Depois de umas longas férias dadas pela Catarina Castro Abreu é tempo de voltar às crónicas num “Duas Caras” cada vez mais bem servido de cronistas que lhe asseguram uma diversidade de opiniões invulgar na imprensa regional e que o transformam num tão necessário espaço de liberdade.
Num tempo de mudanças e transformações gostaria de hoje deixar aqui
três sucintas reflexões sobre três temas muito diversos mas que compõe a
actualidade dos nossos dias.
A primeira é sobre a saída da dra Joana Marques Vidal da Procuradoria
Geral da República onde vinha desenvolvendo um trabalho magnifico que prestigiava
a Justiça e transmitia(finalmente!!!) aos cidadãos a convicção de que perante a
Lei todos são iguais independentemente do poder político, financeiro ou
desportivo.
Mas a luta corajosa contra a corrupção por ela liderada teve o azar ,
se assim se lhe pode chamar, de se meter com o PS, com o BES e com o Benfica e
isso neste país ainda se paga muito caro porque mexe com todos os poderes
instituídos.
E por isso o governo, com a conivência do Presidente da República,
tratou de a substituir mal pôde com argumentos falsos, constitucionalmente
inexistentes e que fariam corar de vergonha os seus autores se vergonha fosse
sentimento que conhecessem.
A Justiça é, todos o sabem, um dos pilares essenciais do Estado
democrático pelo que se torna incompreensível esta substituição da pessoa que
mais fez pela credibilidade e prestigio da Justiça desde o 25 de Abril.
A segunda reflexão tem a ver com a política partidária em termos
nacionais.
E com a constatação de que o PS não a tendo, de facto, governa como se
tivesse maioria absoluta fazendo o que quer e lhe apetece, corando a direito
onde entende fazê-lo (como por exemplo na substituição da PGR) e ainda lhe
sobrando tempo e disposição para se rir na cara dos outros partidos.
À sua esquerda PCP, BE e Verdes, enredados na teia da geringonça já
perceberam que aquilo que de bom os portugueses virem na acção governativa
atribuirão o mérito (e os votos) exclusivamente ao PS deixando para os
restantes “geringonçeiros” o ónus do que não foi feito ou foi feito de forma
diversa da que entendiam como a mais correcta.
E nesse aspecto as sondagens são inequívocas.
O PS encaminha-se lentamente para uma possível maioria absoluta
enquanto os restantes partidos de esquerda
nada capitalizam, bem pelo contrário, com o apoio que deram ao governo
desde o seu primeiro dia correndo o sério risco de serem eleitoralmente
penalizados.
À direita do PS a preocupação para os socialistas é quase nenhuma
porque com o maior partido parlamentar mergulhado na oposição a si próprio não
vem dali risco de mossa eleitoral enquanto o crescimento real do CDS nunca será
suficiente para por em causa a possível maioria absoluta ou, quando muito, uma
maioria relativa que será depois complementada com o ansioso Bloco de Esquerda.
Resta saber que papel desempenhará nestas contas o novo
partido-Aliança-mas esse não é tema para hoje.
Finalmente um apontamento local que me parece fazer todo o sentido.
Um dos principais temas da última campanha autárquica foi, como
estarão lembrados, a questão da rotunda de Silvares e o trânsito cada vez mais
congestionado naquela entrada/saída da cidade.
O PS defendia o desnivelamento da rotunda como a melhor solução
enquanto a coligação “Juntos por Guimarães” defendia um viaduto como a solução
mais económica e mais rápida para a resolução do problema.
O PS argumentava ter o apoio do governo para avançar com a obra
apresentando,contudo, uma calendarização tão complexa que desconfio que nem os
próprios a entendiam na sua plenitude enquanto a coligação com ou sem governo
se comprometia a ter a obra concluída até Dezembro deste ano.
Argumentavam contra isso os socialistas que era uma proposta
demagógica, inexequível e que a obra nunca estaria pronta na data que a
coligação apontava.
O PS ganhou as eleições autárquicas e portanto nunca saberemos se a
proposta da coligação era ou não concretizável no prazo apontado.
Mas sabemos, isso sim, que um ano depois das eleições e contando com o
tal apoio do governo nem uma pedra foi mexida em Silvares continuando os
automobilistas a terem de defrontar aquele calvário de entrar e sair na cidade
nas horas de ponta.
E contra factos não há argumentos!
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