Nas últimas semanas, intervalando-os com outros assuntos, escrevi
quatro artigos sobre a comunicação social vimaranense dentro da perspectiva que
dela tenho desde o final dos anos sessenta do seculo passado eaté à
actualidade.
Perspectiva essa que começou como leitor do “Notícias de Guimarães”
nessa época final do Antigo Regime, que continuou como colaborador de vários
jornais e rádios ( e até de uma televisão “Pirata” conhecida como TV Covas e
depois Televisão Regional de Guimarães)
desde 1983 até ao presente de forma quase ininterrupta, e que concluo agora com
este quinto e último texto sobre o assunto.
Fazendo a ressalva que continuo a ser leitor de alguns orgãos de
comunicação local, agora na net, mas que deixei há muito de ouvir as rádios
locais e a colaboração cinge-se, e assim continuará a ser enquanto a Catarina
Castro Abreu quiser, exclusivamente ao “Duas Caras”.
O resto é passado.
Devo referir, ainda, porque não o fiz nos artigos anteriores que há um
jornal em Guimarães que merece uma saliência especial porque creio ser único no
país e ao longo dos anos tem mostrado a viabilidade de um projecto que começou
por ser um sonho(bem sucedido) do Amadeu Portilha.
Refiro-me ao “Desportivo de Guimarães” que de há muitos anos a esta parte
faz a cobertura exaustiva do que se passa no concelho em termos desportivos
desde o Vitória e o Moreirense na primeira liga até aos clubes mais modestos e
humildes de outras modalidades que não o futebol.
Recordo-me bem dos seus tempos iniciais em que as dúvidas em seu redor
eram muitas e o ceptcismo quanto ao seu futuro imenso mas a verdade é que se
impôs e é hoje uma agradável certeza da comunicação social vimaranense.
E qual é então o panorama hoje?
Desde logo um panorama influenciado pelo advento da internet e do
mundo de inovação e posssibilidades que ela abriu e que em Guimarães, como no
resto do país (e do mundo), tem expressão evidente nas redes sociais, na
comunicação social digital, nas páginas on line e por aí fora de que o “Duas
Caras” é um visível e agradável exemplo.
E como não há bele sem senão é também evidente que esse mundo novo
significou em muitos casos o progressivo desaparecimento do mundo “velho” ou
seja os jornais em papel que durante tanto tempo tiveram um papel fundamentalna
iformação e entretenimento dos cidadãos.
Foi assim que desapareceram alguns dos títulos referidos em artigos
anteriores mas dos quais se releva o fim dos históricos “Notícias de Guimarães”,
“Povo de Guimarães” e “Toural/Expresso
do Ave” que durante tanto tempo foram referências jornalisticas do concelho
vitimados também pela crise económica e consequente retracção do mercado
publicitário.
Outros sobreviveram por mérito da sua gestão como são os casos do “Comércio
de Guimaraes”, do atrás referido “Desportivo de Guimarães” e do “Reflexo” que
se publica nas Caldas das Taipas e cuja qualidade informativa tem subido de
forma apreciável nos últimos anos.
Existe ainda a revista “Bigger”, de periodicidade mensal, e que cobre
aspectos da cidade e da região menos presentes nos restantes orgãos de comunicação
e portanto com um espaço de intervenção muito próprio.
Há ainda a registar, com o apreço merecido por quem ousa surgir contra
uma corrente negativa de desaparecimento de jornais em papel, o jornal “Mais Guimarães”
que sucede à revista com o mesmo nome (que se publica mensalmente) e que tem
feito um trabalho meritório na cobertura noticiosa do concelho.
Quanto às rádios mantem-se a Santiago e a Fundação que são as
detentoras dos alvarás concedidos no concelho de Guimarães.
Devo dizer, a concluir, que correndo o risco de ser eventualmente
injusto não posso deixar de considerar que o jornalismo escrito (em papel) e
radiofónico que se faz hoje em Guimarães deixa algo a desejar mesmo por
comparação com o jornalismo que se fez no passado mais ou menos recente.
Creio haver pouca investigação, pouca curiosidade em questionar o
porquê das coisas, “notícias” que são publicadas ao sabor dos interesses das fontes
sem merecerem qualquer dúvida jornalística e uma proximidade excessiva, às
vezes sufocante, ao poder político e a outros poderes de algumas das principais
instituições do concelho.
Dir-me-ão que em tempos difíceis é o preço da sobrevivência.
Será.
Mas é desejável que deixe de ser, tão depressa quanto possível, e que
todos possam seguir o seu caminho longe de qualquer tentação tulelar dos
poderes instituídos e privilegiando sempre a isenção, a independência e a equidistância
informativa no tratamento de todos os assuntos.
Guimarães merece-o e estou certo que os jornalistas vimaranenses são
disso capazes.
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