Profissionalismo

Figo,Pedro Mendes e Rui Costa são três jogadores por quem nutro grande admiração e cujo futebol sempre me encantou ! Todos eles campeões europeus,pelos clubes cujas camisolas envergam nas fotos, todos eles produtos da formação dos clubes portugueses.
Figo no Sporting,Pedro Mendes no Vitória e Rui Costa no Benfica,cumpriram trajectórias similares nos escalões de formação e nas selecções nacionais de todas as categorias, até chegarem a seniores.
Ai os caminhos começaram a separar-se.
Figo ascendeu de imediato á principal equipa do Sporting ,enquanto Pedro Mendes no Felgueiras e Rui Costa no Fafe tiveram de fazer o seu tirocinio antes de regressarem aos seus clubes.
A partir dai a história é conhecida.
Figo jogou ,ainda joga,em três colossos do futebol mundial como são Barcelona,Real Madrid,onde foi campeão europeu,e Inter de Milão.
Ganhou tudo que havia para ganhar,incluindo o troféu de melhor futebolista do mundo atribuído pela Fifa,tornando-se o melhor jogador português após Eusébio e o mais ganhador de sempre.
Pedro Mendes transitou para o F.C.Porto,onde foi campeão europeu,seguindo posteriormente para o histórico (mas pouco ganhador) Tottenham e a seguir para um Portsmouth em fase de crescimento.
Penso que ainda não encontrou,mas ainda vai a tempo,um clube á verdadeira dimensão do seu talento.
Rui Costa, depois de um percurso vitorioso no Benfica,foi para a Fiorentina,um clube médio de Itália,onde do meu ponto de vista desperdiçou os melhores anos da sua carreira jogando num clube que nunca foi candidato ao Scudetto,e só relativamente tarde chegou ao Milan onde,também ele,se sagrou campeão europeu.
Regressaria ao Benfica,onde ainda esta, num gesto mais simbólico do que prático.
Figo e Rui Costa tiveram em termos de selecções um percurso notável enquanto Pedro Mendes ,numa altura em que tinha a oportunidade de se afirmar na selecção A (porque nos outros escalões jogou ele), teve o azar de encontrar um sujeito chamado Scolari que nunca lhe deu a mínima hipótese.
Vem tudo isto a propósito do desejo afirmado por todos eles,uns com mais convicção do que outro,de acabarem as respectivas carreiras nos seus clubes de coração.
Rui Costa está a cumprir esse desejo,Pedro Mendes ainda é muito cedo para pensar nisso e Figo só dificilmente o fará.
Pela simples razão de,aos 34 anos, continuar a ter pretendentes aos seus serviços que lhe garantem ganhos incomportáveis para qualquer clube português.
E sejamos claros: o que o profissional de futebol não ganhar enquanto joga e tem mercado…não vai ganhar depois,pelo que é perfeitamente legitimo que queira ganhar o máximo até ao ultimo pontapé na bola.
Foi em nome disso, da carreira e dos proventos,que todos três emigraram para o estrangeiro.
E se é verdade que no caso de Figo as suas transferências de clube envolveram alguma polémica,primeiro assinando em simultâneo pela Juventus e Parma,o que lhe fechou as portas de Itália mas abriu as de Barcelona, e depois protagonizando aquela polémica transferência para Madrid (aconselhado por esse modelo de seriedade e cavalheirismo chamado José Veiga !!!) que deixou o Barca enraivecido mas com dez milhões de contos no bolso, também é verdade que foi e é um modelo de profissionalismo e de desempenho profissional ao serviço dos vários clubes em que jogou.
E isso é o que interessa.
O amor á camisola é bonito,sem duvida, e eu bem gosto de ver as declarações de Pedro Mendes acerca do Vitória.
Mas profissionalismo significa servir com honradez e esforço quem lhe paga melhor.
E por isso Rui Costa só voltou quando esta mesmo no fim, com Pedro Mendes acontecerá eventualmente o mesmo e Figo,esse,estou convencido que não voltará a Alvalade porque não quererá arrastar-se pelos relvados.
Não quererá,nem precisará.
E não é por isso que será menos sportinguista do que Pedro Mendes vitoriano ou Rui Costa benfiquista.
Tratam-se apenas de formas diferentes de estar no futebol.
Depois Falamos