Reflexões Regionais

O apuramento, pela segunda vez, do Sporting de Braga para a fase de grupos da liga dos campeões tem um significado claro em termos do que tem sido o crescimento do clube bracarense.
É inegável que o SCB vive a década de maior sucesso de todo o seu historial que lhe permitiu afirmar-se, veremos se definitiva ou apenas temporariamente, como um dos quatro clubes mais bem-sucedidos do país nestes últimos anos.
A consolidação nas provas europeias, a presença na champions, os fortes adversários que enfrentou e contribuíram para uma tarimba elevada dos seus jogadores, o muito dinheiro que tem ganho na Europa deram ao clube bracarense um estatuto que mais nenhum clube português (excepto o Boavista da família Loureiro!) alcançou para além dos três que cá sabemos.
Enquanto vitoriano não estou nada feliz com este sucesso do Sporting de Braga.
E não por uma qualquer rivalidade exacerbada.
Apenas porque esta saga vitoriosa permitiu aos bracarenses alcançarem uma dimensão financeira em termos de receitas que por um lado lhes permite a construção de equipas fortes e com jogadores que não estão ao alcance do Vitória e por outro lhe dá uma estabilidade nos quatro primeiros lugares do campeonato que me desagrada como é evidente.
Mas também digo com clareza o seguinte:
É bom que o SCB tenha chegado a este patamar competitivo e incomode persistentemente aqueles que cronicamente dominam o nosso futebol.
Porque se bem gerido, com ambição e correndo algum risco, o Braga foi capaz de aqui chegar isso é a prova clara de que o Vitória também o poderá fazer porque continua a ter condições de base essenciais para isso.
Adeptos, infraestruturas, região em volta.
Aliás, e num parêntesis, importa recordar que o Vitória foi a primeira equipa fora de Porto e Lisboa a estar na “Champions” (na terceira pré eliminatória) e só lá não continuou devido a factores conhecidos e que se prenderam essencialmente com tremendos erros de quem dirigia o clube na altura.
Podíamos, sem exagero, estar como está hoje o Braga se tivéssemos aproveitado a oportunidade.
Mas não aproveitamos!
Daí que a situação hoje, reflexo da tal década de sucesso bracarense e de tremenda irregularidade vitoriana, seja esta:
O Braga consolidado no lotes dos quatro maiores e o Vitória obrigado a fazer um longo, difícil e rigoroso “trabalho de casa” não para destronar o SCB dessa posição mas para passar a fazer parte desse naipe dos que disputam títulos e apuramentos europeus.
Se o passado não fosse apenas História até poderíamos apoiar-nos nele para reivindicar outro estatuto.
Afinal no computo geral de todos os campeonatos da primeira divisão estivemos presentes em mais onze do que o Braga (apenas atrás dos três habituais e do Belenenses), disputamos mais 266 jogos, temos mais 141 vitórias e 308 pontos.
Mas isso é passado.
Que dando a dimensão da nossa grandeza, e historial no futebol nacional, para pouco mais serve do que para fazer essa constatação.
Por isso, e sem qualquer perda de ambição, há que admitir que em condições normais o SCB ficará à nossa frente durante mais algum tempo em termos de posição final dos campeonatos porque a realidade financeira é-lhe claramente favorável.
Sem prejuízo de considerar que orçamentos ganham campeonatos mas não ganham jogos e daí que nos dérbis (na A e na B) o Vitória entre claramente para tentar ganhar fazendo valer toda a tradição que nos é favorável em termos desses encontros.
Hoje estamos aqui.
Sabemos como estamos e o caminho que temos de fazer.
Atrás de tempo…tempo vem!
Depois Falamos