
Causaram alguma polémica, muito em especial juntos dos apoiantes da candidatura presidencial de Luís Marques Mendes, estas declarações de Pedro Santana Lopes em que este recorda factos que embora de um passado já algo distante nem por isso deixaram de ser factos.
Que são fáceis de elencar.
Em 2001 Pedro Santana Lopes (PSL) ganhou pela primeira vez a Câmara de Lisboa para o PSD.
Convém recordar que ao tempo era, como hoje é, presidente da câmara da Figueira da Foz e trocou uma reeleição facílima por um combate muito difícil contra o presidente em funções, João Soares, e numa disputa em que no seu espaço também concorria Paulo Portas.
Venceu.
Depois aquando da ida de Durão Barroso para Bruxelas teve de assumir a chefia do governo e as coisas acabaram mal quando Jorge Sampaio sem motivo nem razão dissolveu o parlamento (abrindo caminho a José Sócrates, nunca se pode esquecer isso) o que levou PSL a regressar à câmara para cumprir o mandato.
Entretanto Luis Marques Mendes conquistou a liderança do PSD, vencendo por curta margem Luís Filipe Menezes no congresso de Pombal, e vetou a recandidatura de PSL à câmara de Lisboa por razões nunca explicadas. Talvez por não haver explicação lógica.
Simultânamente instituiu a famigerada regra de que arguidos em processos judiciais não podiam ser candidatos a municípios o que abrangeu os mediáticos Valentim Loureiro e Isaltino de Morais mas não PSL que não era arguido em coisa nenhuma!
E esta postura de Marques Mendes, de se arrogar o direito de fazer justiça antes dos tribunais, para lá de ser completamente desprezada pelos eleitores de Gondomar e Oeiras viria ainda a causar sérios e escusados transtornos ao PSD e ao país.
Vetado PSL a escolha de Marques Mendes foi Carmona Rodrigues, vice presidente de PSL e que dirigira a câmara enquanto este estava como primeiro ministro, mas passados sensivelmente dois anos dá-se o "Caso Bragaparques" e Carmona é constituido arguido.
Figura jurídica, convém recordar, que destina a proteger os direitos dos cidadãos e não a pré condená-los.
Pese embora a absoluta convicção com que Carmona Rodrigues afirmava a sua inocência e recusava demitir-se do cargo logo Marques Mendes exigiu a sua demissão, com base no ter sido constituído arguido nesse processo, pelo que face à recusa do autarca em fazê-lo ordenou aos restantes vereadores do PSD que se demitissem no que foram obviamente acompanhados pelos vereadores da oposição o que levou à queda do executivo.
Eleições antecipadas, derrota do PSD que levara 25 anos a ganhar a câmara de Lisboa e a perdera em apenas dois de liderança de Marques Mendes, e vitória do PS e de...António Costa que iniciou aí um caminho que o levaria à liderança do PS, ao governo através da geringonça e agora até à presidência do conselho europeu.
Tudo isto porque Marques Mendes vetara sem razão a recandidatura de PSL e obrigara Carmona Rodrigues à demissão em nome de princípios que podem dar muito jeito para construir uma imagem política supostamente transpirando ética mas são complestamente errados em nome da Justiça e do bom nome a qualquer cidadão tem direito.
Já para nem falar do princípio da presunção da inocência!
Resta recordar que a Justiça absolveu em várias instâncias Carmona Rodrigues de qualquer ilícito no "Caso Bragaparques"!
Pelo que as afirmações de Pedro Santana Lopes podem ser polémicas para aqueles a quem a memória neste caso não dá jeito mas são tão verdadeiras quanto factuais.
E quando assim é...
Depois Falamos.
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