Devo dizer, antes de mais, que acho uma boa prática a de os políticos que ocuparam cargos com a importância dos ocupados por Aníbal Cavaco Silva prestarem contas do que fizeram após terminarem os seus mandatos.
No seu caso já o tinha feito depois de cessar as funções de primeiro ministro com os dois volume das sua autobiografia e volta a fazê-lo uma vez terminadas as funções de Presidente da República.
Igualmente em dois volumes com o primeiro a concentrar-se no seu primeiro mandato e na difícil coabitação com José Sócrates e o segundo a abordar essencialmente os tempos muito difíceis em que o governo de Passos Coelho teve de lidar com a troika chamada ainda no tempo do seu antecessor.
É a visão histórica de uma época, pela voz de um dos seus principais protagonistas, e é um importante contributo para se conhecer a História desses tempos ainda recentes e sobre os quais naturalmente aparecerão outros depoimentos.
Há que registar, porque é um facto, que Aníbal Cavaco Silva terá exercido os dois mandatos mais difíceis de um presidente da República no Portugal democrático face a todos os problemas que teve de enfrentar.
No primeiro mandato a convivência com um primeiro-ministro que não lhe contava a verdade toda, que lhe escondia factos e tomava decisões à sua revelia em matérias em que constitucionalmente tinha de ser informado e no segundo a braços com um país intervencionado externamente e com um governo de coligação que teve momentos de grande tensão e quase ruptura.
Creio que a História, mais que os seus contemporâneos, fará justiça aos mandatos presidenciais de Cavaco Silva.
Depois Falamos.
Sem comentários:
Enviar um comentário