A saída de Rui Vitória do Benfica, além de ser o facto mais previsível na actualidade do futebol português, é também uma novela que se vinha arrastando desde a época passada e se acentuou quando o desejado penta campeonato não foi conquistado.
Rui Vitória, um treinador competente, culto, extremamente bem educado
e de um nível claramente superior à média ai que se vê por aí nunca fui um
técnico amado no clube a que deu vários títulos.
O seu estilo de comunicar, a elegância que sempre prezou exibir, a
recusa de entrar em “peixeiradas” tão ao gosto de alguns adeptos mas que apenas
prejudicam o futebol foi sempre um factor de atrito com um sector de adeptos
que preferia claramente o estilo Jorge Jesus cuja saída do clube deixou abertas
feridas que ainda hoje estão por sarar como se constata através da novela de
escolha do novo treinador encarnado.
Acresce a isso, a esse estilo urbano de Rui Vitória mal digerido por
apreciadores de outros estilos mais a fugir para o fato de treino e a chinela, o facto de a
qualidade do plantel do Benfica ter vindo a piorar de forma clara ano após ano
com os jogadores transferidos por bastantes milhões a não serem substituídos
por jogadores de idêntico valor capazes de proporcionarem à equipa uma
estabilidade em contínuo.
Bastará lembrar nomes como Aimar, Saviola, Cardozo, Ederson, Renato
Sanches, Bernardo Silva, Nélson Semedo, Matic, Gonçalo Guedes, Lindelof entre
outros para se constatar que Jorge Jesus teve sempre melhores jogadores e
melhor plantel que Rui Vitória mas sem que os resultados tenham sido superiores
face ao tempo que cada um orientou o clube.
Factos são factos.
E por isso quando os resultados , condizentes com a realidade do clube
em termos de valia do plantel, criaram uma contestação cada vez maior nos
adeptos que viam o Porto a distanciar-se no comando da Liga e Braga e Sporting
a discutirem taco a taco o segundo lugar com o Benfica a saída do “bode
expiatório” quero dizer de Rui Vitória tornou-se perfeitamente inevitável até
por vontade (é minha convicção) do próprio treinador farto de andar no arame
sem rede.
Entendendo-se como rede a protecção e solidariedade que o próprio
presidente do Benfica, vendo ou deixando de ver luzes inspiradoras, já não
estava em condições de lhe dar face ao clima pré eleitoral que se vive já para os
lados do estádio da Luz.
Rei morto rei posto.
E agora a novela orienta-se para o sucessor do treinador que foi
embora.
Área que os jornais desportivos
adoram porque a incerteza “vende” e a especulação atrai sempre a atenção de
adeptos naturalmente ansiosos por saberem quem será o próximo treinador do
clube.
Pena é que essa adoração dos jornais desportivos os leve por caminhos
invíos, ora especulando com o nome de treinadores que estão a trabalhar em
Portugal um dos quais que não por acaso tem dois jogos com o Benfica na próxima
semana (papel deplorável este a que alguns jornalistas se prestam...) ora
atirando para as primeiras páginas com nomes simplesmente impossíveis para a
realidade do Benfica e do próprio futebol português.
É o caso de José Mourinho.
Que terá o seu futuro num grande clube europeu, provavelmente até no
país vizinho, e que não está seguramente interessado em regressar a Portugal
para treinar o Benfica (ou qualquer outro clube ) que não faz parte dessa elite
europeia onde o treinador quer continuar a trabalhar.
Jorge Jesus ?
Acredito que é uma hipótese que agrade muito ao presidente do Benfica
e a uma parte dos adeptos, pela óbvia razão de que é um excelente treinador que
deu muitos títulos ao clube, mas existe também uma outra corrente que se opõe
ferozmente ao seu regresso e isso caso
os resultados não correspondessem no imediato provocaria fracturas ainda
maiores num universo associativo que se pressente dividido.
Então quem?
Pode sempre haver uma surpresa, como é normal no futebol, mas se
tivesse de apostar num nome poria as “fichas” em Rui Faria.
Está disponível, é o mais parecido que se arranja com Mourinho, há a
expectativa de que repita o percurso do próprio Mourinho quando passou a
treinador principal depois da aprendizagem com Bobby Robson e existe o exemplo
de André Villas Boas a dar força à opção.
É certo que são pessoas diferentes, a história nem sempre se repete,
mas acredito que tentação é tão forte que Rui Faria será o próximo senhor do
banco da Luz.
P.S. Ah, é verdade, e Jorge Mendes também gostará que assim seja.
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