domingo, setembro 30, 2018

Sentido de Estado

Tenho lido uma ou outra, escassas a bem dizer, opiniões a defenderem o sentido de estado de Rui Rio na substituição da actual Procuradora Geral da República,Joana Marques Vidal(JMV), pela futura Procuradora Lucília Gago.
E fiquei confuso quanto a esses conceitos de sentido de estado devo dizê-lo.
Na campanha das directas Rio disse que não estava satisfeito com o mandato da PGR.
Já líder considerou que a sentido de Estado era não se pronunciar sobre o assunto assim desautorizando o grupo parlamentar que através de Fernando Negrão , e não só, já defendera a recondução de Joana Marques Vidal.
A seguir veio dizer que só se pronunciaria sobre o assunto depois de o primeiro-ministro o fazer o que é forma no mínimo "sui generis" de fazer oposição e liderar a agenda política.
No próprio dia do anúncio da não recondução fez a mais insólita conferencia de imprensa a que me lembro de assistir de um líder da oposição dizendo que se o governo reconduzisse JMV estava bem mas que se não reconduzisse também estaria bem(!!!) desde que a substituísse por alguém da chamada sociedade civil o que evidentemente nunca aconteceu nem iria acontecer. 
E isto depois de ter sido desprezado em todo o processo por Marcelo e Costa que nunca cuidaram de saber da sua opinião bem ao contrário do que fizera Cavaco Silva, aquando da nomeação de Pinto Monteiro, em que condicionara a sua nomeação ao primeiro ministro de então-José Sócrates- ouvir o líder da oposição.
Finalmente conhecida a não recondução de JMV veio dizer que a PGR fizera o melhor mandato desde o 25 de Abril!
Não sei, sinceramente, onde está o sentido de Estado de avanços e recuos, afirmações e contradições das mesmas, aceitação sem revolta da marginalização a que foi sujeito, do "tanto faz" como forma de marcar uma posição política, da recusa em liderar a agenda e fazer oposição a um governo que tomou uma decisão erradissíma.
Mas também já não é problema meu.
Depois Falamos

Moínho


Londres


Linces


sexta-feira, setembro 28, 2018

Revisão Estatutária

Perante a próxima revisão estatutária a ser efectuada no Vitória Sport Clube deixo aqui uma primeira ideia sobre uma reforma que me parece fundamental e que até hoje nunca houve a coragem de levar a cabo.
Refiro-me ao Conselho Vitoriano.
Um orgão que na sua actual formulação não serve rigorosamente para nada!
Duvido até que nos últimos quinze anos, para abranger várias presidências de molde a não melindrar ninguém, tenha reunido mais vezes do que aquelas que os dedos de uma só mão chegam perfeitamente para contar.
É um orgão de aconselhamento da direcção que tem a desdita de nenhuma direcção se mostrar interessada no seu conselho e cujas centenas de associados que por lá passaram também nunca se mostraram especialmente interessados em ter um papel activo com excepção de algumas iniciativas, promovidas no tempo de Emílio Macedo da Silva, que visaram prestar esclarecimentos sobre o que eram as sociedades anónimas desportivas então a despontarem.
De resto sendo a sua grande responsabilidade estatutária o assegurar os destinos do clube em caso de vacatura dos orgãos sociais tal nunca aconteceu e é cada vez mais improvável que venha a acontecer face às novas realidades.
Penso que é tempo de reformular o Conselho Vitoriano.
Desde logo democratizando-o.
Passando a ser eleito por todos os sócios, juntamente com os restantes orgãos sociais, ao invés de como acontece desde sempre e que é ser escolhido pelas direcções e depois ratificado em assembleia geral.
Mas indo mais longe.
Permitindo que a sua eleição seja por método de Hondt, através das listas concorrentes aos orgãos sociais e de listas formadas por associados que desejem especificamente concorrer apenas a esse orgão.
Tomando o exemplo do último acto eleitoral, e para um Conselho de 25 membros, a lista vencedora teria eleito 13 ou 14 conselheiros e a lista vencida 12 ou 11 conforme os resultados apurados.
E isso permitiria que "todo" o clube estivesse no Conselho Vitoriano sem que isso afectasse a realidade de os restantes orgãos sociais eleitos representarem o clube no seu todo.
E esse novo conselho vitoriano teria nas suas funções a responsabilidade de debater e se pronunciar, previamente à apresentação dos mesmos em assembleia geral, sobre documentos tão importantes como orçamentos e relatórios e contas.
Permitindo um debate e uma análise mais profundas do que aquelas que são possíveis de fazer nas assembleias gerais.
E quem diz esses diz outros assuntos relevantes para o clube e que não tem na actualidade( nem nunca tiveram) um fórum interno onde seja possível o merecido debate.
Não é fazer do Conselho Vitoriano uma espécie de Parlamento,longe disso, mas um espaço onde o clube possa ser analisado e debatido de forma abrangente e em que todas as sensibilidades possam estar representadas.
Fica a ideia.
Depois Falamos

quinta-feira, setembro 27, 2018

Cobh, Irlanda


Ursos


Lago Urmia, Irão


Dinheiro

O meu artigo desta semana no zerozero.

