segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Separar

A propósito do triunfo do Palmeiras na Taça Libertadores foram muitos os vitorianos que felicitaram Abel Ferreira mas também foram alguns os que se insurgiram contra essas felicitações porque Abel, enquanto jogador, se tinha transferido do Vitória para o Braga como se isso fosse algum crime hediondo.
Defendo desde há muito que a rivalidade, saudável e racional, se deve circunscrever aos adeptos, e ser expressa essencialmente nas bancadas no fervoroso apoio às equipas, porque no resto o futebol é um negócio em que cada clube e cada profissional procura o que é melhor para si.
Equivale isto a dizer que não acho nada de estranho que um profissional (jogador, treinador ou ate fisioterapeuta como o Francisco Miranda) se transfira do Vitória para o Braga ou do Braga para o Vitória ao sabor daquilo que entenda se rmelhor para si.
Temos o caso, por exemplo, do Manuel Cajuda que fez trabalho de relevo em ambos os clubes e é admirado por ambas as massas associativas sem reservas nem incómodos por ter trabalhado no clube rival.
Ou o caso paradigmático, noutro esfera, de Milan e Inter que tem uma rivalidade tremenda mas partilham estádio, espaços comerciais no mesmo e trocam de jogadores com alguma frequência quer por empréstimo quer por transferência.
Abel Ferreira jogou quatro anos no Vitória e no fim desse período, até porque tinha perdido espaço na equipa, resolveu ir para o Braga e fê-lo com naturalidade e sem margem para censura como aconteceu com outros face às atitudes que tomaram quando defrontavam o Vitória.
Aqui chegados há, contudo, que separar as águas.
Porque se é verdade que Abel foi correcto enquanto jogador, mesmo sendo hostilizado pelos vitorianos (como é normal no futebol) quando vinha jogar a Guimarães com a camisola do Braga e depois do Sporting é também verdade que o Abel como treindor foi muito deselegante e até provocador para com o Vitória quando cá veio como treinador do Braga e na conferência de imprensa se recusou a tratar o Vitória pelo nome referindo-se a ele sempre como "o adversário".
E isso não me impedindo de felicitá-lo enquanto treinador português que obteve uma importante vitória internacional faz também com que deseje que para o treinador Abel Ferreira o Vitória Sport Clube nunca seja mais do que o adversário.
E para bons entendedores não preciso de dizer mais nada!
Depois Falamos.

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