Em semana de Vitória-Braga, e sem querer fazer concorrência aos temas
habitualmente abordados pela minha amiga Sandra Fernandes, é incontornável
falar um pouco sobre aquele que considero ser o mais importante dérbi do
desporto português.
Quando, ainda por cima, está recheado de histórias (quase todas
tristes infelizmente) como aconteceu com o da passada sexta feira.
Mas o título da crónica refere também as alegrias e é por aí que quero
começar.
Não houve particular alegria no resultado porque o Vitória não ganhou
mas houve uma indesmentível alegria em ver um estádio com mais de vinte e seis
mil adeptos presentes,dos quais vinte e cinco mil eram vitorianos e mil e
quinhentos braguistas, num jogo em que não estavam aquelas equipas a que
parolamente se chama “grandes” embora essa grandeza seja em muitos pontos mais
que discutível.
E alegria particular no facto de ao contrário do que acontece noutros
estádios deste país, e um até bem perto, essa presença massiva de adeptos se ter
feito sem recurso a “borlas”, bilhetes oferecidos e outras dádivas que se fazem
na tentativa de chamar pessoas aos estádios.
Alegria também para quem gosta de futebol ,independentemente de o
resultado agradar mais ou menos, pelo facto de se ter assistido a um excelente
jogo (porventura o melhor do presente campeonato)com emoção a rodos, resultado
discutido até ao último minuto, lances polémicos e uma entrega notável ao jogo
por parte de todos os seus intervenientes.
Foi um verdadeiro jogo de campeonato e um dérbi que não desmereceu de
outros grandes dérbis do passado.
Alegria, finalmente, pelo grande espectáculo dado nas bancadas pelos
adeptos vitorianos que antes, durante os noventa e seis minutos jogados e no
final do encontro deram à sua equipa um apoio inigualável em qualquer estádio
português e ao nível do que se vê nos estádios ingleses onde se joga o melhor
campeonato do mundo do futebol.
E depois as tristezas.
Desde logo pelo comportamento do Braga, desde muito antes do jogo, com
provocações nas redes sociais, comunicados sem qualquer sentido nem razão e
declarações do seu ressabiado treinador (nunca pronuncia o nome Vitória mas
sempre “o adversário”) que apenas serviram para incendiar ânimos dos adeptos
sem qualquer contributo válido para o futebol.
Depois a ainda mal explicada rábula da entrada tardia da esmagadora
maioria dos adeptos braguistas, coisa que aliás acontece frequentemente aos
vitorianos que vão a Braga sem que os inquilinos da “Pedreira”se incomodem
minimamente com isso , que também deu origens a protestos da direcção do Braga
com insinuações torpes sobre a responsabilidade de Vitória e PSP no assunto
quando afinal parece que a única responsabilidade é mesmo dos adeptos vindos do
lado de lá da Morreira que terão tido comportamentos inaceitáveis em plena auto
estrada.
Mas como a Liga, desta vez atenta e pressurosa ao contrário do que
acontece nos Braga-Vitória em que até tiros já houve, mandou fazer um inquérito
aguardemos pacientemente pelo seu resultado na convicção de que se ele for
verdadeiro há por aí gente que vai ter de engolir muito do que disse.
Aguardemos...
Mas a tristeza maior deste dérbi, à beira da qual tudo o resto é
insignificante, foi mesmo a morte de um adepto vitoriano na bancada nascente
que não resistiu a um ataque cardíaco fulminante fruto das emoções ao rubro que
se vivem em jogos deste género.
E a sua morte, eventualmente inevitável, foi também oportunidade de se
perceber que os meios de socorro nos recintos desportivos estão ainda longe do
desejável porque entre o momento em que o adepto se sentiu mal ,e os que o
rodeavam começaram a chamar pelos socorristas, e a chegada do socorro passou
muito tempo. Demasiado tempo!
E por isso, sem demagogias ou aproveitamentos de qualquer
espécie, espera-se que este infausto
acontecimento sirva para melhorar aquilo que precisa de melhorias em termos de
socorro nos estádios.
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