O passado tendo um lugar importante na nossa memória deve ser contextualizado como algo que teve o seu tempo, não volta, e por isso não vale a pena ficarmos agarrados a ele como se contivesse alguma solução para o futuro.
O futebol, modalidade mais que centenária e com expressão mundial inigualável, tem naturalmente o seu passado, as suas lendas, as suas memórias dos grandes jogos,dos grande jogadores e treinadores, das grandes competições.
Mas não pode viver disso.
Porque caso contrário os recintos ainda seriam pelados, não haveria substituições, as botas dos jogadores continuariam a ter travessas, não haveria transmissões televisivas e por aí fora naquilo que podia ser um estendal de diferenças em relação ao presente.
Vivemos outros tempos.
E por isso na actualidade o dinheiro tem um papel absolutamente decisivo no futebol relegando para as memórias longínquas conceitos tão engraçados como o “amorà camisola” ou o “amadorismo” dos praticantes.
Hoje tudo se faz e gira em volta do dinheiro.
DO dinheiro das televisões, essencialmente, do dinheiro dos patrocínios, do dinheiro do merchandising, do dinheiro da publicidade.
E quem tem dinheiro tem ambições porque quem não tem está cada vez mais relegado a um papel secundário,de figurante, perante aqueles que dispõe de meios superiores que lhes permitem fazer a diferença na qualidade futebolística das suas equipas.
Dir-me-ão que sempre assim foi e que já no tempo das “balizas às costas” havia os mais ricos e os pobres em função do número de adeptos e consequentes receitas de bilheteira e cotizações que era o que nesse tempo fazia a diferença.
É verdade.
Mas as diferenças nesses tempos eram menores em relação aos tempos actuais em que se vai verificando que em quase todo o lado (a Inglaterra será a saudável excepção) os ricos estão cada vez mais ricos e os outros cada vez mais remediados.
Uma das grandes responsáveis disso foi e é a UEFA.
Que mais do que defender o futebol e a sua competitividade, que está na génese da paixão mundial por esse desporto, se preocupa cada vez mais é em defender o negócios e os interesses das gigantescas multinacionais que nele investem em troco de lucros chorudos.
A Liga dos Campeões foi o primeiro passo na subversão do futebol.
Porque criou uma falsa élite (quantos clubes jogam na Liga dos Campeões que nunca foram ou não são há muito tempo campeões de coisa nenhuma ?) a quem vai enchendo de dinheiro com isso cavando fossos internos nos respectivos campeonatos que são cada vez mais intransponíveis e minam a competitividade e interesse dos mesmos.
Olhemos alguns países a titulo de exemplo.
Em Portugal,Porto e Benfica.
Em Espanha, Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid.
Em França,  PSG, Marselha e O.Lyon.
Na Alemanha, Bayern e Borússia Dortmund.
Em Itália, Juventus, Nápoles, Inter e Roma.
Na Rússia, Zénit e CSKA de Moscovo.
Na Holanda, Ajax e PSV
NA Suiça, o Basileia.
Na Bélgica, Anderlecht e Brugges.
Na Ucrânia, Dinamo de Kiev e Shaktar Donetsk.
Nestes dez campeonatos, dos mais competitivos da Europa, os clubes que referi são aqueles que estão sempre na Liga dos Campeões (pode um ou outro falhar uma ou outra vez mas é a excepção que confirma a regra)e que por isso cada vez recebem mais dinheiro quer pela presença, quer pelos pontos conquistados,quer pelas diversas etapas que vão ultrapassando e por isso estão cada vez mais senhores de um poder financeiro que os seus concorrentes internos não tem.
Na muito mais democrática Inglaterra, onde se valoriza o negócio mas  ama o futebol, embora haja “clientes” habituais da Liga dos Campeões (os dois de Manchester, Liverpool, Arsenal, Chelsea) o acesso à mesma está mais aberto e permite que outros clubes como o Tottenham, e o Leicester (como campeão convém recordar) também lá possam chegar como representantes de um país que já conheceu vinte e quatro campeões nacionais de futebol!
É evidente que o segredo disso está na paixão pelo futebol e na negociação centralizada dos direitos televisivos mas não é disso que quero hoje falar especificamente.
O que está em causa, verdadeiramente, é o ser a própria UEFA que com esta política financeira da Liga dos Campeões está  a cavar fossos imensos nas competições nacionais entre os que tem o dinheiro europeu e os que tem de se contentar com receitas nacionais.
Objectivo?
Muito simples.
Tornar as competições nacionais tão monótonas e desinteressantes que torne obrigatória a criação da tão desejada (pela UEFA e pelos patrocinadores) super liga europeia com os fabulosos proveitos financeiros que se adivinham para quem nela investir e para os clubes que nela participem.
Os outros,bem, os outros ficarão remetidos para as competições nacionais que serão uma versão profissional dos “solteiros contra casados” a jogar quando as competições europeias lhes derem tempo e espaço.
Pessimismo?
Apenas realismo facilmente confirmável por quem andar atento a estas coisas dos campeões e dos milhões.

quarta-feira, setembro 26, 2018

PSD 1975-2018

Desfiliei-me esta semana do PSD depois de 43 anos de militância iniciada em 1975 na JSD.
Fi-lo depois de uma reflexão demorada, profunda, naturalmente dolorosa mas tão objectiva quanto possível.
Nela pesaram, inevitavelmente, as estruturais divergências com o rumo actual do partido, a condescendência deste perante o governo, a estratégia que vem sendo seguida que leva à subalternização ao PS, o confundir propostas do PSD com as da esquerda radical, o posicionamento autoritário perante militantes que se exprimem em Liberdade, as trapalhadas das várias posições em volta da substituição da PGR entre outras atitudes que julgava impossíveis de acontecerem no partido que foi de Francisco Sá Carneiro...mas aconteceram!
Não lamento nem por um minuto os 43 anos que passei no PSD onde vivi momentos fantásticos, conheci pessoas extraordinárias e fiz imensas amizades. 
Mas depois de concluir que tinha chegado o tempo de sair não perdoaria a mim próprio se nele permanecesse mais um minuto que fosse.
E aí chegado entendi que era hora de agir e formalizei a desfiliação.
Com tristeza mas de consciência tranquila. 
A Vida continua!

terça-feira, setembro 25, 2018

Tigre


Kinsale,Irlanda


Comboio


Problemas

O meu artigo desta semana no jornal digital "Duas Caras.

