Em texto anterior referi a excelência do plantel do Vitória em 1974/1975, o grande campeonato feito, o recorde de tendo ficado em quinto lugar ter conseguido em simultâneo ser o melhor ataque da prova, o que nunca tinha acontecido nem voltou a acontecer e o conjunto de patifarias que lhe foram feitas e que impediram classificação bem melhor e apuramento europeu.
Hoje recordo os vinte e dois jogadores desse plantel, o facto de serem dezassete portugueses e cinco brasileiros, o exemplo de desses vinte e dois existirem oito oriundos da formação do Vitória dos quais seis eram nascidos em Guimarães o que demonstra bem que a aposta na "prata da casa" já teve muito sucesso.
Na baliza três nomes:
Rodrigues: Foi um dos melhores guarda redes da História do Vitória. Bom debaixo dos postes, bom a sair da baliza,grande presença fisica foi o mais utilizado nessa época. Deixou sempre a sensação de que ainda podia ter ido mais longe porque qualidades não lhe faltavam mas a motivação é que foi desaparecendo. Curiosamente também tinha jeito para jogar a ponta de lança tendo-o feito nalguns jogos de reservas.
Sousa: Era o guarda redes dos voos espectaculares, das defesas "impossíveis" , dos jogos em que engatava e ninguém o conseguia bater. No Vitória nunca se impôs totalmente e foi sempre mais o segundo guarda redes que um titular indiscutível.
Barreira: Oriundo da formação e natural de Guimarães era o terceiro guarda redes e no Vitória nunca passou disso. Viria a fazer carreira em clubes da região como Fafe e Aves.
A defesa contava com nomes consagrados e com outros que viriam a fazer boas carreiras no futebol português.
Ramalho: Um defesa direito com um pulmão inesgotável que atacava e defendia com eficácia. Não era um dotado em termos técnicos mas compensava isso com uma enorme entrega ao jogo.
Artur: Oriundo da formação e natural de Guimarães era daqueles jogadores que qualquer treinador gosta de ter no plantel. Jogava como central, como lateral ou como médio com uma entrega inexcedível e sendo um marcador implacável dos adversários. Ficou célebre a forma como marcou João Alves, o "luvas pretas", em jogos com o Boavista.
Rui Rodrigues: Foi um dos jogadores com mais classe pura que alguma vez passou por Guimarães. Central de grande técnica, visão de jogo e capacidade colocação de bola (fazia passes de quarenta metros com mais precisão que alguns fazem de quatro) era um líbero excepcional e que fez uma bonita carreira no futebol português. Fez um golo nesta temporada.
José Torres: Outro oriundo da formação e natural de Guimarães era um central de marcação de bons recursos e grande empenho em todos os lances. Jogou catorze épocas no clube incluindo as de formação.
José Carlos: Também ele oriundo da formação, mas natural de Âncora, era um central de marcação de grande qualidade e que dava tudo em cada lance. Fez toda a carreira no Vitória embora a tivesse visto interrompida pela prestaçao do serviço militar em África que o fez perder três épocas.
Baltemar Brito: Chegou nessa época ao futebol português, onde faria uma longa e bonita carreira, mas foi um dos três jogadores que não participou em nenhum jogo do campeonato.
Osvaldinho: Veio do Alentejo para Guimarães e fez uma bela carreira no Vitória. Lateral esquerdo dotado de grande rapidez e uma enorme capacidade fisíca era dono do corredor esquerdo.Nesta época fez os seus dois jogos pela selecção A.
Alfredo: Vimaranense e fruto da formação era um jogador polivalente que tanto alinhava como lateral de qualquer dos lados como a extremo. Jogou vários anos no Vitória antes de iniciar um périplo por vários clubes nacionais. Fez um golo nesta temporada
No meio campo jogavam alguns grandes nomes da história vitoriana.
Abreu: Vimaranense, terá sido a par de Pedro Mendes o melhor jogador alguma vez saído da formação do Vitória. Médio de excelente técnica e visão de jogo jogava preferencialmente sobre a meia esquerda e marcava o ritmo de jogo da equipa. Não sendo um goleador marcava sempre alguns golos por época. Nesta facturou por seis vezes. Foi internacional A pelo Vitória.
