O que há de mais normal, e desejável, em democracia é a alternância democrática que permite “refrescar” os orgãos do poder, fazer emergir novos protagonistas e alcandorar à governação diferentes áreas políticas que correspondem a diferentes segmentos sociais.
Por isso em democracia se realizam periodicamente eleições.
E a cada momento o povo, dentro de uma sabedoria e uma legitimidade inquestionáveis, faz as opções que entende melhores para o seu futuro.
Num país democrático como o nosso é desde 1974 a realização de eleições tornou-se algo de absolutamente comum e os cidadãos estão perfeitamente habituados a de cinco em cinco anos elegerem o seu presidente da república e de quatro em quatro o seu parlamento (do qual emana o governo) e as suas autarquias locais na tripla vertente de executivo camarário, assembleia municipal e assembleia de freguesia.
E por isso os cidadãos no final de cada mandato fazem uma avaliação critica de forma como o poder foi exercido, das expectativas que foram cumpridas e do impacto que esse período de governação teve nas suas vidas e depois em consciência ou renovam o mandato a quem entendem merecer ou votam numa alternativa se entenderem que é tempo de mudar.
É assim que deve ser sempre.
Naturalmente que a apreciação popular tem sempre os seus contornos subjectivos e por isso de quando em vez assiste-se a renovação de mandatos quando se esperava alternância e encontra-se alternância onde tudo parecia apontar para a renovação dos mandatos.
Nunca será demais recordar que Winston Churchill, quiçá o maior político do século XX, perdeu as eleições depois de ganhar a guerra provavelmente porque o povo inglês terá entendido que sendo ele a pessoa mais indicada para conduzir o país nos dificílimos tempos da segunda guerra mundial já não o seria para o tempo de paz e reconstrução.
Ainda hoje pode parece ruma enorme injustiça (e se calhar...foi) mas o povo tem as suas razões e há que as aceitar.
Compreendo, até porque no meu partido já festejei muitas vitórias mas também lamentei bastantes derrotas, que a alternância democrática é algo que agrada de sobremaneira a quem está na oposição mas de forma alguma a quem está no poder e se vê desapossado dele.
E por isso em tempo de eleições, nomeadamente quando a hora das decisões se aproxima, se assiste a um redobrar de esforços das partes em contenda umas no sentido de provarem que merecem continuar e outras procurando convencer os eleitores de que é tempo de mudarem de governação e permitirem que outros exerçam o poder.
Claro que quando o exercício do poder se prolonga por muito tempo, como acontece com alguma frequência nas autarquias, e a expectativa de resultados aponta para um equilíbrio ao fim de muitos anos de poder absoluto isso gera ânimo e motivação em quem está na oposição, porque vê a meta mais perto, mas em simultâneo provoca desespero em quem exerce o poder há tanto tempo que parece ter esquecido os princípios básicos da democracia e se julga eterno como nalgumas ditaduras sul americanas e não só.
O que leva aos excessos.
Aos ataques pessoais descabelados,às tentativas de condicionar a comunicação social cerceando a liberdade de a oposição se exprimir, à publicação de notícias falsas que visam salvar a face de um poder periclitante, à “compra “ despudorada através dos meios financeiros ao seu dispor de fidelidades e apoios.
Quando não à utilização, quando o desespero já é muito, de snipers desajeitados que não sabendo por onde se carrega e por onde se dispara a arma ficam admirados quando as balas lhes esbarram na testa!
Ou de sondagens fantasiosas encomendadas por uns, pagas por outros e divulgadas por terceiros para se tentarem convencer a eles próprios de algo que o dia a dia se encarrega de demonstrar não ser bem assim.
São os chamados penosos fins de ciclo.
Em que um poder já gasto, já velho, já cansado e incapaz de gerar novas ideias e novos entusiasmos faz uma via sacra de maledicência, de ataques às ideias dos adversários, de cópia dos projectos da oposição para esconder a sua própria falta de ideias, de projectos e de razões para merecer do povo a renovação dos seus mandatos.
E quanto mais anos se arrasta o poder, quanto mais anquilosado fica, quando muitas vezes os protagonistas iniciais e responsáveis por muitos desses anos de poder eles próprios se cansam e afastam então os vícios e más práticas atrás referenciados intensificam-se porque as cópias sabem que nunca são tão eficazes, populares e carismáticas como os originais.
Uma coisa é certa e nela reside a confiança e a tranquilidade proporcionadas pela democracia:
A última palavra é do povo.
Que no sigilo e liberdade da cabine de voto decide a cada momento o que considera melhor para a sua freguesia, para a sua câmara ou para o seu país e vota em consonância com isso entregando os mandatos a quem considera merecê-los.
E quando assim é nada a opor.
2 comentários:
Caro Cirilo:
As suas reflexões são pertinentes, mas o 'povinho' está a ficar sem esperança. As trafulhadas são diárias; o desrespeito total; e há quem se considere o Dono Disto Tudo e tente pelo insulto, e até agressão afastar, os concidadãos do exercício da cidadania. Todos sabemos o que acontece quando o 'povo' diz basta!, ou heil!
Pois é, nada de digno.
Quanto às sondagens: por aqui na Mouraria, parece que as ditas estavam melhores do que vai ser a realidade... Nem quando houve 2 listas: a do Carmona e a do Negrão a 'coisa' foi tão feia. Mas os responsáveis são os mesmos, ah se são!
Cara il:
Está na mão do povo por travão ao mau caminho.
Mas acho que anda muita gente iludida com demagogias diversas.
Acho que por aí o resultado vai ser mesmo muito mau. Nunca vi campanha tão fraca
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