Depois de umas longas férias dadas pela Catarina Castro Abreu é tempo de voltar às crónicas num “Duas Caras” cada vez mais bem servido de cronistas que lhe asseguram uma diversidade de opiniões invulgar na imprensa regional e que o transformam num tão necessário espaço de liberdade.
Num tempo de mudanças e transformações gostaria de hoje deixar aqui três sucintas reflexões sobre três temas muito diversos mas que compõe a actualidade dos nossos dias.
A primeira é sobre a saída da dra Joana Marques Vidal da Procuradoria Geral da República onde vinha desenvolvendo um trabalho magnifico que prestigiava a Justiça e transmitia(finalmente!!!) aos cidadãos a convicção de que perante a Lei todos são iguais independentemente do poder político, financeiro ou desportivo.
Mas a luta corajosa contra a corrupção por ela liderada teve o azar , se assim se lhe pode chamar, de se meter com o PS, com o BES e com o Benfica e isso neste país ainda se paga muito caro porque mexe com todos os poderes instituídos.
E por isso o governo, com a conivência do Presidente da República, tratou de a substituir mal pôde com argumentos falsos, constitucionalmente inexistentes e que fariam corar de vergonha os seus autores se vergonha fosse sentimento que conhecessem.
A Justiça é, todos o sabem, um dos pilares essenciais do Estado democrático pelo que se torna incompreensível esta substituição da pessoa que mais fez pela credibilidade e prestigio da Justiça desde o 25 de Abril.
A segunda reflexão tem a ver com a política partidária em termos nacionais.
E com a constatação de que o PS não a tendo, de facto, governa como se tivesse maioria absoluta fazendo o que quer e lhe apetece, corando a direito onde entende fazê-lo (como por exemplo na substituição da PGR) e ainda lhe sobrando tempo e disposição para se rir na cara dos outros partidos.
À sua esquerda PCP, BE e Verdes, enredados na teia da geringonça já perceberam que aquilo que de bom os portugueses virem na acção governativa atribuirão o mérito (e os votos) exclusivamente ao PS deixando para os restantes “geringonçeiros” o ónus do que não foi feito ou foi feito de forma diversa da que entendiam como a mais correcta.
E nesse aspecto as sondagens são inequívocas.
O PS encaminha-se lentamente para uma possível maioria absoluta enquanto os restantes partidos de esquerda  nada capitalizam, bem pelo contrário, com o apoio que deram ao governo desde o seu primeiro dia correndo o sério risco de serem eleitoralmente penalizados.
À direita do PS a preocupação para os socialistas é quase nenhuma porque com o maior partido parlamentar mergulhado na oposição a si próprio não vem dali risco de mossa eleitoral enquanto o crescimento real do CDS nunca será suficiente para por em causa a possível maioria absoluta ou, quando muito, uma maioria relativa que será depois complementada com o ansioso Bloco de Esquerda.
Resta saber que papel desempenhará nestas contas o novo partido-Aliança-mas esse não é tema para hoje.
Finalmente um apontamento local que me parece fazer todo o sentido.
Um dos principais temas da última campanha autárquica foi, como estarão lembrados, a questão da rotunda de Silvares e o trânsito cada vez mais congestionado naquela entrada/saída da cidade.
O PS defendia o desnivelamento da rotunda como a melhor solução enquanto a coligação “Juntos por Guimarães” defendia um viaduto como a solução mais económica e mais rápida para a resolução do problema.
O PS argumentava ter o apoio do governo para avançar com a obra apresentando,contudo, uma calendarização tão complexa que desconfio que nem os próprios a entendiam na sua plenitude enquanto a coligação com ou sem governo se comprometia a ter a obra concluída até Dezembro deste ano.
Argumentavam contra isso os socialistas que era uma proposta demagógica, inexequível e que a obra nunca estaria pronta na data que a coligação apontava.
O PS ganhou as eleições autárquicas e portanto nunca saberemos se a proposta da coligação era ou não concretizável no prazo apontado.
Mas sabemos, isso sim, que um ano depois das eleições e contando com o tal apoio do governo nem uma pedra foi mexida em Silvares continuando os automobilistas a terem de defrontar aquele calvário de entrar e sair na cidade nas horas de ponta.
E contra factos não há argumentos!

domingo, setembro 23, 2018

Dez Conclusões

Dez conclusões sobre este decepcionante Portimonense-Vitória.

1) Esta inesperada derrota tem um rosto. O do treinador Luís Castro que falhou em em toda a linha desde a estratégia até ao incompreensível onze inicial.
2) Depois de três semanas de campeonato parado esperava-se um Vitória com ideias definidas, um onze coerente, uma atitude muito mais competitiva e assumpção do jogo desde o primeiro minuto.
3) Apareceu uma equipa confusa, cheia de médios como se estivesse a jogar no Nou Camp , no Delle Alpi ou em Anfield Road, ficando à espera de ver o que o adversário fazia.
4) Jogadores com rendimento positivo como Florent, Boyd e Joseph desapareceram da equipa, e da própria convocatória, sem que se tivesse percepcionado a mínima vantagem nisso.
5) No defeso contrataram-se jogadores como Davidson, Guedes e Ola John e fez-se regressar Tyler Boyd mas hoje apareceram a jogar como alas os médios Tozé e João Carlos Teixeira que não sendo extremos nunca puderam proporcionar bolas rematáveis a um isolado Tallo.
6) A defesa, que parecia o sector mais consolidado da equipa, fartou-se de errar na marcação aos adversários com João Afonso e Sacko a terem uma noite verdadeiramente desastrosa que o talento de jogadores como Nakajima, Paulinho e Everton ajuda a explicar mas não explica totalmente.
7) Ao intervalo Luis Castro teve de queimar duas substituições para remendar os erros do onze inicial fazendo entrar dois verdadeiros extremos para substituírem os médios que vinham jogando nessas posições embora ache que Tozé foi muito mal tirado porque era  o mais dinâmico dos centro campistas. Depois quando foi preciso ir em busca do empate (ainda estava 0-1) trocou um ponta de lança por outro o que a defesa adversária não deixou de agradecer.
8) Matheus Oliveira, acabado de chegar, entrou directamente para o onze mas sem ritmo de jogo apenas se viu nas bolas paradas. André André esteve muito discreto, Pedro Henrique procurou valer a uma defesa esburacada, Tallo não teve bolas rematáveis nem apoio próximo e Douglas nada podia fazer nos golos.
9) Os já famosos estilistas da Liga voltaram a fazer das suas e ambas as equipas jogarem com os equipamentos alternativos! Sempre a inovarem...
10) Luís Godinho fez um bom trabalho sem margem para reparos. E se algum engano cometeu ( e o VAR ratificou) foi a  favor do Vitória no lance do nosso primeiro golo.

