terça-feira, abril 05, 2016

Balanço do 36º

O 36º congresso do PSD não ficará na História dos grandes congressos do partido porque ,em boa verdade, não havia contexto para isso dado que nada de importante havia para decidir ao longos dos seus trabalhos.
Se é que hoje alguma coisa realmente importante é decidida em congresso...
Nem sequer uma necessária revisão estatutária fez parte da ordem de trabalhos (e isso sim é importante fazer-se) pelo que o congresso se limitou à discussão de moções de que no dia seguinte já ninguém se lembra e à eleição dos orgãos nacionais.
Ainda assim foi um congresso útil para "arrumar" algumas ideias, redefinir prioridades e formas de fazer oposição e tentar ganhar algum élan para as autárquicas de 2017 que são as eleições que se seguem salvo algum imprevisto vindo da geringonça.
Deixaria aqui doze notas sobre aquilo que achei mais importante no congresso a que assisti via televisão e essencialmente via site do partido que tem a enorme vantagem de permitir assistir a todas as intervenções sem ter de ouvir comentários de jornalistas e comentadores!
1) O momento mais bonito do congresso foi a justa homenagem aos funcionários. Sou amigo de muitos deles e sei bem o quanto tem dado ao PSD ao longo de todos estes anos.
2) Passos Coelho fez um discurso de abertura desnecessariamente longo, maçador até, de que não restará grande memória mas em contrapartida fez um excelente discurso de encerramento que se espera agora que seja seguido pela prática.
3) Pedro Santana Lopes fez o melhor discurso do Congresso. Em grande forma fez sentir a nostalgia de outros congressos em que o debate político era de altíssima qualidade. Está em forma e mal fará o PSD se não souber valorizar uma das suas maiores referências.
4)Paulo Rangel levou ao congresso algumas ideias interessantes num discurso mobilizador que completou o "pódio" dos melhores do congresso depois do de Santana Lopes e do de encerramento de Passos Coelho.
5) Confirmou-se, no sítio certo, que Passos não tem hoje oposição interna. José Eduardo Martins marcou diferenças mas não assumiu alternativa e os que fazem oposição via comunicação social por lá continuarão porque darem a cara face aos militantes é coisa que não fazem.
6) Para o Conselho Nacional foram apresentados 8 listas entre as quais foram repartidos os 70 conselheiros eleitos. Entre eles apenas 9 mulheres. Há que ter atenção a estes "detalhes"...
7) A nova CPN é uma desilusão. Promoções incompreensíveis, renovação qualitativa aquém do desejável, escolhas difíceis de entender. Gostei da manutenção de Jorge Moreira da Silva como primeiro vice presidente, da continuidade de Matos Rosa como secretário geral e da entrada de Miguel Goulão para o orgão. Foram as notas mais positivas.
8) Ao contrário de muitos acho que Passos fez bem em convidar Maria Luís Albuquerque para a CPN. Tem qualidade política, lealdade pessoal e já algum carisma junto dos militantes. De resto mal estaria o líder do PSD se condicionasse escolhas a opiniões publicadas.
9) Pedro Santana Lopes e Rui Machete foram os únicos ex lideres que marcaram presença em Espinho. Percebo que Cavaco Silva não tenha ido (desta vez) mas não entendo que muitos outros não tenham aparecido. Especialmente aqueles que todas as semanas tem opinião sobre o PSD na comunicação social.
10) O congresso passou ao lado da renovação qualitativa que se pedia para os orgãos e em especial para a CPN. Nomes que fizessem a diferença, com história política no partido e sólidos percursos profissionais fora da política, "cabelo branco" que ajudasse à ponderação e à sensatez estiveram ausentes das escolhas. De certa forma foi mais do mesmo. Pela positiva a presença de quatro mulheres em seis vice presidentes do partido. É um bom sinal.
De resto pouca renovação e muita...redistribuição.
11) Passos Coelho sai deste processo eleitoral/congresso com uma eleição por números esmagadores para a liderança e sem encontrar oposição interna. Mas saberá melhor que ninguém que tem de ganhar as autárquicas de 2017, onde erros crassos como os de Sintra e Gaia em 2013 serão inaceitáveis, se não quiser enfrentar uma contestação interna de amplitude hoje imprevisível.
12) O PSD sai tranquilo deste congresso? Sim e Não. Sim porque a "casa" está arrumada e o partido pode agora dedicar-se ás suas tarefas fundamentais que são fazer oposição e preparar as autárquicas. Não porque, apesar de tudo, nota-se algum "desconforto" (digamos assim) em torno de opções feitas e de posições assumidas nos ultimos tempos. E só o tempo dirá se essa sensação de "desconforto" desaparece ou se transforma em descontentamento puro e duro.
Até lá...Keep Cool!
Depois Falamos

2 comentários:

il disse...

Até lá...Keep Cool!
Eheheheheheheheh! eu estou sentadinha e os mouros continuam a anavalhar-se. Até no congress houve desenvolvimentos hilariantes. Um outcast conseguiu ter mais lugares no CN qure listas de grupos e grupinhos da mouraria.

luis cirilo disse...

Cara il:
Realmente há listas e eleitos para o CN bastante insólitos.
Fico à espera que a minha amiga nos traga mais detalhes...