segunda-feira, dezembro 21, 2015

Normal!

Recentes declarações de Rui Rio, num programa da SIC, causaram alvoroço juntos de algumas pessoas por nelas  adivinharem uma vontade do ex presidente da câmara do Porto em disputar a liderança do PSD com Pedro Passos Coelho.
Não sei, naturalmente, se foi essa a intenção de Rio embora francamente não me pareça que ele se esteja a posicionar seja para o que for dentro do partido.
Pelo menos no curto prazo.
Mas se estiver, ele ou qualquer outro com perfil e currículo suficientes para ambicionarem liderar o PSD, não me parece que daí venha qualquer mal ao mundo e ainda menos ao Partido Social Democrata.
O partido vai ter eleições directas para a liderança, lá para os fins de Março de 2016, e esse é o tempo e a oportunidade de quem não se revê na liderança de PPC, quem discorda da equipa de que ele se rodeou, quem perfilha outra estratégia para o futuro se apresentar como alternativa e disputar o lugar de líder.
Normal num partido democrático.
Ninguém tem que levar a mal, atribuir isso a qualquer teoria da conspiração, anatemizar quem pensa diferente e quer levar isso à prática.
Repito; não me parece que seja o caso de Rui Rio no curto prazo.
Mas se for está no seu direito e presta um serviço ao partido ao dar aos militantes a possibilidade de escolherem entre alternativas válidas.
Não vale a pena os do costume ligarem o "complicador".
As coisas são o que são.
Depois Falamos

P.S. Se Passos Coelho for o único candidato, como me parece mais que provável, isso terá pelo menos uma grande vantagem.
Não terá que negociar apoios nem sujeitar-se aos "indispensáveis" do costume.

2 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Caro Amigo Luís Cirilo

Compreendo a sua desorientação! Mas não tenha ilusões!

Num sistema político tudo se reúne e tudo se assemelha. Certos têm vícios aparentes que escondem as suas qualidades. Outros têm vícios escondidos pelas suas virtudes resplandecentes.

As leis da estabilidade dos sistemas físicos são validos para não importa qual sistema político. Em política, um sistema é um modo de governo num espaço dado.

Este espaço tem os seus limites políticos e fronteiras físicas. Quando estas duas características não são respeitadas o sistema deforma-se, destabiliza-se e perde a sua identidade.

Tenho a extrema condescendência de dizer aos meus amigos, os mais próximos, que a verdade política é sempre amarga a saborear. A minha vida no mundo dos negócios era um sistema aberto. Partilhei-a com os ricos e com os pobres. Os meus limites rasaram montes e planícies neste mundo. Tive a oportunidade de encontrar ministros e embaixadores, que ambos me ajudaram por vezes nos meus negócios no esinternacional, sargentos e generais, imãs e padres. Conheci os mais lúcidos e os maiores tartufos. Vi antagonistas religiosos orar sob o mesmo teto. Vi canalhas políticos bem introduzidos no sistema político e correctos amigos destes canalhas. O sistema político obriga estas gentes a navegar na mesma jangada num mar agitado pelas vagas de interesses.

Somos todos humanos mas os "rankings" sócio políticos criam as diferenças no sistema. Esta regra injusta ajusta as contradições de não importa qual poder político no mundo. Foi na China que aprendi que cada povo tem os dirigentes que merece. Um professor chinês demonstrou-me como as pessoas desonestas se adaptam facilmente ao sistema que lhes convém. Este professor via o exercício do poder como uma musica a dois tempos.

Um primeiro tempo de grandeza e lisonja , durante o qual fazemos a chuva e o bom tempo, e um segundo tempo de inutilidade que pode ir ao afrontamento.

O meu vizinho de patamar votou contra mim na eleição municipal, para o pelourinho da cultura, utilizando os meus argumentos, quase palavra por palavra!
O filho obteve o emprego que lhe dei. E não tem mais filhos! Assim vai o mundo.

O tempora! O mores !

luis cirilo disse...

Caro Joaquim de Freitas:
A sua reflexão,além de interessante como sempre, tem particular oportunidade nestes tempos que se vivem e em que os povos-especialmente os ibéricos- vivem perante tempos novos e por vezes difíceis de compreender.
Tempos em que há eleições e depois não se sabe bem quem ganhou.
Se quem teve mais votos populares mas sem maiorias absolutas (como aconteceu em Portugal)e depois a soma do que não era "somável" proporciona uma maioria parlamentar que à primeira dificuldade demonstra a sua inconsistência.
Se ,como está a acontecer em Espanha, um partido ganhou também sem maioria e agora ninguém se entende quanto à governação tal a dispersão de votos e deputados não só pelas quatro maiores forças politicas (já de si uma novidade) como também pelos partidos de menor expressão e de âmbito regional.
E ao povo exige-se não só que trabalhe e pague os seus impostos como ainda perceba estas complexidades políticas que em bom rigor pouco lhe interessam.
Acho que aquilo que o meu Amigo aprendeu na China é a verdade das verdades na politica e na Vida.´
Cada povo tem os dirigentes que merece.
E a demonstração que esse professor chinês lhe proporcionou sobre a capacidade de os desonestos se adaptarem facilmente aos que lhes convém é um retrato que se aplicaria bem a muitos aspectos do Portugal de hoje.
É como diz...Assim vai o mundo!
E Portugal.