quinta-feira, outubro 11, 2012

Arbitrar

Não há tarefa mais difícil , no futebol, do que ser árbitro.
Especialmente nos países latinos onde o futebol é vivido com os nervos á flor da pele e as emoções se sobrepõe com enorme facilidade á razão e ao discernimento.
Com a especial agravante de nesses países, e Portugal é exemplar(neste caso no mau sentido) na matéria, existir uma enorme cultura de desresponsabilização dos outros intervenientes do jogo e de culpabilização do árbitro por todos os insucessos desportivos.
No nosso país é realmente difícil ser árbitro.
Nos escalões inferiores e na formação muito por força das péssimas condições, especialmente de segurança, a que se encontram sujeitos em muitos recintos a que se junta a tradicional incompreensão dos espectadores perante decisões de que discordam (e quantos desses espectadores nem as leis do futebol conhecem...) e que entendem lesaro clube a que são afectos.
Nas Ligas profissionais, especialmente na 1ª liga, a segurança (e as restantes condições como é óbvio)é muitissimo superior mas em contrapartida existe tudo  o"resto" a condicionar as suas actuações.
E esse "resto" é muito.
Desde as pressões dos dirigentes que por vezes se afiguram como autêntica coacção aos comentários dos críticos de arbitragem(alguns ex árbitros e bem piores no seu tempo...) passando pelos comentadores televisivos e por alguns jornalistas que comentam jogos com lentes de contacto azuis, vermelhas ou verdes.
Quero com isto dizer que os árbitros não cometem erros?
Não.
Cometem erros, é claro, com diferentes graus de gravidade.
Tal como os guarda redes dão "frangos", os defesas falham cortes, os médios erram passes e os avançados falham golos.
Tal como os treinadores se enganam na táctica ou nas substituições.
Tal como os dirigentes se enganam nas contratações, se excedem nos comentários ou se mostram incapazes de verem a floresta para além da sua árvore.
Errar é humano.
E os árbitros são seres humanos sujeitos ao erro.
E tal como todos os outros agentes do futebol(jogadores,treinadores e dirigentes) não são todos iguais.
Há-os muito bons, bons, razoáveis,fracos e maus.
E por isso, precisamente para permitir algum equilíbrio, o desejável seria que todos os outros intervenientes no espectáculo futebol, público incluído,  assumissem uma cultura de responsabilidade  e de justiça na avaliação do trabalho tão difícil dos árbitros.
Que não dispõe de câmara lenta para verem e reverem os lances, que tem de decidir em fracções de segundo, que fruto da evolução do futebol são sujeitos a uma exigência física cada vez maior.
Se dirigentes e treinadores se desculpabilizarem menos atirando para cima do árbitro com o ónus dos seus próprios erros, se os jogadores se preocuparem mais em jogar e menos em simular falta e lesões, se o público se concentrar em apoiar a sua equipa em vez de vaiar por tudo e por nada o árbitro creio que as próprias arbitragens melhorarão.
Porque libertos dessa pressão inaceitável os árbitros portugueses poderão rubricar em Portugal exibições ao nível das que muitos deles efectuam em jogos internacionais.
Excelentes.
Depois Falamos

2 comentários:

Anónimo disse...

Existem duas soluções futuristicas para esse problema: uma é o Arbitro robot, um supercomputador com capacidade quase infinita de analisar ao milímetro cada lance.
A outra é absolutamente possível de realizar nos dias de hoje mas é completamente contra-natura: os jogos eram realizados em campos de futebol simples, sem bancadas onde apenas as 3 equipas participavam e eram filmados para posterior exibição em grandes recintos que podiam ser os tradicionais estádios repletos de écrans no seu meio ou em salas de cinema e na televisão!

Ambas as hipóteses são exageradas e por isso a alternativa é a que expôs: todos contribuírem para um melhor trabalho do arbitro, mas eu acrescentava a ajuda de meios áudio visuais nos mesmos moldes da que é realizada na NFL americana,

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
creio que é inevitável o futebol recorrer aos meios audiovisuais em casos muito especificos.
eu defendo dois: a bola ultrapassar ou não a linha de baliza e as agressões que o trio de arbitragem não veja. Mais do que isso é desvirtuar o futebol