O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Confesso que não tenho tido muita vontade de escrever sobre a realidade vitoriana nestes últimos tempos.
E essa falta de vontade nada tem a ver, deixo claro desde já, com esta sequência de jogos menos bons da equipa A (e da B e dos sub 23...) porque já ando no futebol há tempo suficiente para saber que qualquer equipa, seja qual for o seu nível competitivo, não consegue jogar durante toda uma época ao mesmo nível pelo que as baixas de rendimento são perfeitamente inevitáveis.
Veja-se, a título de exemplo, o Atlético de Madrid que liderava a Liga com enorme vantagem e uma sequência de maus resultados encurtou substancialmente a diferença pontual para Real Madrid, Sevilha e Barcelona.
E por isso este Vitória que está na sua pior fase da época, com três empates e duas derrotas, vai certamente ultrapassar este período e voltar a uma sequência de bons resultados que o manterão na rota europeia através da conquista do quinto lugar que é o que lhe resta em termos de objectivos.
De resto, e sem pretender encontrar alibis (as coisas são o que são...) e menos ainda tirar responsabilidades a quem as tem, esta época do Vitória tem de ser vista de uma forma global e não apenas ao sabor circunstancial de alguns resultados.
Na constituição do plantel, não vamos agora discutir se bem se mal , a opção foi por dar saída a um conjunto de jogadores que vinham sendo o núcleo duro da equipa (Davidson, João Carlos Teixeira, Pedro Henrique, Frederico Venâncio, Douglas, Miguel Silva, Florent, Lucas Evangelista, Ola John, Pepê) a par dos já transferidos Tapsoba e Rafa Soares e do prometedor João Pedro, chegando para os seus lugares um conjunto de jovens denominados de "potros" para lá dos minimamente experientes Bruno Varela, Jorge Fernandes, Pepelu e dos muitos experientes Quaresma e Silvío.
Foi uma equipa profundamente remodelada, significativamente rejuvenescida e que por força disso, e das variadissimas "escolas" de que provinham os novos jogadores, já se sabia que ia demorar o seu tempo a entrosar-se e a atingir níveis competitivos compatíveis com as exigências classificativas ambicionadas.
A par disso foi cometido um erro, e grave há que assumi-lo, na escolha do treinador que tinha por missão compatibilizar todas essas realidades e que desde o primeiro momento se revelou incapaz de o fazer.
E, pior ainda, tomou decisões que só não foram mais gravosas porque o seu sucessor as reverteu com o sucesso que se conhece nomeadamente ao chamar Óscar Estupiñan à primeira equipa retirando-o do ostracismo a que estava votado desde a pré temporada.
E por tudo isto a temporada não começou bem.
São coisas que acontecem porque qualquer clube, e o Vitória não foge à regra, se pode enganar na escolha do treinador (já do plantel...) e não é nada que não seja fácil de resolver como veio a suceder com a contratação de João Henriques.
E a verdade é que a equipa melhorou substancialmente e fez uma primeira volta de muito bom nível que lhe permitiu andar sempre nos lugares europeus e olhar com ambição, que continua a existir, para uma classificação compatível com os seus pergaminhos.
No final da primeira volta venceu em Famalicão, venceu em casa o Marítimo e empatou na Luz o que tem de se considerar como três bons resultados capazes de a lançarem para uma segunda volta muito prometedora.
Aí as coisas começaram menos bem.
Um empate com o B SAD no batatal do Jamor (onde o Porto empatara e o Braga perdera), uma derrota caseira absolutamente inesperada com o Rio Ave num jogo em que de treinador a equipa todos falharam, um empate com o Farense (que acaba de empatar com o Benfica) num jogo adiado da primeira volta e agora a derrota em Paços de Ferreira (onde Porto e Braga também perderam) num jogo em que o adversário foi melhor durante os 90 minutos.
Maus resultados, sem dúvida, mas nenhuma calamidade anunciada porque ainda falta muito campeonato e as equipas que vão á nossa frente também terão os seus momentos maus que permitirão alterações classificativas.
Embora, em bom rigor, aquilo a que o Vitória pode ambicionar é o quinto lugar porque mais do que isso já entra no reino do muito improvável e até da ilusão.
Até porque a equipa tem um plantel com algumas carências na defesa (o tal central experiente que nunca veio porque Fábio Cardoso não quis e a Tomás Ribeiro o B SAD não deixou vir) e na intermediária (um médio que faça o que João Carlos Teixeira fazia) a par da realidade de alguns jogadores importantes estarem condicionados por factores de ordem diversa.
Ricardo Quaresma tem 37 anos e tem de ser gerido o seu esforço fisíco, Estupiñan não fez uma pré temporada condigna em termos de treino e jogos de preparação pelo que é evidente que em termos fisícos se está a ressentir, Wakaso regressa aos poucos depois de vinte meses de paragem e duas melindrosas operaçãoes ao joelho e Joseph de quem se esperava um papel importante na equipa está lesionado há longos meses.
São factos. Que condicionam.
E que ajudam a perceber as razões, para lá dos erros humanos deste ou aquele jogador neste ou naquele jogo e das opções erradas(mas também humanas) do técnico aqui ou ali ,pelas quais o Vitória teve esta quebra momentânea e da qual se espera rapidamente recupere.
Mas o que me tem desanimado, de alguma forma, a escrever mais sobre o actual momento futebolístico é mesmo o entender que nestes momentos menos bons por vezes mais vale manter o silêncio do que contribuir para um debate demasiado acalorado e no qual a inegável paixão clubística substitui uma razão de que nunca devemos prescindir mesmo em assuntos que mexem com as nossas emoções mais profundas.
Passar do oitenta ao oito, pôr tudo em causa ao mínimo pretexto, contestar hoje o que se elogiava ontem, crucificar agora os que se idolatravam pouco tempo atrás, pode revelar muita dedicação ao clube mas dificilmente o ajudará porque, nomeadamente nas redes sociais, há hoje o problema de ser dada voz a toda a gente (o que é bom) mesmo a gente que escreve sem filtro, sem pensar, sem medir palavras nem consequências o que é francamente mau.
O Vitória é um clube de adeptos, muitos adeptos, que tem opinião e gostam de o debater de forma contínua. Elogiando e criticando conforme o ponto de vista de cada um sobre o assunto acerca do qual opina.
É desejável que assim seja sempre.
Mas com os limites impostos pelo bom senso e pelo amor ao clube, de forma construtiva e ponderada, sem cair em extremismos que apenas o prejudicam e em nada o servem.
Keep Cool.
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