terça-feira, dezembro 18, 2018

Democracia e Informação V

O meu artigo de hoje no jornal digital Duas Caras.

Nas últimas semanas, intervalando-os com outros assuntos, escrevi quatro artigos sobre a comunicação social vimaranense dentro da perspectiva que dela tenho desde o final dos anos sessenta do seculo passado eaté à actualidade.
Perspectiva essa que começou como leitor do “Notícias de Guimarães” nessa época final do Antigo Regime, que continuou como colaborador de vários jornais e rádios ( e até de uma televisão “Pirata” conhecida como TV Covas e depois  Televisão Regional de Guimarães) desde 1983 até ao presente de forma quase ininterrupta, e que concluo agora com este quinto e último texto sobre o assunto.
Fazendo a ressalva que continuo a ser leitor de alguns orgãos de comunicação local, agora na net, mas que deixei há muito de ouvir as rádios locais e a colaboração cinge-se, e assim continuará a ser enquanto a Catarina Castro Abreu quiser, exclusivamente ao “Duas Caras”.
O resto é passado.
Devo referir, ainda, porque não o fiz nos artigos anteriores que há um jornal em Guimarães que merece uma saliência especial porque creio ser único no país e ao longo dos anos tem mostrado a viabilidade de um projecto que começou por ser um sonho(bem sucedido) do Amadeu Portilha.
Refiro-me ao “Desportivo de Guimarães” que de há muitos anos a esta parte faz a cobertura exaustiva do que se passa no concelho em termos desportivos desde o Vitória e o Moreirense na primeira liga até aos clubes mais modestos e humildes de outras modalidades que não o futebol.
Recordo-me bem dos seus tempos iniciais em que as dúvidas em seu redor eram muitas e o ceptcismo quanto ao seu futuro imenso mas a verdade é que se impôs e é hoje uma agradável certeza da comunicação social vimaranense.
 E qual é então o panorama hoje?
Desde logo um panorama influenciado pelo advento da internet e do mundo de inovação e posssibilidades que ela abriu e que em Guimarães, como no resto do país (e do mundo), tem expressão evidente nas redes sociais, na comunicação social digital, nas páginas on line e por aí fora de que o “Duas Caras” é um visível e agradável exemplo.
E como não há bele sem senão é também evidente que esse mundo novo significou em muitos casos o progressivo desaparecimento do mundo “velho” ou seja os jornais em papel que durante tanto tempo tiveram um papel fundamentalna iformação e entretenimento dos cidadãos.
Foi assim que desapareceram alguns dos títulos referidos em artigos anteriores mas dos quais se releva o fim dos históricos “Notícias de Guimarães”, “Povo de Guimarães” e  “Toural/Expresso do Ave” que durante tanto tempo foram referências jornalisticas do concelho vitimados também pela crise económica e consequente retracção do mercado publicitário.
Outros sobreviveram por mérito da sua gestão como são os casos do “Comércio de Guimaraes”, do atrás referido “Desportivo de Guimarães” e do “Reflexo” que se publica nas Caldas das Taipas e cuja qualidade informativa tem subido de forma apreciável nos últimos anos.
Existe ainda a revista “Bigger”, de periodicidade mensal, e que cobre aspectos da cidade e da região menos presentes nos restantes orgãos de comunicação e portanto com um espaço de intervenção muito próprio.
Há ainda a registar, com o apreço merecido por quem ousa surgir contra uma corrente negativa de desaparecimento de jornais em papel, o jornal “Mais Guimarães” que sucede à revista com o mesmo nome (que se publica mensalmente) e que tem feito um trabalho meritório na cobertura noticiosa do concelho.
Quanto às rádios mantem-se a Santiago e a Fundação que são as detentoras dos alvarás concedidos no concelho de Guimarães.
Devo dizer, a concluir, que correndo o risco de ser eventualmente injusto não posso deixar de considerar que o jornalismo escrito (em papel) e radiofónico que se faz hoje em Guimarães deixa algo a desejar mesmo por comparação com o jornalismo que se fez no passado mais ou menos recente.
Creio haver pouca investigação, pouca curiosidade em questionar o porquê das coisas, “notícias” que são publicadas ao sabor dos interesses das fontes sem merecerem qualquer dúvida jornalística e uma proximidade excessiva, às vezes sufocante, ao poder político e a outros poderes de algumas das principais instituições do concelho.
Dir-me-ão que em tempos difíceis é o preço da sobrevivência.
Será.
Mas é desejável que deixe de ser, tão depressa quanto possível, e que todos possam seguir o seu caminho longe de qualquer tentação tulelar dos poderes instituídos e privilegiando sempre a isenção, a independência e a equidistância informativa no tratamento de todos os assuntos.
Guimarães merece-o e estou certo que os jornalistas vimaranenses são disso capazes.

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