em todos os estádios onde se deslocam, onde não teríamos a APAF e os VAR a aldrabarem todas as semanas os resultados de alguns jogos.
Dir-me-ão, e estou de acordo, que o actual Vitória teria imensas dificuldades no campeonato de Espanha e seria candidato a lutar apenas pela não despromoção.
É verdade.
Mas isso é um problema que os vitorianos a seu tempo resolverão e que uma vez resolvido permitirá ao Vitória outras ambições e outros objectivos.
Termos de jogar neste caricatura de campeonato, como é o português, é que infelizmente não está ao nosso alcance resolver.
E por isso temos de aturar marroquinos e outros "espécimes" (há quem lhes chame estarolas) sem os quais passávamos muito bem.
Depois Falamos.
9 comentários:
Mais uma leitura deturpada da realidade. A história é simples.
Nos anos 90, o VSC terá sido prejudicado num jogo para o campeonato de futebol. Os adeptos, furiosos, destruíram o carro do árbitro. Na jornada seguinte o clube jogou em casa emprestada – em Braga justamente. Um cartaz acompanhava os vitorianos: "Para sermos tratados assim, mais vale sermos espanhóis." O "descuido" foi adaptado de imediato. Os vimaranenses, tão fervorosos pela pátria, passavam a ser "os espanhóis". Meses depois, a retaliação contrariava a ordem geográfica: os bracarenses passavam a ser os "marroquinos".
Caro jj:
Os adeptos do Vitória nunca destruíram carros a árbitros nos anos 90.
De resto não contei a razão porque a uns se chamam "espanhóis" e a outros "marroquinos" por uma questão de delicadeza para com os adeptos do Braga.
Limitei-me a constatar a admiração oculta de muito bracarenses pelo Vitória e pela sua grandeza.
Acho que há aí mais um equivoco. Não há indelicadeza nenhuma em nos chamarem marroquinos. Interpreto isso como uma "piada", pois todos os povos/países são dignos. Genericamente, não nutrimos, cá por Braga, qualquer admiração, oculta ou explícita, pelo VSC. Eu diria que, antes pelo contrário, não nos revemos em muitas das v. práticas.
E não há qualquer leitura possível do termo "espanhol" querer significar que achamos que o VSC deveria jogar no campeonato espanhol, em que, pelo que vejo, alguns de vocês gostariam que o v. clube competisse. O termo "espanhol" tem origem precisamente na história que contei, nada mais que isso... tudo o resto são fantasias!
Caro jj:
Eu sei que não se revêem nalgumas das nossas práticas.
Como por exemplo enchermos o estádio sozinhos ou fora de casa em minoria sermos os únicos que somos ouvidos. Ou até, sacrilégio dos sacrilégios,fazermos com que em Guimarães qualquer um dos chamados "grandes" seja pequenote. São práticas que não estão ao vosso alcance e portanto é como a raposa perante as uvas a que não chega.
Quanto à admiração oculta atente bem nalgumas declarações de um tal António Salvador que penso que conhece.
De resto assumo que gostava que o Vitória jogasse em La Liga. Esse sim é um campeonato à nossa dimensão e permitiria vermos-nos livres das vergonhosas competições que por cá se disputam. De resto creio que até o Braga tem muitas razões de queixa do que por cá se passa.
O Vitória pode durar mais mil anos que nunca terá um troféu EUROPEU , e eventualmente nenhuma geração de Vitorianos irá ver o aeu clube numa final Europeia!
Pode desvalorizar como quiser, agora?
CONTRA FACTOS NÃO HÁ ARGUMENTOS.
Caro Paulo Azevedo:
Vou dar-lhe um conselho: Deixe-se de imitações do bruxo de Fafe. O original é sempre melhor que a cópia.
A rivalidade entre Vitória e Braga: a culpa é de D. Henrique.
Pois é. Tem séculos este ódio de estimação entre Guimarães e Braga. Bem se pode dizer que é anterior à fundação de Portugal; começou por ser uma batalha religiosa e hoje é o que se sabe.
