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Cinquenta e um anos depois do 25 de Abril constata-se com alguma tristeza que foi mais fácil extinguir a PIDE do que acabar com o espírito pidesco na sociedade portuguesa.
Porque tal como nos tempos negros da ditadura continua a existir a denúncia anónima, a insinuação sorrateira, o lançar de suspeitas e suspeições, o vasculhar o passado das pessoas até à mais tenra idade em busca do mínimo lábéu para lhe atirar, o estigmatizar e prejudicar o quanto se pode quem comete o "crime" de pensar diferente.
Isso, acompanhado por uma comunicaçção social em que a verdadeira notícia cede facilmente passagem ao caso, ao casinho, à mentira que vende jornais e aumenta os "shares " televisivos, torna-se numa mistura explosiva que vai minando os alicerces valorativos da sociedade de forma crescentemente perigosa porque normaliza o "vale tudo".
Por estes dias mais dois exemplos.
O secretário geral e líder parlamentar do PSD , e por força dessas funções um dos políticos mais poderosos do país, fez uma intervenção cirúrgica num hospital público e com base num qualquer pide recalcado lá apareceu a denuncia anónima canalha a insinuar que por ser quem é teria beneficiado de privilégios na marcação da operação.
E como neste país as denúncias anónimas valem, em vez de irem para o lixo, lá abriu a PGR um inquérito que obvimente não vai dar em nada mas atira para cima do visado aquela lama que depois muito dificilmente desaparece.
Já sabemos que em Portugal até uma estúpida denúncia anónima sobre um lance num jogo de futebol motiva inquéritos da PGR mas acaba por ser mais uma prova de que é preciso uma profunda e corajosa reforma na Justiça.
E nem vale a pena citar, porque evidente, o facto de um cidadão seja ou não político ter o direito á privacidade muito em especial quando se trata de questões de saúde.
O outro exemplo é Carlos Abreu Amorim.
Que no último ano desempenhou o cargo de secretário de estado dos assuntos parlamentares no mais absoluto sossego mas mal foi nomeado ministro da mesma pasta apareceu logo um "jornaleiro" a desenterrar uma frase que o proprio tinha escrito no Facebook há mais de uma dúzia de anos e em que fazia uma calorosa profissão de fé no seu clube que como se sabe não é um clube de Lisboa.
Para quê?
Para lançar um anátema e criar um "casinho" em volta de um ministro porque a esquerdalha esmagada nas urnas tem como seu último bastião os militantes infiltrados na comunicação social que farão tudo que lhes for possível para minarem a credibilidade do governo com uma nova sucessão de "casos" e "casinhos" depois de terem falhado na intentona em volta da empresa dos filhos do primeiro ministro.
São apenas dois exemplos. muito outros exemplos há, mas que mostram uma sociedade doente e um país a precisar urgentemente de reformas a vários níveis que ponham cobro a esta mentalidade "pidesca" herdada do Antigo Regime e a esta forma de querer fazer política através da invenção, da suposição, da mentira e da insinuação.
Reformas que exigem coragem mas que não podem ser adiadas.
Porque quem age desta forma tem de ser responsabilizado pelo que faz!
Depois Falamos.
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