Perder com o último, pese embora com equipa para trepar rapidamente na classificação, é sempre desanimador especialmente quando esta tendência para "pai dos pobres" se torna numa tendência cada vez mais constante para o Vitória.
E embora o plantel careça do tal goleador que acabou por não chegar a verdade é que tem valores individuais para fazerem um colectivo bem melhor do que aquilo que se tem visto e cuja quase constante inexistência já nos custou um ponto na Luz, dois em casa com o Feirense e agora três em Portimão. Mais a taça da liga convém não esquecer.
Jogar em Portimão como devia ter jogado na Luz e jogar na Luz como devia ter jogado em Portimão (refiro-me a dispositivo táctico) são apenas dos dos muitos equívocos que estão a marcar este início de época e que o triunfo no "Dragão" não consegue tornar despercebidos.
Não é caso para desesperos ou medidas radicais,como é evidente, mas a verdade é que o plantel dá para bem mais do que se tem visto e há que arrepiar caminho o mais depressa possível sob pena de a Europa começar a distanciar-se mais.
Depois Falamos.

Castelo Argyll, Escócia


Ayers Rock


Águia

Foto: National Geographic

quinta-feira, setembro 20, 2018

Obsceno

O que se passa hoje com a sport-tv é simplesmente obsceno e apenas possível num país em que a força da opinião pública é ainda muito reduzida especialmente se comparada com o que se passa noutros países onde ninguém ousaria ter pelos clientes o desrespeito que a sport-tv tem.
Não me refiro hoje ao agendamento de jogos para dias e horas inconvenientes para os adeptos nem sequer aos programas televisivos em que uma empresa privada que tem nos seus clientes adeptos de todos os clubes apenas dá voz a três deles.
Não.
Refiro-me a razões comerciais.
As razoes comerciais de uma empresa que durante vinte anos teve o quase monopólio das transmissões televisivas de futebol incluindo as competições europeias , as principais ligas (Espanha, Inglaterra, Itália,Alemanha, França, etc) e naturalmente a liga portuguesa e que em função desse monopólio praticava os preços que muito bem lhe apetecia.
Este ano, fruto da entrada no mercado português de um novo operador-a Eleven- e das competições   cujos direitos ele adquiriu, a sport-tv perdeu as transmissões da Liga dos Campeões e das ligas espanhola,francesa e alemã entre outras de menor impacto.
Sendo a oferta consideravelmente menor seria natural que o preço cobrado aos clientes também descesse em função disso.
Qual quê.
A sport-tv assobiou para o ar, manteve os preços inalterados e continua como se nada fosse.
Em Portugal!
Porque noutro país qualquer em que a opinião pública tivesse consciência da sua força e ,portanto, do seu poder ninguém se atreveria a semelhante.
Depois Falamos.

terça-feira, setembro 18, 2018

Gil Mesquita

Não posso dizer que tenha conhecido muito bem Gil Mesquita Viera de Andrade.
Conhecia-o antes de o conhecer (pessoalmente) nos tempos em que dirigiu o departamento de futebol sob a presidência de Fernando Roriz nomeadamente naquela inesquecível época em que ficamos a três pontos de sermos campeões nacionais.
Depois lembro-me dos quatro anos em que ocupou a presidência do clube (1976-1980) ,e que antecederam o longo consulado de António Pimenta Machado, nos quais o Vitória começou a dar os primeiros passos para o seu crescimento patrimonial com a aquisição dos terrenos da Unidade que estariam na origem do magnifico complexo desportivo que aí seria erigido.
Em termos desportivos não foram anos de particulares alegrias com o Vitória a classificar-se por três vezes em sexto lugar e uma em nono mas foi tempo de o seu presidente ganhar o respeito dos seus congéneres e afirmar uma imagem de cavalheirismo que foi desde sempre a sua imagem de marca.
Posteriormente estaria cerca de uma década a dirigir a Associação de Futebol de Braga na qual teve papel relevante em vários momentos de que me permito citar dois em que o Vitória esteve directamente envolvido.
Um na "conquista" para Guimarães de uma das sedes do Mundial de sub-20 de 1991 que valeram ao clube investimentos importantes para a remodelação do estádio e o outro no famigerado " Caso NDinga" em que a sua acção foi determinante para o assunto ter terminado sem graves problemas para o Vitória.
Viria posteriormente a sair da AFB profundamente magoado com o então presidente do Vitória, que considerava não ter apoiado a sua continuidade, e nunca mais voltou ao dirigismo desportivo fruto dessa mágoa que o terá acompanhado ao longo de todos estes anos.
Tive oportunidade de o conhecer melhor, para lá dos cumprimentos de ocasião, quando em 1997 presidi à comissão que organizou as comemorações dos 75 anos do Vitória.
Tive então oportunidade de convidar pessoalmente todos os  ex presidentes para participarem nos actos comemorativos e recordo-me de duas longas conversas que com ele mantive no seu escritório para esse fim.
Confirmei que era um cavalheiro, um enorme vitoriano, mas também que essa mágoa o mantinha afastado do clube enquanto ele fosse presidido por Pimenta Machado.
Mesmo assim compareceu num ou dois eventos o que me aprouve registar com muito agrado.
Foi um homem bom que serviu o Vitória e o futebol de forma competente e desinteressada e que por isso merece a gratidão de todos quantos gostam do clube e da modalidade.
Depois Falamos.

sexta-feira, setembro 14, 2018

Quatro Pontos

O meu artigo desta semana no zerozero.