A rivalidade entre o V. Guimarães e o Braga que hoje aquece o nosso futebol tem uma origem longínqua, quando os ingleses ainda estavam longe de inventar este jogo tão apaixonante que é o futebol. Na realidade, bem podemos usar a expressão popular e dizer que esta rivalidade é mais velha do que a Sé de Braga, porque o é realmente. Ainda a mais velha Sé estava em obras e já as duas cidades estavam em conflito. Começou tudo por ser uma luta religiosa, que muito mais tarde se estendeu à política (hoje, as duas cidades pertencem a regiões de turismo diferentes, por exemplo) e, mais recentemente, ao futebol. É secular. D. Henrique, que fundou o Condado Portucalense, foi quem, inocentemente, abriu esta guerra eterna. O pai de D. Afonso Henriques estabeleceu-se em Guimarães e começou a beneficiar os locais com direitos vários, para grande contrariedade e irritação do arcebispo de Braga, D. Estêvão Soares. Segundo Miguel Bandeira, geógrafo, a Carta do Condado delimitava o couto de Braga, separando desde cedo o senhorio eclesiástico (com justiça e impostos próprios) do condal. "Era um Vaticano, uma cidade-estado." O arcebispo de Braga queixou-se ao Papa Inocêncio III por causa das regalias que tinham sido concedidas ao cabido de Guimarães. A Concordata de 1216 vexava os vimaranenses, que, danados, queimaram celeiros, pomares e matas. Foram por isso excomungados.
A rivalidade, pode-se dizer, está-lhes no sangue. Claro que para muitos habitantes das duas cidades, esta história não está presente quando se fala das rivalidades; os tempos evoluíram e a rivalidade passou para outros sectores da vida, como a política ou, como não podia deixar de ser, o futebol. Há jogos entre os dois que acabaram muito mal e estes dérbis, como o que se vai jogar depois de amanhã, são sempre alvo de uma segurança apertada, que não impede, contudo, as provocações e, às vezes, os tumultos. Também nunca foram vistas com bons olhos pelos adeptos as aproximações entre as Direções dos dois clubes: quem é braguista não tolera essa paz, quem é vimaranense não gosta de as ver aos sorrisos.
É assim entre espanhóis (os de Guimarães) e marroquinos (os de Braga). Há quem garanta que estes batismos vêm de há muitos e muitos anos, mas também há quem afirme que tudo nasceu na sequência de um jogo de futebol em 1976, em Guimarães. Jogava-se o apuramento para uma competição europeia, o V. Guimarães "foi roubado" e perdeu. A coisa ficou feia e os adeptos vimaranenses queimaram o carro do árbitro (António Garrido). Na semana seguinte, o V. Guimarães defrontou o Boavista no Estádio das Antas, na final da Taça de Portugal (uma das cinco que foram jogadas fora do Jamor). Os adeptos vimaranenses exibiram uma tarja onde se lia: "Para sermos tratados assim, é melhor irmos jogar para Espanha". Os braguistas aproveitaram a deixa e passaram a chamar espanhóis aos vizinhos e rivais, que trataram logo de contra-atacar, batizando-os de marroquinos. Nas conversas de café, entre amigos, é assim que se referem uns aos outros: espanhóis e marroquinos. São nomes que entram também nas batalhas de provocações, transferidas nos nossos dias dos cafés para as redes sociais, onde é fértil a troca de insultos.
Há, no entanto, algo que une os adeptos de V. Guimarães e Braga: o amor fervoroso aos respetivos clubes. Nisso, nenhum pode dizer que é melhor do que o outro...
Caro Anónimo:
Gostei muito do seu comentário com o qual me é fácil estar de acordo.
É uma visão que defendo de há muito essa que a rivalidade entre Vitória e Braga é milenar e por isso os jogos entre os dois clubes o derbi mais antigo de Portugal. Que começou em D.Henrique, de facto, e depois ao longo dos séculos assumiu várias expressões sendo que nos ultimos cem anos se manifestou essencialmente pela rivalidade entre os dois clubes.
Gostei
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