"Primeiro Portugal, depois a democracia e só depois a social democracia"
"Em política o que parece é"
"Nunca me senti tão sozinho e nunca tive tanta certeza de estar tão certo".
"É pena que todos aqueles que se dizem democratas, na prática não respeitem o jogo democrático e as posições partidárias diferentes das próprias".
"O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for"
Para aqueles que vão tendo a paciência de me lerem não é novidade que Francisco Sá Carneiro foi, é e será sempre a minha maior referência política e aquele cujo pensamento e exemplo de vida respeito acima de tudo e de todos nessa esfera.
O homem, o lider partidário, o primeiro ministro, o grande português que foi.
Tendo lido toda a sua obra e muito do que se escreveu sobre ele é natural que de vez em quando, especialmente em períodos eleitorais em que a tensão política é sempre maior, recorde alguns dos seus ensinamentos sintetizados em frases que proferiu e que ficaram como marcas distintivas do seu pensamento.
Selecionei seis, porventura aquelas de que mais gosto, e que reflectem bem a sua forma de ser e de estar.
Deixando para o fim a da imagem que ilustra este texto deixo um curto comentário a cada uma das outras.
No ""Primeiro Portugal, depois a democracia e só depois a social democracia" está o homem de Estado que põe o país à frente do regime e o regime à frente do partido.
No "Em política o que parece é" está o homem pragmático e frontal que detestava a intriguice e a baixa política.
No "Nunca me senti tão sozinho e nunca tive tanta certeza de estar tão certo" frase proferia aquando de uma dissidência no grupo parlamentar, em que mais de metade dos deputados deixaram o partido, mostra bem a força das suas convicções e a forma genuína como fazia política.
No "É pena que todos aqueles que se dizem democratas, na prática não respeitem o jogo democrático e as posições partidárias diferentes das próprias" revela-se o democrata que sabia respeitar quem pensava diferente e não fazia de adversários inimigos embora também nunca confundisse adversários com amigos. Um ensinamento que nem todos, mesmo no seu partido, terão entendido na sua plenitude ainda hoje.
No "O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for" está a coragem que sempre foi uma das suas imagens de marca.
Mas é no "A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha" que se revela o mais profundo do pensamento e da postura de Francisco Sá Carneiro.
Porque foi um político corajoso e determinado que com a força das suas convicções nunca receou correr riscos (até físicos) em nome daquilo que acreditava estar certo e considerava ser o melhor para o seu país.
E por isso quando ocupou o cargo de primeiro ministro foi para cortar com o passado, para fazer reformas, para mudar o que que estava mal, para permitir a Portugal trilhar caminhos muito diferentes dos que vinham sendo seguidos pese embora algumas das medidas (como por exemplo a entrega de terra aos trabalhadores rurais acabando com a reforma agrária) terem sido de ruptura com as práticas ideológicas da época e lhe tenha acarretado uma feroz oposição de uma esquerda muito mais forte que actualmente.
Mas Francisco Sá Carneiro era assim.
Se no seu entendimento os portugueses tinham dado uma maioria à AD para ela mudar então havia que mudar mesmo doesse a quem doesse, contrariasse os lobis e os grupos de pressão que contrariasse , desagradasse aos instalados da vida que desagradasse.
Mas "saber estar e saber romper", outra frase sua, era mesmo a sua forma de ser.
Contudo se o risco era algo que conscientemente assumia em todas as vertentes da sua vida porque o entendia como necessário ao progresso e á dinâmica das coisas já a ética era o pilar fundamental da sua ação sem o qual considerava que toda a actividade política se tornava ilegítima e vergonhosa e da qual não abdicava nunca fosse em que circunstância fosse.
E talvez por isso esta sua frase, pela profundidade que encerra, seja das mais conhecidas e ainda hoje mais frequentemente citadas.
Pena não ser também das mais frequentemente praticadas.
Mas as coisas são o que são.
Depois Falamos.