Passado o período estival e feito um compasso de espera a ver no que paravam as modas da nova época desportiva, e especialmente no que ao futebol concerne, é tempo de voltar às crónicas que muito tempo atrás o Luís Paulo Rodrigues me deu a honra de convidar a fazer para o zerozero.
E por isso hoje abordarei quatro temas diferentes e de plena actualidade.
O primeiro tem a ver com aquilo a que se pode chamar “época nova e pecados velhos”.
Refiro-me naturalmente ao futebol que em toda a Europa, sem qualquer dúvida e de bem longe, mais polémicas envolve ao ponto de elas serem quase uma obrigatoriedade (fomentada ,é certo, por alguns jornais e televisões porque polémicas....vendem) sem a qual o nosso futebol não seria o que é!
Ao fim da primeira jornada já se discutiam árbitros e arbitragens, nomeações e erros do VAR, sempre com os clubes do costume,especialmente Benfica e Porto porque o Sporting andava entretido com os seus próprios problemas, a contribuírem para o desprestigio e descredibilização de um futebol que já anda muito por baixo nessas matérias.
É absolutamente impressionante como os dirigentes desses clubes não percebem o mal que andam a fazer ao nosso futebol com essas polémicas, essa conflitualidade permanente, essa constante troca de acusações que apenas os colocam num ridículo de que infelizmente nem se apercebem.
O segundo tem muito a ver com o primeiro e versa a questão das polémicas em volta dos famigerados e-mails divulgados pelo Porto e pertencentes ao Benfica.
É uma questão que seria simples noutro país mas ameaça arrastar-se sem fim à vista no país das polémicas ao sabor de investigações que parecem não ter fim e de um empurrar de culpas entre as partes envolvidas.
A questão é simples.
Houve um hacker que roubou ao Benfica correio privado?
Puna-se conforme as leis.
Houve quem pagasse ao ladrão para obter os documentos?
Puna-se conforme as leis.
Esses mails revelam a prática de crimes diversos pelo seu proprietário?
Puna-se conforme as leis e neste caso também as leis desportivas.
Não vejo onde está a dificuldade!
O terceiro ponto tem a ver com a selecção nacional que depois de um Mundial algo amargo, e em que ficou a sensação de que podíamos ter ido bem mais longe, regressou à competição participando na novel Liga das Nações que é uma invenção da UEFA para as federações (e ela própria naturalmente) ganharem mais dinheiro à custa dos clubes que são quem paga aos jogadores e que os veem sujeitos a um desgaste cada vez maior época após época.
Com Ronaldo de férias em termos de selecção foi oportunidade de Fernando Santos convocar muita gente nova para os jogos com a Croácia e com a Itália, o primeiro particular e o segundo oficial, devendo dizer-se que a resposta dos convocados foi positiva porque depois de um jogo “entretido” (como diria o grande Quinito) com a Croácia fizeram uma boa exibição face aos italianos conquistando justa vitória e deixando no ar a estranha impressão de que Portugal é mais forte com Ronaldo mas joga melhor sem ele!
Os próximos jogos, se Ronaldo continuar de “licença sabática”, confirmarão essa impressão ou não.
Ainda em relação à selecção de salientar a par das justas chamadas de Cláudio Ramos, Rony Lopes, Bruma e Pizzi a facilidade com que jogadores do Benfica vão à selecção depois de três ou quatro bons jogos pelo clube como foi o caso de Gedson Fernandes.
Recordo-me que em tempos no último ano de André André no Vitória, antes de se transferir para o Porto, estava ele a fazer uma época extraordinária onde já levava uma dúzia de golos marcados mais algumas assistências perguntaram a Fernando Santos porque razão nem para um jogo particular era convocado.
A resposta é para mim inesquecível e o angustiado “ E quem tiro?”  diz tudo sobre quem de facto tem influência nos bastidores.
Resta dizer que no final dessa época André foi transferido para o Porto e de imediato convocado para um jogo particular da selecção e que o seleccionador nunca teve essas angústias quanto ao referido Gedson e a outros jogadores como Renato Sanches que à sete meses não fazia um jogo oficial mas foi chamado.
O quarto ponto tem a ver com as curiosas escolhas de UEFA e FIFA quanto a melhores jogadores.
No Mundial a FIFA escolheu Modric como melhor jogador o que não sendo injusto porque de facto fez uma boa prova foi escolha que podia ter recaído sem qualquer problema em mais três ou quatro jogadores no minímo.
Agora foi a UEFA a considerar o mesmo Modric como melhor jogador da Europa na última época o que não pode deixar de ser considerado como uma decisão bizarra , pese embora a aparente democraticidade do colégio eleitoral,porque tendo o croata feito uma boa época houve quem tivesse feito bem melhor nomeadamente no próprio Real Madrid.
Com Cristiano Ronaldo à cabeça.
A dias de sabermos quem a FIFA vai considerar o melhor do mundo ( e depois mais para diante veremos quem será o “Bola de Ouro”)resta a curiosidade de ver se a “moda” Modric se mantém ou se de facto a escolha vai premiar quem foi mesmo o melhor do mundo em 2017/2018.
Porque se a escolha voltar a ser Modric teremos de nos lembrar irresistivelmente daquilo a que os espanhóis chamam a “mão negra” e que é a explicação para fenómenos aparentemente inexplicáveis e de que se suspeita que tenham sido manipulados de forma oculta.
Só que neste caso Modric parece,cada vez mais, que a mão não é negra mas sim...”blanca”.

Historinha

Há muitos anos o "meu" clube teve um presidente carismático e que obtendo triunfos diversos se manteve durante muito tempo na liderança.
 Mas um dia, cansado e desiludido, resolveu ir embora. 
Aí os "barões", que no futebol também os há, resolveram ir buscar o presidente de outro clube, muito mais pequeno e que lutava por objectivos bem diferentes, com o argumento que era muito sério, muito rigoroso, muito bom gestor, muito corajoso e senhor de sólidos principios.
 Foi recebido como o "salvador" da Pátria e ganhou as eleições por margem tranquila reunindo todas as condições para ser o presidente que ia unir o clube e ganhar muita coisa. 
Nem começou mal mas rapidamente as coisas descambaram porque sendo associado não era um homem frequentador do clube , conhecendo mal a sua História e tendo grande dificuldade em perceber os associados pelo que rapidamente passou a uma certa forma de autismo não ouvindo ninguém, decidindo conforme lhe dava na cabeça e ignorando as opiniões de alguns colegas de direcção que bem o avisavam que ia por mau caminho.
 O resultado foi que o meu clube dirigido pelo homem muito sério, muito rigoroso,muito bom gestor, muito corajoso e senhor de sólidos princípios desceu de divisão perante a estupefacção e desgosto dos associados e adeptos a quem nem no pior dos pesadelos essa possibilidade tinha passado pela cabeça.
Claro que o "homem providencial" foi embora, perante as vaias de quem antes o aplaudira, deixando o clube numa situação dificilima perdido nas profundezas da segunda divisão.
 Felizmente foi possível salvá-lo mas há histórias felizes que não se repetem. 
E este último parágrafo nada tem a ver com o Vitória.
Depois Falamos

