Agora que em termos de futebol português terminou uma época longuíssima, iniciada com a disputa da supertaça em Agosto do ano passado e concluída este domingo com o triunfo da selecção sobre o México na taça das confederações (tão longa foi que acaba depois de a maioria dos clubes já terem iniciado a preparação para a nova época!) , é tempo de se olhar para 2017/ 2018 antevendo aquilo que nos pode trazer.
Desde logo será uma temporada marcada, falta saber até onde, pelos “estilhaços” resultantes das “guerras” deste final de época entre Porto e Benfica consubstanciadas nos famosos e-mails divulgados pelos “dragões” e que traduzem todo um mundo mais ou menos secreto de compadrios, influências e falsificação da verdade desportiva das competições.
Problema que em bom rigor não é de hoje nem vem sempre do lado agora apontado como responsável!
A verdade é que está criado um clima de suspeição, de desconfiança, de falta de crédito nas instituições desportivas que torna muito problemático o início da próxima liga se até lá não houver (pessoalmente não acredito que haja…) um cabal esclarecimento sobre tudo que se vem divulgando e a punição dos responsáveis se se conseguir apurar que há responsabilidades a atribuir.
Embora o eventualmente não se descobrirem responsabilidades e responsáveis isso não significa que eles não existam mas apenas, como no “apito dourado”, não se obtenham as provas que permitam dar sequência legal às investigações.
Seja como for está criado um ambiente muito difícil, de muitos nervos à for da pele e de muita desconfiança, que vai tornar o trabalho das equipas de arbitragem ainda mais difícil do que já o é normalmente face à compreensível incredulidade do público sobre a verdade desportiva no futebol português.
Não admirará por isso que os vídeo árbitros, neste “clima” sejam alvo de utilização intensiva!
Em termos desportivos, afinal os únicos que deveriam interessar, está a ser uma pré temporada algo atípica face ao que se pode considerar uma movimentação de mercado abaixo dos níveis que costumam ser habituais nesta altura.
Com respeito por todos, mas considerando para esta análise apenas os clubes que vão disputar competições europeias, o que se pode constatar neste momento?
O Benfica, campeão nacional em titulo, não perdeu até ao momento (com as excepções colmatáveis sem problema de maior de Ederson e Lindelof) a base da sua equipa pese embora até 31 de Agosto ainda se possam registar algumas saídas e naturalmente entradas.
Tem contratado muitos jogadores, é verdade, mas em bom rigor a sua esmagadora maioria não são para vestirem a sua camisola mas sim para serem emprestados naquelas manobras típicas que depois asseguram votos na assembleia geral da liga.
Ainda assim, e neste momento, pode considerar-se que mantém a sua base consolidada.
O Porto é dos seis europeus o único que mudou de treinador e também aquele(entre os candidatos ao titulo) que denota maiores dificuldades em reforçar a equipa.
Perdeu André Silva, tudo indica que perderá Rubem Neves e Danilo,talvez Brahimi e Casillas, e os reforços para já são essencialmente jogadores emprestados que regressam como os casos de Hernâni, Ricardo Pereira ou Marega entre outros.
“Apertado” pelas regras de fair play financeiro da UEFA o Porto tem de vender alguns dos seus melhores jogadores sem garantias de os poder substituir à altura.
Ano complicado pela frente.
O Sporting é dos candidatos aquele que se está a mexer melhor nesta pré temporada.
Libertou-se de algumas contratações erradas da temporada passada e está a abordar o mercado de forma criteriosa, inteligente, preparando um plantel que pode tornar-se o mais forte dos três e colocá-lo na “pole position” na corrida do titulo.
A maior ameaça a uma época positiva está dentro de portas se não conseguir uma relação estável e isenta de conflitualidade entres SAD e equipa técnica e especialmente entre Bruno Carvalho e Jorge Jesus.
No patamar de participantes da Liga Europa o Vitória é aquele que, pelo menos publicamente, tem a constituição do plantel mais atrasada o que começa a suscitar alguma preocupação face a uma supertaça para disputar daqui a um mês.
Transferido Bruno Gaspar, vendo regressar aos seus clubes os emprestados Hernâni, Marega, Celis, Bernard, Hurtado, com dúvidas na continuidade de Pedro Henrique e não optando pelo regresso dos “seus” emprestados como Ricardo Valente (porquê?), Alex ou até João Afonso (embora neste caso sem certezas) a par de empréstimos já confirmados de titulares da equipa B como Tyler Boyd ou Marcos Valente o treinador Pedro Martins e os dirigentes vão ter muito que trabalhar para no dia 5 de Agosto terem uma equipa e um plantel já muito próximos daquele que vai enfrentar a restante temporada.
É que a supertaça é uma competição para tentar ganhar e não um jogo de preparação como os que se fazem nesta altura da pré temporada.
Em Braga a situação é a inversa.
Tendo perdido alguns jogadores, mas nenhum determinante em termos de influência, o Braga já fez alguns reforços, tenciona ainda fazer mais três ou quatro e o treinador Abel Ferreira começa a equacionar os jogadores que vai dispensar, mandar para a B ou emprestar face a um excesso que já neste momento se verifica.
Parece-me um procedimento preferível este de primeiro “engordar” o plantel para depois poder reduzir às “gorduras “que efectivamente se revelem desnecessárias ,com a tranquilidade de não ter lacunas a suprir, do que aquele que foi seguido pelo Vitória de “emagrecer” antes de “engordar” e que faz correr o risco de na altura em que for preciso (por exemplo 5 de Agosto) ainda não haver o “peso” necessário a enfrentar os desafios que vão ser postos.
O futuro dirá quem estava certo.
Finalmente o Marítimo.
Que sendo o primeiro dos seis a entrar em competição de há muito que começou a trabalhar na constituição do seu plantel de molde a poder enfrentar da melhor forma a pré eliminatória da Liga Europa.
Para já pode considerar-se que Daniel Ramos terá ao seu dispor mais e melhores soluções que na temporada passada , face às contratações já efectuadas, o que terá efeito não só na participação europeia como evidentemente na disputa das provas nacionais.
Em suma até 31 de Agosto ainda irá acontecer muita coisa, muitas entradas e saídas, mas pelo que se vai vendo a próxima Liga tem condições para um equilíbrio acima do habitual quer pelo aproximar do valor entre os seis primeiros quer pela entrada em acção do vídeo árbitro que irá contribuir,assim se espera, para o esbater de algumas diferenças que todas as épocas eram artificialmente criadas entre os chamados grandes e todos os outros.
A ver vamos...
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