Creio que muitos não entendem o que é ser vitoriano (adepto do Vitória Sport Clube) porque nunca compreenderão essa capacidade única de sofrer, de viver a meias com a decepção e conseguir sempre dar a volta por cima, voltar a acreditar e apoiar o seu clube de forma inigualável crendo sempre que ele um dia corresponderá a todas as expectativas nele depositadas por gerações e gerações de vitorianos.
Ano após ano, decepção após decepção, esperança desfeita após esperança desfeita!
É certo, mal estávamos, que também tem havido momentos de grandes alegrias, de exaltação das nossas cores, de levantar bem alto o nome do clube e do concelho, de ganhar títulos e troféus no futebol e nas modalidades.
Mas sempre com o sofrimento por perto e a ameaça de desilusão a pairar.
Vem este introito a propósito do jogo de hoje em que os milhares de vitorianos nas bancadas do Jamor, esse vestígio arqueológico de um estádio de futebol, não conseguiam acreditar que uma vez mais a sua equipa não ia estar ao nível do apoio que lhe chegava das bancadas e que a fazia jogar em casa tão poucos eram os adeptos adversários e tão ausente o seu apoio à equipa que teoricamente jogava na qualidade de visitada.
A verdade é que o Vitória voltou a desiludir.
A exemplo do que já fizera na Madeira pondo termo a doze jogos sem derrotas que fizeram crer (lá está, sempre a acreditarmos) , especialmente depois da grande exibição com o Sporting, que este ano íamos poder lutar por um lugar entre os quatro primeiros.
Mas não.
Porque estas duas "inaceitáveis" derrotas, mais o futebol praticado, mais a teimosia em não mudar estratégias de jogo quando elas não dão resultado, apontam claramente para a disputa do quinto/sexto lugar com Moreirense, Belenenses, Portimonense e qualquer outro que apareça por essas paragens.
É triste mas é verdade.
Hoje a equipa mais uma vez foi lenta, sem profundidade, com muitas lateralizações mas pouca objectividade e sem criar verdadeiras situações de golo pese embora ter rematado bem mais que o adversário.
Acontece que rematou quase sempre mal (na única vez que o fez bem o árbitro anulou mas já lá chegaremos) enquanto ao Belenenses lhe bastou rematar uma vez bem para ganhar o jogo e arrecadar três pontos que acabou por merecer.
Num relvado em muito más condições a equipa da casa adaptou-.se melhor (pudera...)enquanto o Vitória demorou a perceber, se é que percebeu, que era preciso um futebol mais flanqueado e mais incisivo para contrariar as dificuldades que o mau estado da relva pôs desde o primeiro minuto ao futebol de posse que a equipa gosta de praticar.
E quando aos trinta minutos o Belenenses marcou num rápido lance de contra ataque foi apenas a confirmação de que a equipa vitoriana tinha de mudar de estratégia para poder entrar na discussão do jogo e pôr ao adversário problemas que até então não tinha posto.
A verdade é que não mudou.
Continuou na mesma toada, com o mesmo dispositivo táctico em que não se percebia para quê tantos médios quando era claramente necessário levar a jogo elementos de pendor mais ofensivo, sem alterar fosse o que fosse.
E assim se chegou ao intervalo.
No regresso...mais do mesmo.
O mesmo dispositivo, os mesmos jogadores, o mesmo rendilhado, a mesma inoperância.
E assim se perdeu quase um quarto de hora, que o Belenenses muito terá agradecido, até Luís Castro se decidir a mexer na equipa para lhe dar maior pendor ofensivo e a tal profundidade que raramente teve na primeira parte e nesses quinze minutos da segunda.
Mexeu bem.
Tirando Rafa Soares ( muito discreto) e Pepê para fazer entrar João Carlos Teixeira e Tyler Boyd um para reforçar a posse de bola no meio campo e o outro para tal a tal profundidade ao ataque dado ser um jogador que aposta na verticalidade nas acções ofensivas.
Aliás foi dele o melhor cruzamento do Vitória em todo o jogo para a única grande oportunidade do segundo tempo desperdiçada por Guedes com um cabeceamento por alto.
A verdade é que as substituições não trouxeram os efeitos desejados e enquanto o Vitória continuava a esbarrar na muralha defensiva de um Belenenses com onze atrás da linha da bola os anfitriões apenas não aumentaram a vantagem porque Douglas fez duas magníficas defesas perante adversários isolados.
Era preciso mudar de estratégia, apostando claramente num futebol mais directo e colocando outro ponta de lança (Estupinan) ao lado de Guedes para forçar o centro da defesa belenense , mas não se mudou.
Pior. A terceira substituição foi um completo disparate.
Saiu Tozé, um dos melhores jogadores da equipa (como sempre ao longo da época), mas não entrou o tal ponta de lança que permitisse o futebol mais directo mas sim Ola John cujo forma de jogar à base de dribles curtos e arrancadas com a bola no pé não era nada adequada para o estado do terreno de jogo cada vez mais degradado.
E a verdade é que o holandês em nada contribuiu para que a equipa se exibisse em melhor plano e fosse mais objectiva nos movimentos ofensivos.
Já em tempo de descontos, e quando nada o fazia prever, o Vitória marcou num cabeceamento de Pedro Henrique mas o árbitro Soares Dias anulou o golo sem qualquer razão para tal tendo assim influência decisiva no resultado e provando o Vitória de um ponto que apesar da má exibição não seria de todo injusto.
Duas derrotas consecutivas, perante dois adversários em teoria mais fracos, atrasaram o Vitória de forma irremediável na luta pelo quarto lugar ficando agora dependente de contingências várias para saber se o quinto lugar (caso o consiga...) dá Europa.
Muito pouco para aquilo que devia ser o nosso trajecto.
Porque se a ambição dos adeptos e o apoio que eles prestam à equipa tivesse repercussão nos resultados então outro galo cantaria e cantaria bem alto.
Mas não tem.
Artur Soares Dias não tem condições, mais que não sejam psicológicas , para arbitrar mais um jogo que seja do Vitória.
São dez anos a prejudicar-nos, a impedir-nos de conquistar pontos que nos fazem falta, a tomar decisões muitíssimo discutíveis sempre em nosso desfavor demonstrando uma completa falta de respeito pelo nosso clube.
Basta!
E embora já não seja possível aos clubes vetarem árbitros (é pena ) creio que a SAD do Vitória deve demonstrar junto de quem manda na arbitragem que não é admissível que Soares Dias volte a ser nomeado para um jogo do nosso clube.
Em nome da Verdade desportiva das competições.
Hoje , mais uma vez, teve influência decisiva no resultado ao anular um golo completamente limpo a Pedro Henrique num lance em que a marcar falta teria de ser uma grande penalidade contra o Belenenses por o seu guarda redes ter puxado a camisola a Tyler Boyd.
Mas fez vista grossa.Como vista grossa fez a algumas faltas que deveriam ter valido, mas não valeram, cartão amarelo a jogadores "azuis".
Maus demais.
Depois Falamos.
P.S. Claro que as coisas, em termos de disputa de lugares europeus, ainda podem ser diferentes se a SAD for ao mercado de imediato e contratar três ou quatro verdadeiros reforços e der guia de marcha aqueles que manifestamente não tem condições para jogarem no Vitória.
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