quarta-feira, setembro 12, 2018

Sugestão de Leitura

É um livro cuja chegada ao mercado aguardava com grande curiosidade dadas todas as peripécias que envolveram a exoneração do autor como director do FBI em mais uma das "Trumpalhadas" com que o presidente americano nos brinda quase diariamente.
E não desiludiu a expectativa.
Escrito num registo auto biográfico o autor ao mesmo tempo em que vai narrando a sua vida e os diversos cargos que desempenhou transmite também a sua visão sobre Valores essenciais como a Justiça, a liderança ética e a equidade.
Narrando vários episódios sobejamente conhecidos como a investigação aos e-mail de Hillary Clinton, o caso "Whitewater", ou o 11 de Setembro em que esteve directamente envolvido nas investigações.
Fica também o testemunho sobre os três presidentes com que trabalhou (George W. Bush, Barak Obama e Donald Trump) no qual deixa transparecer a sua admiração pelas qualidades humanas e de liderança de Obama a par do respeito por Bush e de um completo desprezo por Trump.
E são precisamente sobre Trump e a sua administração que se centram os três últimos capítulos do livro transmitindo um visão aterradora sobre as pessoas a quem hoje está entregue a Casa Branca e a liderança da maior potência mundial.
Aterradora mesmo.
Um livro a não perder por quem se interessa por questões de política mundial que acabam por ter reflexo na vida de todos nós.
E um aguçar da curiosidade sobre o livro de Bob Woodward, "Medo", ontem publicado nos Estados Unidos e que um destes dias chegará a Portugal.
Depois Falamos.

terça-feira, setembro 11, 2018

O Ponto 3

Foto: O Lado V

Nas linhas que se seguem procurarei explicitar o meu pensamento sobre o já célebre ponto 3 da última assembleia geral do Vitória na linha do que ponderei dizer na própria reunião magna mas que acabei por não fazer dado o ponto ter sido retirado.
A realidade dos factos é conhecida de todos.
O Vitória tem 40% das acções de uma SAD que gere o seu futebol profissional sendo os restantes 60% detidos por um accionista maioritário,Mário Ferreira (MF) que detém cerca de 55% das acções estando os restantes 5% espalhados por pequenos accionistas a maioria dos quais detendo o mínimo de 50 acções que lhes permite terem assento na AG da SAD.
Tem também o Vitória cerca de dezena e meia de direitos de veto,consagrados no pacto social estabelecido com a SAD, que lhe garantem a presidência da SAD e a impossibilidade de mudança de nome ,símbolo, sede social, aumento ou redução de capital social, nomeação de administradores pelos accionistas ,entre outros, sem a sua aprovação
Há porém um direito de veto que o clube não tem.
Que é o de poder impedir o accionista maioritário, MF, ou qualquer outro accionista de vender as suas acções quando quiser, a quem quiser e pelo preço que quiser!
Terá, quando muito, o direito de preferência sobre essas acções mas é evidente que não tem dinheiro para o exercer pelo que nem vale a pena perder tempo com isso.
O que significa que no caso de MF, porque é esse o que tem significado, o accionista pode vender as suas acções a quem muito bem lhe apetecer seja ao BMG, à BMW, ao BIC, ou a qualquer outra empresa ou investidor individual.
Basta que lhe paguem o preço que ele entender como justo.
O que significa que se aparecer um investidor que lhe ofereça,por exemplo, 10 ou 12 milhões de euros (dobrando várias vezes o seu investimento no clube), é natural e compreensível que ele aceite a oferta.
Tal como é natural e compreensível que quem vier investir na SAD vitoriana queira controlar e acompanhar de perto os seus investimentos através da nomeação de administradores próprios como acontece, aliás, em qualquer outro negócio.
Com o direito de veto à nomeação de administradores pelos accionistas, que deixa à boa vontade do Vitória a aceitação de administradores nomeados por quem investe, é perfeitamente natural que quem vai entrar com o seu dinheiro num negócio sinta receio de não o poder controlar o que torna um investimento apetecível num investimento de risco evidente.
Porque corriam o risco de investirem tendo o clube uma direcção com a qual podiam ter um bom relacionamento, e que não colocaria problemas à nomeação de administradores, mas corriam o perigo de uma mudança directiva (e os sinais de desunião interna não são bons indicadores) levar a que outra direcção vetasse alguns administradores em funções e deixasse o investidor sem controle sobre o seu próprio dinheiro depois de já ter investido uns bons milhões de euros na SAD.
É evidente que quer para clube quer para o investidor seria péssimo existir um conflito desse género, que poderia levar à paralisação da SAD, mas é cada vez mais comum o improvável suceder e quem investe não gosta de riscos desses.
Leva-nos este raciocínio a quê?
Em minha opinião os direitos de veto ao dispor do clube não são todos de igual importância.
Inegociáveis são os que se referem ao nome, símbolo, sede em Guimarães e aumentos e reduções de capital social por exemplo.
Como é inegociável o clube manter 40% na SAD , o direito de nomear o seu Presidente e os poderes especiais deste no que que refere à vinculação da SAD.
Não considero o direito de veto à nomeação de administradores pelos accionistas um veto essencial.
Considero que em determinadas condições o clube pode prescindir dele em troco de lhe serem facultadas condições substanciais para poder disputar o acesso a outros patamares desportivos reforçando o seu estatuto de clube europeu, aproximando-se dos que vão à nossa frente e evitando aproximações perigosas dos que vem atrás ou, até, muito atrás.
Claro que essa perda de direitos, porque é disso que se trata não fujamos à questão, só é admissível num cenário de ser possível encontrar um investidor credível, com enorme capacidade financeira e que contratualize com a SAD as condições de investimento nelas salvaguardando claramente SAD e clube.
Se isso for possível  acho que vale a pena perder um veto que não é essencial em troca de um investimento que será vital para podermos ambicionar mais alto.
É  a minha opinião.
Depois Falamos.

