A propósito da agora anunciada reforma de Andrea Pirlo, um “rei” sem coroa que durante duas décadas encantou o mundo do futebol mas nunca foi coroado com uma “Bola de Ouro”, proporciona-se uma reflexão sobre essa questão do "Melhor".
Quem é o “Melhor” do mundo na actualidade equem é o “Melhor” de todos os tempos.
É uma discussão, aliás, que tendo o seu epicentro no futebol está muito longe de nele se esgotar porque todas as modalidades desportivas geram paixões,umas mais que outras, todas elas criam ídolos,uns mais que outros, e por isso são discussões infindáveis mas que contribuem para aumentar a magia do Desporto com “D” grande.
Devo dizer que são assuntos em que tenho muita dificuldade em ter opiniões definitivas.
Porque muitas vezes compara-se o incomparável.
Porque com que base se pode dizer que Usain Bolt ou Carl Lewis foram melhores que Jesse Owens?
Outros métodos de treino, outro tipo de calçado, outras formas de cronometragem, pistas com pisos totalmente diferentes.
Ou dizer que Michael Phelps foi melhor que Mark Spitz quando tudo é diferente na natação do século 21 relativamente aos anos 70.
Dos métodos de treino, ao estilo em que nadam, passando pelos próprios calções com que nadam.
Ou assegurar que Michael Schumacher ou Sebastien Vettel foram melhores que Ayrton Senna ou Juan Manuel Fangio quando na Fórmula 1 a evolução técnica de motores, chassis, pneumáticos, aerodinâmica,pistas é anual e tremendamente evolutiva.
O mesmo se aplica ao futebol. Especialmente ao futebol está claro.
Em que a polémica é intensa e arregimenta partidários acérrimos de cada nome.
É comum dizer-se que Pelé foi o melhor futebolista de sempre.
Mas há quem defenda que foi Maradona e outros apontam Di Stéfano como o melhor entre os melhores de todos os tempos.
Assim como existem partidários de Eusébio, de Garrincha, de Kubala, de Cruyff ou Stanley Matthews.
Entre outros nomes menos populares como o atrás referido Andrea Pirlo que não foi,seguramente, o“Melhor” mas foi certamente dos melhores do seu tempo.
Até Ronaldo e Messi, os melhores da actualidade, sonham em sentar-se nesse trono do “Melhor” de sempre.
Não sei.
Nem me parece possível fazer uma opção definitiva do género de escolher o "Melhor".
Porque são jogadores diferentes, de tempos muito diferentes e é injusto comparará-los face a todas essas diferenças.
Do tempo de Di Stéfano ao tempo de Ronaldo tanta coisa mudou.
Métodos de treino, hábitos alimentares, conceitos de profissionalismo, medicina desportiva, qualidade dos relvados, peso e perfeição das bolas,qualidade das chuteiras, confecção dos equipamentos, gestão de carreiras em termos desportivos.
E a televisão.
Que nos mostra hoje todos os dias as grandes jogadas e os grandes golos dos grandes jogadores mas quase nunca nos mostrou os grandes do passado, ou se mostrou, foi apenas em momentos como os mundiais ou europeus e mesmo assim em “doses” muito inferiores às de hoje.
Por isso nunca optarei por dizer que este ou aquele foram ou são os melhores do mundo.
Digo isso sim que tive o privilégio de ao longo dos anos ter visto jogar, ao vivo (porque na televisão vi-os todos) Pelé , Eusébio, Cristiano Ronaldo, Messi, Van Basten, Gullit, Ronaldinho,Baresi entre outros.
E o enorme pesar de Maradona, Cruyff, Beckenbauer, Ronaldo entre tantos outros apenas na televisão.
Mas sem prejuízo de uma enorme admiração pelos dois “monstros” actuais-Cristiano Ronaldo e Messi- terei sempre nas minhas memórias um espaço muito especial para Pelé e Eusébio.
Pelé vi-o ao vivo apenas uma vez num Portugal -Brasil disputado no estádio das Antas em meados dos anos sessenta.
Eusébio muito mais vezes ao serviço do Benfica .
E de uma coisa tenho a certeza embora nunca o possa provar.
Os dois, se tivessem agora vinte anos e com o que o futebol é hoje em termos da evolução atrás referida, seriam inigualáveis fosse por quem fosse.
E levariam o futebol a uma dimensão qualitativa verdadeiramente impensável.
2 comentários:
Caro Luis cirilo,
pirlo foi bom jogador mas melhor do que ele foi Del Piero.
Caro cards:
Eu referi "entre outros". Onde cabe o Del Piero, o Roberto Baggio, o Francesco Totti e tantos outros
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