Custódio Pinto: Terá sido dos melhores cabeceadores de sempre do futebol português. Jogava atrás do ponta de lança e era exímio nos lances de bola parada. Fez toda a carreira em dois clubes, Porto e Vitória, e terminou-a em Guimarães com vinte e nove golos marcados em quatro épocas o que para um médio desses tempos era bom. Nesta época, a ultima da carreira, fez seis golos.
Almiro: AInda hoje permanece na memória de quem o viu jogar como um dos melhores brasileiros que vestiu a camisola do clube. Médio de ataque, de excelente técnica, percorria todo o terreno com uma energia inesgotável para um físico franzino como o dele. Marcou um golo nesta temporada.
Pedroto: Chegou nessa época ao Vitória e fez apenas seis jogos mas iniciou uma longa relação profissional com o clube que ainda hoje se mantém. Médio de boa técnica e pontapé forte e colocado faria várias excelentes épocas em Guimarães.
Ernesto: Jogava no meio campo, senhor de boa técnica e combativo, fez três épocas no VItória mas esta foi aquela em que foi menos utilizado e sairia no fim da mesma.Ainda assim esteve m 11 jogos.
Zequinha: Natural de Guimarães e "produto" da formação era um médio ala dotado de velocidade, técnica, visão de jogo, drible e com tudo para fazer uma grande carreira. Mas nunca fez do profissionalismo uma opção de vida porque preferiu licenciar-se em Medicina e seguir uma carreira de médico dentista pelo que terminou a carreira ainda jovem. Tal como Barreira e Brito também não jogou no campeonato mas alinhou em jogos da taça de Portugal. De salientar a curiosidade de também ter sido um excelente jogador de andebol no Vitória.
O ataque, esse, fica para a lenda vitoriana.
Jeremias: Com Paulinho Cascavel e Edmur constitui o trio dos melhores pontas de lança de sempre do clube. Grande porte atlético, excelente técnica, era letal frente à baliza. Grandes jogos, golos espectaculares e uma qualidade que assustava os adversários. Os seis jogos de castigo te-lo-ão impedido de nesta época ultrapassar os 18 golos no campeonato e os dois na taça.
Tito: O goleador que ainda hoje detém o recorde de golos com a camisola vitoriana. Autêntico "rato de área" era um finalizador temível e fez com Jeremias uma dupla de sucesso marcando 17 golos no campeonato e três na taça. No pódio dos goleadores do campeonato ficou em terceiro lugar atrás de Jeremias e de um inalcançável Hector Yazalde. Foi também a única vez em que um quinto classificado teve os segundo e terceiro goleadores da prova.
Romeu: O "cenoura",oriundo da formação e natural de Âncora como o primo José Carlos, era um extremo rápido, combativo (às vezes em demasia...), bom driblador e marcador de golos. Neste campeonato fez onze e foi o terceiro marcador da equipa atrás de Jeremias e Tito. No final da época sairia para o Benfica, voltaria dois anos depois a Guimarães permanencendo outros dois no clube e voltria a sair desta feita para o Porto. Jogaria ainda no Sporting, no Salgueiros e terminaria no Amora. Nesta época de 74/75 seria também internacional A.
Jorge Gonçalves: Chegara ao Vitória em 1970 e impusera-se como ponta de lança de excelentes recursos.Não teve sorte. Uma grave lesão no joelho em 1972/1973 manteve-o afastado dos relvados por longos meses e quando regressou já não era o mesmo pese embora todo o seu empenho. Nesta temporada participou em apenas quatro jogos e fez um golo, que valeu uma saborosa vitória em Espinho, saindo do clube no final da época.
Pedrinho: Um extremo brasileiro que chegara ao Vitória vindo do Gil Vicente e onde permaneceu quatro épocas. Rápido, bom driblador foi um dos principais municiadores de Jeremias e Tito. Marcou quatro golos nesta temporada.
E foram estes os vinte e dois jogadores que escreveram uma bela página na História do Vitória. Que podia ter sido mais bela ainda não fora as injustiças, roubos e aldrabices que contra ela foram praticadas.
Uma palavra final para o treinador, Mário Wilson, sem qualquer dúvida o responsável pela qualidade do futebol e pelos resultados da equipa. Anos depois viria a sair do Vitória de forma lamentável mas isso não invalida tudo de bom que fez no clube.
Depois Falamos.