O Plantel

Alguns dias depois do fecho do mercado aqui deixo o prometido comentário ao plantel do Vitória, equipa A, bem como às ambições que ele permite ter no campeonato nacional já em curso.
Começando pela baliza creio que estamos bem servidos de guarda redes com o trio Douglas, Miguel Silva e Miguel Oliveira a dar todas as garantias e a permitir a Luís Castro absoluta tranquilidade quanto ao sector.
Na lateral direita temos Sacko,Dôdô e Vítor Garcia e a quantidade neste caso não dá totais garantias de qualidade porque me parece que nenhum deles é um defesa direito "completo" na dupla vertente defesa-ataque. Sacko e Dôdô (19 anos) podem lá chegar mas já quanto a Vítor Garcia tenho dúvidas que se afirme no clube.
Na lateral esquerda Rafa Soares e Florent,duas contratações desta época, preenchem bem o lugar com Florent a afirmar-se mais rapidamente que o companheiro.
No centro da defesa temos quatro centrais; Pedro Henrique, João Afonso, Frederico Venâncio e Osório que devem chegar para as "encomendas". Há ainda na equipa B e nos sub 23 jovens talentosos com Romain Correia à cabeça para uma emergência.
Não será pela defesa,penso, que a equipa comprometerá os seus objectivos.
No meio campo há fartura de jogadores.
Wakaso, Célis, Tozé, Joseph, André André, João Carlos Teixeira, Francisco Ramos,Pêpê e Matheus Oliveira.
Todas as posições da intermediária se encontram bem preenchidas e pode considerar-se que temos muitas (talvez demais) e boas soluções ao dispor do técnico. 
No ataque é que pode estar o nosso calcanhar de Aquiles.
Porque tendo muitos jogadores (Whelton, Tallo, Guedes, Estupinan, Ola John, Tyler Boyd, Davidson, Rincon e Helder Ferreira) o que constatamos?
Muitos extremos como  Davidson,John, Boyd, Rincon, Helder e Guedes e três pontas de lança como Whelton, Estupinan e Sacko mas a carência de um homem golo experiente que na área dê sequência ao volume de jogo ofensivo que a equipa pode proporcionar.
Whelton faz golos mas não é um clássico ponta de lança, Tallo abre espaços e segura a bola mas faz poucos golos e Estupinan,para mim o melhor dos três enquanto homem de área "puro", precisa de ganhar a confiança do treinador o que até agora parece não ter conseguido.
Havia aqui, claramente, espaço à contratação de mais um jogador (Kléber ou outro idêntico) mas não terá sido possível até ao fecho do mercado por razões que naturalmente não conheço.
Em suma um plantel extenso (nove defesas,nove médios, nove avançados) ao qual se poderiam ter subtraído Vítor Garcia, Francisco Ramos e Rincon (por empréstimo ou cedência) com vantagem para todos, mas não terão aparecido interessados ou aparecendo não foi em condições aceitáveis,  e acrescentado o tal ponta de lança.
Creio ser um bom plantel, que nos permitirá disputar um lugar europeu (via Liga ou Taça de Portugal) , mas que se em Janeiro estiverem reunidas condições para isso pode e deve ser retocado com jogadores que reforcem as nossas ambições europeias.
Importa é fazer uma primeira volta da Liga de bom nível, sem deitar fora pontos de ganhar, para em Janeiro ainda estarmos em posição de disputar os tais lugares europeus e de preferência o quarto lugar.
Depois Falamos

Avião e Gelo


Meteora, Grécia


Mergulho do Pinguim


domingo, setembro 09, 2018

Estranha Assembleia

Já vou a assembleias gerais do Vitória há muitos anos.
Tantos que ainda fui a uma ou outra no salão nobre da sede quando esta ainda ficava na rua de D.João I e tinham a participação de poucas dezenas de associados.
Assisti de lá para cá a muitas e muitas Assembleias.
Realizadas no ginásio do estádio, nas bancadas, no relvado, na Sociedade Martins Sarmento, no pavilhão da escola João de Meira, no Teatro Jordão, no Patronato da Oliveira e se calhar em mais um ou outro local.
 Desde o início do presente século passaram a realizar-se, e muito bem, no pavilhão do Vitória onde também assisti a muitas que foram do mais tranquilas que se possa imaginar a tumultuosas e polémicas ao sabor dos tempos e circunstâncias em que se realizaram.
Mas não me recordo de nenhuma tão estranha como a de ontem!
Não comentarei, aqui, os pontos 3 e 4 porque não chegaram a ser debatidos mas cingir-me-ei ao estranho ponto 2 que foi debatido acesamente durante três horas.
Era um ponto simples no qual a direcção pretendia adicionar aos estatutos, através da introdução de uma alínea "M" no artigo 27, o direito de a Assembleia Geral do clube se pronunciar sobre alterações aos pactos sociais das SAD de que o clube faz (ou venha a fazer) parte.
Em suma um aumento do poder fiscalizador da Assembleia Geral do clube sobre a SAD aumentando o poder aos associados.
Discutiu-se esta simples questão durante três horas!!!
Por um lado devido à permissividade da Mesa da AG que permitiu a alguns associados, incluindo o advogado do clube ao prestar explicações, que na discussão do ponto 2 gastassem largos minutos a falar do ponto 3 num claro desrespeito pela Ordem de Trabalhos.
Mas também porque alguns associados, no seu pleno direito e sem que daí viesse qualquer mal ao mundo e ao clube, propuseram que o "pronunciar" fosse substituído pelo "deliberar" querendo dar força obrigatória aquilo que fosse decidido em Assembleia Geral.
Devo dizer, num aparte, que de todos os presidentes que conheci desde o "meu" presidente Antero Henriques da Silva Júnior ao actual presidente Júlio Mendes não me parece que houvesse um único que depois de ouvir a opinião dos sócios em AG fosse para a SAD defender o contrário do que tinha ouvido porque teria "vida curta" á frente do clube se o fizesse.
Adiante...
Ao fim de três horas de debate aceso, e nalguns casos com bastante poder argumentativo, a direcção aceitou com naturalidade a troca do "pronunciar" pelo "deliberar" e passou-se à votação sabendo os associados (e o presidente da Mesa reiterou-o de forma clara) que eram necessários 75% dos votos para o ponto poder ser aprovado dado tratar-se de uma alteração estatutária.
Resultado?
348 votos a favor, 254 contra, 3 brancos e 1 nulo!
A maioria votou a favor mas longe de alcançar os 75% pelo que o ponto foi chumbado!
Ou seja os associados rejeitaram dar mais poder à Assembleia Geral do clube na fiscalização da SAD depois de durante três horas ter sido constantemente referido(e com fortes aplausos) que era fundamental dar mais poder aos sócios.
Vá-se lá perceber...
E por isso considero esta Assembleia como a mais estranha a que me lembro de ter assistido.
Depois Falamos.

