Conheci o José Alberto Pereira Coelho (Zé Beto) há mais de vinte anos.
Numa reunião dos TSD, de que ele era dirigente e um militante entusiasta, realizada no Porto pouco antes do congresso do Coliseu em que Fernando Nogueira derrotou Durão Barroso.
E logo nesse primeiro encontro percebi nele uma personalidade singular.
Entusiasta, frenético até, homem de causas pelas quais se batia de forma persistente e empenhada.
Depois reencontrei-o muitas vezes em conselhos nacionais do PSD onde as suas intervenções (em dezenas de conselhos em que estive presente não me lembro de um único em que ele não tivesse intervido) eram momentos clássicos pelo inconformismo que sempre esgrimia e por não ter receio absolutamente nenhum de ser incómodo para com as lideranças.
Diziam-me os mais antigos nesse conselhos que já era assim desde o tempo de Cavaco Silva.
Muitas vezes o vi ser incómodo, "chato" até pela teimosia, mas em muitas dessas vezes dizendo cheio de razão o que outros pensavam mas não tinham coragem de dizer.
Aproximamos-nos pessoal e politicamente a partir do congresso de Pombal em que Marques Mendes derrotou Luís Filipe Menezes.
De quem Zé Beto foi um apoiante entusiasta, leal, empenhado e combativo.
Ao ponto de ao serviço de uma estratégia de grupo não hesitar,nem por um minuto,em expor-se numa candidatura à liderança do partido que ele sabia votada ao insucesso mas cujos pressupostos sabia serem importantes para o futuro.
Nesse altura falávamos todos os dias. E noites.
Várias vezes ao dia e quantas vezes pela noite dentro.
Depois da vitória de Menezes,e do consequente congresso de Torres Vedras em 2007, Zé Beto continuou activo e lutador pelas suas causas mas fui-lhe pressentindo uma crescente desilusão pela política partidária por razões que ele me contou mas que comigo ficarão.
A partir daí os nossos contactos foram-se espaçando.
Ainda nos encontramos nos congressos , continuamos a falar regularmente ao telefone, mas poucas mais vezes estivemos juntos.
Recordarei sempre que quando o meu filho mais novo foi estudar para Coimbra o Zé Beto deu-lhe de imediato o seu número de telemóvel e pô-lo à vontade para qualquer coisa de que precisasse.
Um gesto de amizade, mais um, que nunca esquecerei.
As nossas ultimas conversas já nada tiveram a ver com política tanto quanto me lembro.
O Zé Beto tinha fundado a associação de adeptos do futebol , uma das suas ultimas paixões, e ligava a contar novidades, a pedir sugestões a trocar ideias.
Estive com ele pela ultima vez (quem diria...) no estádio "Cidade de Coimbra" vai para três anos a assistirmos a um Académica-Vitória e aproveitando para falarmos de tantos episódios que tínhamos vivido em comum no "nosso" PSD mas também do "meu" Vitória" e dos "seus" Académica e Benfica.
Falamos ao telefone pela ultima vez (quem diria...) no passado Natal trocando os habituais votos de Boas Festas e desejos de Feliz Ano Novo.
E depois sem nenhuma razão especial para isso não voltamos a conversar.
Não calhou, não houve motivo especial, ele não me telefonou e eu não lhe telefonei.
Quando soube através de um sms do José Rosário, um amigo comum e como ele entusiasta dos TSD, que o Zé Beto tinha falecido nem queria acreditar no que estava a ler.
Mas era infelizmente verdade.
Mais um amigo que tinha partido sem "avisar".
Um homem generoso, amigo do seu amigo, lutador incansável pelas suas causas.
Deixa uma saudade sem remédio a par de umas memórias bem gratas a quem o conheceu e teve a sorte de ser seu amigo
Depois Falamos
P.S. Os congressos do PSD nunca mais serão os mesmos sem o Zé Beto a arranjar assinaturas para a sua lista ao Conselho Nacional.
Era um "clássico" dos congressos do partido!
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