quinta-feira, outubro 15, 2015

O Muro do Costa

" Aliança à esquerda é como deitar abaixo o resto do muro de Berlim"
(António Costa)

Se a situação do país o permitisse, e o assunto não tivesse a gravidade que tem, esta veia humorística do ainda líder do PS até podia ter alguma piada.
Infelizmente o assunto é demasiado sério para nos podermos rir.
Não que o alto conceito em que a inclita criatura se tem (será provavelmente dos poucos que dele tem esse conceito mas esse é problema dele com que todos podemos bem) , ao ponto de querer associar o seu nome a um dos momentos mais significativos do século 20, não mereça ao menos um sorriso de comiseração.
Mas o assunto é outro que não o ego do dr.Costa.
Político sempre de segunda linha sem sair da sua zona de conforto, presidente banal da câmara de Lisboa (a que só chegou devido a uma tremenda ingenuidade dos então dirigentes do PSD)na qual não deixou nenhuma saudade, candidato rotundamente falhado a primeiro ministro que derrotado em eleições quer derrotar a vontade dos eleitores, o dr António Costa quer por força reescrever a História a seu gosto.
Seja arvorando-se em vencedor das eleições que anda a peregrinar pelas sedes partidárias como se alguém o tivesse incumbido de formar governo, seja bolsando frases que considerará grandiloquentes mas são apenas ridículas, seja agindo de permanente má fé nas negociações com a coligação.
Cujo partido liderante já por três vezes teve o sentido de Estado necessário a viabilizar governos minoritários do PS chefiados por Mário Soares,António Guterres e José Sócrates.
Se a má fé já nem é novidade em António Costa (António José Seguro que o diga), de tão repetidamente praticada, há agora uma nova faceta no ainda líder socialista que merece ser desmontada.
A de ao sabor de um ego tão desmedido quanto patético (tipo madrasta da Branca de Neve..." espelho meu há alguém melhor para PM do que eu?") achar que vai ser um protagonista de relevo da História.
E daí vem a sua risível frase sobre o Muro de Berlim.
Sobre a que importa dizer apenas três coisas:
Foi uma pena não se ter lembrado dessa frase (e do conceito que lhe está inerente) ANTES das eleições e a elas ter concorrido coerentemente em coligação com o BE e a CDU.
 Foi pena que a honradez(suponho que ele saberá, ao menos, o que a palavra quer dizer) não o tivesse levado, em nome da transparência, a dizer ANTES das eleições que admitia essa aliança caso os resultado eleitorais o proporcionassem.
Ao contrario do que a sua megalómana vaidade o faz supor a aliança de esquerda de António Costa não deitou abaixo nenhum resto do muro de Berlim.
Apenas significa que Costa e o PS atravessaram o pouco que resta do muro e se foram juntar aos que o construíram.
E é isso que ficará para a História como epitáfio político de António Costa.
Depois Falamos

4 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Frase infeliz, de facto, tanto no seu conteúdo que na sua forma. Sobretudo, se a brecha no muro, não foi a sua obra, mas foi o resultado da incapacidade da coligação PAF de ganhar uma maioria parlamentar. Quero dizer que, finalmente, o "muro" não era tão sólido como parecia! Falta averiguar as razões desta fraqueza. Não ?

Mas espero que António Costa não vai gritar : " Ich bin ein Berliner!".

luis cirilo disse...

Caro Joaquim de Freitas:
O meu estimado Amigo não se ponha a dar ideias ao António Costa que ele , de tão vaidoso que é, ainda se vai achar outro John Kennedy.
É evidente que a coligação não conseguiu a maioria parlamentar mas convenhamos que depois de quatro anos tão difíceis era praticamente impossível.
Já conseguir ganhar as eleições foi muito bom.
Mas daí a Costa negar quarenta anos de História do PS, negar o que ele próprio disse em campanha, negar as suas conhecidas opiniões maldizentes sobre CDU e BE é uma desfaçatez que só a ânsia de poder justifica.
E poder pelo poder, amparado por estranhas alianças sem qualquer cimento ideológico e programático, é uma receita que só pode acabar mal.
Infelizmente para nós portugueses porque se isso se vier a verificar já sabemos a quem toca pagar a conta pelos disparates inevitáveis.

il disse...

«uma tremenda ingenuidade dos então dirigentes do PSD» Cirilo, desculpe mas quem o lá pôs queria isto -Costa à frente do PS.

Parece que o Costa foi para Bruxelas -o rapaz pensa que estamos nos idos de 70, quando o Marocas e camaradas iam pedir dinheiro para Portugal e que depois acabava nos cofres do PS. Ele não percebeu que o maioria dos países europeus não é governada à canhota e que poucos países apoiariam uma sirização como já consta na imprensa generalista e especializada da Europa.

Daí que o rapaz talvez venha de lá com a caudita entre as pernas e tenhamos um pouco de dignidade imposta.

Se o PSD Lx tivesse um «pouquito» de esperteza, já havia uma rebelião na capital -a CML agora inventou um imposto complementar ao IMI para fazer uma 'tarefa' do estado central...

Quanto à macacada do PS querer ser governo, bom eu disse que lá havia muitos zorros e zorrinhos -e é com mãe e tudo.



luis cirilo disse...

Cara il:
Estou de acordo consigo quanto a Bruxelas ser,eventualmente, o ultimo reduto a partir do qual imponham ao ex edil a razoabilidade que ele não tem.
Quanto ao resto, nomeadamente esse tal imposto, a minha amigas sabe melhor do que eu o estado do PSD em Lisboa...