Foto: www.vitoriasc.pt
Publiquei, hoje,este artigo no Correio do Minho
O Vitória ganhou brilhantemente a Taça de Portugal de voleibol batendo na final o seu crónico adversário o Sporting de Espinho.
Jogo emocionante, milhares de pessoas no pavilhão da Póvoa de Varzim, transmitido pela televisão para todo o país no que constituiu uma excelente propaganda para a modalidade.
Curiosamente, ainda existem modalidades “democráticas”, nenhum dos chamados grandes estava presente no jogo derradeiro.
Este título vem juntar-se ao de campeão nacional obtido na temporada passada e com francas probabilidades de vir a ser renovada nesta e á Taça de Portugal de basquetebol conquistada de forma absolutamente surpreendente na temporada passada.
Em dois anos apenas o Vitória conquistou três títulos nacionais em duas modalidades de primeiro plano como o são o basquetebol e o voleibol.
No futebol, em 87 anos de História, apenas uma Supertaça.
E estes triunfos, festejados nos pavilhões e nas ruas de Guimarães por milhares de vitorianos, reabrem a velha polémica sobre o ecletismo nos clubes em que o futebol é rei e senhor.
Todos sabemos, e esta é uma curiosidade que as gerações mais novas ás vezes não dominam, que os chamados grandes construíram muito do seu prestigio e dimensão nacional precisamente com base no ecletismo e nas modalidades amadoras e não no futebol.
Pelo menos o futebol não tinha o peso que tem hoje.
Ao ponto de nos respectivos emblemas não constar nenhuma bola de futebol mas sim outros símbolos:
Uma bola de basquetebol no símbolo do FCP e uma roda de bicicleta no do SLB.
Fenómeno que se repete, aliás, noutros clubes como Leixões, Setúbal ou Marítimo.
Enquanto outros, como Vitória, Braga, Gil Vicente, Académica, Belenenses ou Sporting nem nos emblemas tem nada relacionado com desporto quanto mais futebol.
E o peso desse ecletismo, essencialmente do ciclismo, fez-se sentir porque?
Muito simples.
Nos anos anteriores ao advento da televisão, e em que a imprensa escrita não era nada do que é hoje, a possibilidade que as pessoas fora dos grandes centros tinham de ver as camisolas do trio referido era precisamente nas provas de ciclismo nomeadamente na Volta a Portugal em bicicleta.
E nos grandes e épicos duelos entre José Maria Nicolau e Alfredo Trindade, os expoentes máximos de Benfica e Sporting, nessa modalidade única que leva os atletas a passarem á porta de casa das pessoas.
E foi assim que o trio foi ganhando dimensão nacional.
À boleia do ciclismo que depois as competições futebolísticas consolidaram.
Com o andar dos tempos, e o aparecimento do profissionalismo encapotado nas modalidades ditas amadoras com ordenados ao nível do que se pagava no futebol, os principais clubes foram sendo obrigados a fechar a porta de algumas secções porque manifestamente não gerando receitas compatíveis com as despesas acabava por ser o futebol a pagar tudo.
E assim andebol, basquetebol, voleibol, hóquei em patins e essencialmente ciclismo foram vendo desaparecer dos seus quadros competitivos alguns dos principais clubes portugueses.
Foi a oportunidade de aparecerem outros.
Nalguns casos dedicados especificamente a uma modalidade de que o melhor exemplo, e mais bem sucedido, é o ABC no andebol.
Noutros, como o Vitória, clubes que estavam no patamar abaixo dos grandes e que em modalidades especificas foram construindo sucessos e ganhando títulos.
Para mim, conhecendo bem a realidade vitoriana, não tenho dúvida que modalidades como o voleibol e o basquetebol são essenciais numa estratégia de crescimento do clube e da sua expansão para uma realidade nacional.
Porque motivam os sócios, dão-lhes alegrias que vão disfarçando as intermitências do futebol, e ganham títulos.
E nenhum clube pode ser grande sem ganhar títulos.
Porque só eles lhe dão uma dimensão nacional.