sexta-feira, setembro 07, 2018

Veleiro


Alce


Acrópole, Atenas


Bimec

Meia dúzia de linhas sobre o meu tempo de tropa.
Depois de quatro meses e meio em Mafra,onde fiz recruta e especialidade (armas pesadas-morteiros), acabei colocado no campo militar de Santa Margarida no então denominado Batalhão de Infantaria Mecanizado (Bimec) onde estive cerca de um ano porque nesse tempo,1981/1982, o serviço militar obrigatório durava dezasseis meses e mais uns "trocos".
Para os que conhecem Santa Margarida não será novidade dizer que fica longe de tudo e que a melhor ligação é o comboio da linha da Beira Baixa que para num apeadeiro na base da colina onde fica o campo militar ou então a opção estrada hoje muito mais facilitada com a A-23 que passa relativamente perto.
Ainda assim devo dizer que gostei, tanto quanto se pode gostar de algo que se faz por obrigação, do tempo que lá passei porque fiz amigos, tive experiência de vida que não esqueço e as condições de alojamento e alimentação eram bastante razoáveis em função do que se via noutros quartéis.
A verdade é que tendo saído de Santa Margarida em Agosto de 1982 nunca mais lá voltei até esta semana.
No tempo em que integrava a Comissão de Defesa do Parlamento chegou a estar programada uma visita ao campo mas depois,por razões que já não recordo, acabou por ser cancelada com grande pena minha que bem gostava de lá voltar.
Esta semana, por mero acaso e à boleia de um jantar em casa de amigos que moram a 500 metros do campo militar, tive oportunidade de voltar a Santa Margarida por alguns minutos.
Voltei a cruzar os portões, a percorrer a longa avenida até à igreja, a ver (por fora) as unidades militares, as agências bancárias, o cine teatro, o posto de combustíveis , a farmácia, o centro de saúde e a estação dos CTT.
E,é claro, a espreitar o "meu" Bimec.
A parada, os aquartelamentos,o parque de viaturas blindadas.
Curiosamente decorridos trinta e seis anos não encontrei grandes diferenças com duas excepções:
Muito menos militares (nem sentinelas tem nas portas de armas dos quartéis) e as estradas interiores em bastante pior estado por clara falta de manutenção.
Foi um reencontro com a minha história militar.
Espero um dia lá voltar e visitar com outro detalhe o "meu" Bimec porque ficaram coisas por ver e revisitar.
Mesmo assim foi um momento para mais tarde recordar.
Depois Falamos.

sábado, setembro 01, 2018

Dez Conclusões

Dez conclusões sobre o Vitória-Tondela.

1) "Escaldado" pelo jogo da taça da Liga , e pela derrota que nos afastou da prova, Luís Castro não arriscou minimamente e fez alinhar o mesmo onze do "Dragão" apenas com a troca do engripado André André por Tozé povoando o meio campo e com poucas unidades no ataque.
2) Como não há dois jogos iguais, e muito menos adversários de valia igual, rapidamente se percebeu que havia excesso de jogadores na intermediária e as duas unidades ofensivas muito isoladas o que originou um futebol pouco ligado, pouco envolvente e incapaz de criar lances de perigo.
3) A equipa mostrou-se precipitada, nervosa até, com os jogadores a falharem passes simples e a mostrarem dificuldade em engendrar jogadas de ataque com principio,meio e fim. Wakaso esteve muito bem a defender, e a marcar o unico golo em jogada de laboratório, enquanto Tozé foi o melhor da linha média com Joseph e Teixeira a assinarem exibições discretas que lhes valeram substituições algo tardias.
4) Uma equipa constrói-se de trás para a frente e nesse capitulo as notícias são boas. Pedro Henrique e João Afonso mostraram-se coesos, Sacko e Florent defenderam bem e Douglas quando foi preciso resolveu de forma competente. Pela defesa pode Luís Castro dormir tranquilo.
5)A atacar é que estamos muito mal. Whelton lutou imenso mas foi sempre um homem só enquanto Davidson esteve mais que discreto e com tendência para cair no centro o que significou que durante muito tempo jogamos sem extremos e nem sequer pelos flancos porque os laterais subiram pouco.
Boyd e John corrigiram essa lacuna mas tiveram pouco jogo e John no que teve mostrou-se trapalhão.
6) E isso leva-nos ao assunto dos reforço que não vieram. Nomeadamente o ponta de lança que era uma prioridade absoluta mas que pelos vistos não foi possível resolver em tempo útil. E essa lacuna pode comprometer os objectivos de toda uma época porque sem golos não há apuramentos europeus.
Para já em cinco jogos oficiais os pontas de lança não marcaram um único golo.
7) Achei interessante ver o Tondela a jogar fora com o seu equipamento principal. Pelos vistos a Liga só usa a regra do segundo equipamento para jogos fora com quem lhe apetece. Recordo que o mesmo já tinha acontecido com o Feirense.
8) Mais de 20.000 vitorianos nas bancadas deram à equipa um apoio impressionante. Não foi novidade mas é bom registar que em termos de apoio a equipa não se pode queixar. Corresponda ela exibicionalmente ao apoio que recebe.
9) Pela primeira vez , tanto quanto me lembro, houve nos nossos jogos uma intervenção do VAR a salvaguardar a verdade desportiva e a impedir que o Vitória fosse grosseiramente prejudicado. Caso para dizer...até que enfim.
10) Nuno Almeida é um "padre" de outras "missas" que anda a mais no futebol. Num jogo facílimo de arbitrar conseguiu complicar o que era simples. No lance mais polémico valeu-lhe o VAR para evitar grossa asneira. Quando deixar a arbitragem não deixará qualquer saudade. Pelo menos do Tejo para cima e do Tejo para baixo.
Depois Falamos

P.S Na cabine de som há quem confunda bancadas de um estádio com pistas de dança de discoteca. Problema velho e que ninguém resolve. E que implica que antes dos jogos e no intervalo dos mesmos até  conversar com quem está ao lado se torna difícil tal o volume do som. Uma enorme falta de respeito pelos sócios em suma.