BOLA CHEIA
Liverpool e Chelsea
Terça-feira estes dois clubes ingleses presentearam o mundo com aquilo que o futebol tem de melhor.
Golos, espectáculo, emoção, incerteza no resultado e na eliminatória.
Futebol no estado puro.
BOLA VAZIA
Sporting e Benfica
Os tristes espectáculos proporcionados nos últimos dias por dirigentes e ex dirigentes destes dois clubes ajudam a explicar porque razão o FCP se passeia no futebol português.
Como é que um clube de casa arrumada, e onde há quem mande, não havia de ser superior a dois clubes polvilhados de divergências internas?
Jogo emocionante, milhares de pessoas no pavilhão da Póvoa de Varzim, transmitido pela televisão para todo o país no que constituiu uma excelente propaganda para a modalidade.
Curiosamente, ainda existem modalidades “democráticas”, nenhum dos chamados grandes estava presente no jogo derradeiro.
Este título vem juntar-se ao de campeão nacional obtido na temporada passada e com francas probabilidades de vir a ser renovada nesta e á Taça de Portugal de basquetebol conquistada de forma absolutamente surpreendente na temporada passada.
Em dois anos apenas o Vitória conquistou três títulos nacionais em duas modalidades de primeiro plano como o são o basquetebol e o voleibol.
No futebol, em 87 anos de História, apenas uma Supertaça.
E estes triunfos, festejados nos pavilhões e nas ruas de Guimarães por milhares de vitorianos, reabrem a velha polémica sobre o ecletismo nos clubes em que o futebol é rei e senhor.
Todos sabemos, e esta é uma curiosidade que as gerações mais novas ás vezes não dominam, que os chamados grandes construíram muito do seu prestigio e dimensão nacional precisamente com base no ecletismo e nas modalidades amadoras e não no futebol.
Pelo menos o futebol não tinha o peso que tem hoje.
Ao ponto de nos respectivos emblemas não constar nenhuma bola de futebol mas sim outros símbolos:
Uma bola de basquetebol no símbolo do FCP e uma roda de bicicleta no do SLB.
Fenómeno que se repete, aliás, noutros clubes como Leixões, Setúbal ou Marítimo.
Enquanto outros, como Vitória, Braga, Gil Vicente, Académica, Belenenses ou Sporting nem nos emblemas tem nada relacionado com desporto quanto mais futebol.
E o peso desse ecletismo, essencialmente do ciclismo, fez-se sentir porque?
Muito simples.
Nos anos anteriores ao advento da televisão, e em que a imprensa escrita não era nada do que é hoje, a possibilidade que as pessoas fora dos grandes centros tinham de ver as camisolas do trio referido era precisamente nas provas de ciclismo nomeadamente na Volta a Portugal em bicicleta.
E nos grandes e épicos duelos entre José Maria Nicolau e Alfredo Trindade, os expoentes máximos de Benfica e Sporting, nessa modalidade única que leva os atletas a passarem á porta de casa das pessoas.
E foi assim que o trio foi ganhando dimensão nacional.
À boleia do ciclismo que depois as competições futebolísticas consolidaram.
Com o andar dos tempos, e o aparecimento do profissionalismo encapotado nas modalidades ditas amadoras com ordenados ao nível do que se pagava no futebol, os principais clubes foram sendo obrigados a fechar a porta de algumas secções porque manifestamente não gerando receitas compatíveis com as despesas acabava por ser o futebol a pagar tudo.
E assim andebol, basquetebol, voleibol, hóquei em patins e essencialmente ciclismo foram vendo desaparecer dos seus quadros competitivos alguns dos principais clubes portugueses.
Foi a oportunidade de aparecerem outros.
Nalguns casos dedicados especificamente a uma modalidade de que o melhor exemplo, e mais bem sucedido, é o ABC no andebol.
Noutros, como o Vitória, clubes que estavam no patamar abaixo dos grandes e que em modalidades especificas foram construindo sucessos e ganhando títulos.
Para mim, conhecendo bem a realidade vitoriana, não tenho dúvida que modalidades como o voleibol e o basquetebol são essenciais numa estratégia de crescimento do clube e da sua expansão para uma realidade nacional.
Porque motivam os sócios, dão-lhes alegrias que vão disfarçando as intermitências do futebol, e ganham títulos.
E nenhum clube pode ser grande sem ganhar títulos.
Porque só eles lhe dão uma dimensão nacional.
BOLA CHEIA
Liverpool e Chelsea
Terça-feira estes dois clubes ingleses presentearam o mundo com aquilo que o futebol tem de melhor.
Golos, espectáculo, emoção, incerteza no resultado e na eliminatória.
Futebol no estado puro.
BOLA VAZIA
Sporting e Benfica
Os tristes espectáculos proporcionados nos últimos dias por dirigentes e ex dirigentes destes dois clubes ajudam a explicar porque razão o FCP se passeia no futebol português.
Como é que um clube de casa arrumada, e onde há quem mande, não havia de ser superior a dois clubes polvilhados de divergências internas?
8 comentários:
Boa análise, sim senhor, embora seja discutível que o Vitória pretenda uma dimensão nacional.
Este artigo fez-me lembrar as capas do jornal "a bola" de há 30 anos. Nessa altura ainda se podiam ver 1ªs páginas totalmente dedicadas ao hóquei em patins, ou, principalmente, ao ciclismo, na altura da Volta à França e da volta a Portugal.
É um facto que o futebol, apesar de tudo (até era conotado com o antigo regime), nunca teve a esmagadora preponderância de hoje em dia.
Sinais dos tempos...
Mas apesar do tal peso do futebol, acho que é estrategicamente correcto apostar nas modalidades. Porque proporcionam desporto aos jovens, porque dão visibilidade ao clube e porque o futebol, tal como está, não é viável, e pode vir a sofrer um colapso motivado pelos demasiados interesses que desvirtuam a verdade desportiva.
Caro cm:
Tocou num ponto importante que são as primeiras paginas dos jornais completamente "futebolizadas".
Até em dia de vitória olimpica do Nélson Évora.
Que dão bem a noçao do jornalismo que por cá se faz e do atraso cultural que faz do futebol tema central de quase tudo neste país.
Onde o presidente de um clube (um dos três entenda-se) tem muito mais mediatismo que qualquer governante.
As modalidades amadoras,para além de tudo o mais que implicam,podem também ser uma forma de equilibrar as coisas.
Infelizmente não são só os de Lisboa que se vão entretendo com as quezilias internas.
Ai Vitória meu Vitória...
Quem te viu e quem te vê...
Não vai demorar muito e temos que aumentar a capacidade do pavilhão do VSC já que no volei ganhamos titulos, enquanto no futebol, ganhamos apenas desilusões.
Caro Jose Alves:
No Vitória nem quezilias existem.
Pelo menos que mereçam essa qualificação.
Apenas uns arrufos...
Caro Diogo:
Temos sempre o Multiusos...
As modalidades sempre tiveram espaço em Guimarães, e público no apoio. Desde o tempo do CAR, foi quase sempre a abrir...
O Vitória podia ser actualmente uma verdadeira potência no Volei feminino, nos títulos e nas escolas de formaão, mas alguem não quis ou não soube reconhecer esse valor! Por isso, apoiemos todos os desportos de Guimaães, independentemente do clube que o pratica.
(Mais uma boa crónica de Luis Cirilo)
Caro Anónimo:
É verdade o que diz.
Em Guimarães existe um verdadeiro, e antigo,gosto pelo desporto em geral.
E modalidades há que sempre tiveram grande tradição.
Especialmente andebol e voleibol.
Mas também,noutros tempos,o hóquei em patins.
Por isto ou por aquilo nunca houve uma aposta consequente em termos de durabilidade de molde a termos em Guimarães equipas liders em termos nacionais.
Temos agora o voleibol.
Podemos,embora vá demorar mais,ter o basquetebol.
E o andebol,que sempre considerei a segunda modalidade de Guimarães,tem no DFH um percurso de grande mérito.
que espero ainda venha a trazer mais titulos para Guimarães.
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