O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.
A dois meses da data marcada para a eleição directa do próximo líder do PSD, 13 de Janeiro de 2018, aumenta o ritmo de campanha e as iniciativas promovidas pelas candidaturas de Pedro Santana Lopes e Rui Rio que percorrem o país procurando convencer o universo de militantes das vantagens da respectiva candidatura e dos inconvenientes da outra.
Como é normal em democracia!
Esses roteiros, no qual cada um dos candidatos dá várias voltas ao país, passam em ambos os casos por Guimarães para sessões de esclarecimento aos militantes da secção e com porta também aberta a militantes de outras secções que queiram estar presentes.
Rui Rio esteve em Guimarães na passada sexta feira e no sábado dia 2 de Dezembro será a vez de Pedro Santana Lopes vir ao encontro dos militantes vimaranenses para lhes apresentar as suas ideias e propostas.
Para o PSD e para o país.
Por esta ordem, que é a ordem natural das coisas.
Antes de entrar noutras considerações creio que merece claro louvor a atitude do PSD/Guimarães que atempadamente endereçou convites a ambos os candidatos, em circunstâncias rigorosamente iguais, possibilitando assim que os militantes da secção tenham a possibilidade de ouvir as propostas de ambos “ao vivo” o que não acontecerá na maioria das secções do país porque embora estejamos numa das mais longas campanhas de sempre mesmo assim o tempo não estica e por isso os candidatos não poderão corresponder a todos os convites que lhes chegam.
É pois uma boa iniciativa especialmente no contexto de umas eleições directas em que por maior que seja o cuidado (onde,como em Guimarães, ele existe) em evitar o máximo possível de “fracturas” internas são sempre tendencialmente propícias a dividir secções, distritais e até famílias entre o apoio a um e a outro candidato.
Guimarães não foge naturalmente à regra e na secção há quem apoie Pedro Santana Lopes, há quem apoie Rui Rio e há aqueles que neste momento ainda não apoiam ninguém porque ainda não conseguiram decidir qual dos perfis e qual das propostas de liderança preferem.
É para isso, para esclarecer os indecisos, que as campanhas eleitorais existem.
Importante isso sim, e estou certo que é exactamente o que vai acontecer, é esta momentânea divisão de militantes entre o apoio a cada uma das candidaturas não venha a por em causa aquela que tem sido uma das grandes e decisivas características do PSD/Guimarães,desde 2010, que é a unidade interna e a convergência de esforços naquilo que será sempre a primeira prioridade da secção e que é construir uma alternativa ao poder socialista.
Pelo que tenho visto até agora, e ao contrário do que infelizmente sucede noutros lados, creio que a campanha em Guimarães se pautará até ao fim pela sensatez, pelo respeito entre as partes, pela maturidade democrática e pela certeza de que em 14 de Janeiro, ganhe quem ganhar, só haverá um PSD e que esse PSD só terá um líder que todos deverão ajudar na construção de uma alternativa ganhadora ao governo da geringonça.
Mas para já o que está em causa é a eleição do líder.
Que será, a seu tempo, candidato a primeiro-ministro mas que antes disso tem pela frente uma enorme tarefa de reorganizar o partido, reformar os seus estatutos e regulamentos, dinamizar as suas estruturas e mobilizar os seus militantes para os grandes combates do futuro.
Costumo dizer que o PSD nos últimos anos tem levado muita pancada!
Governou quatro anos em circunstâncias dificílimas, tomando medidas impopulares e de extrema dureza, para corrigir os erros e disparates do governo socialista liderado por essa personagem de quase ficção chamada José Sócrates.
No fim desses quatro anos, mesmo desgastado por medidas que apenas se tomam porque inevitáveis já que nenhum governante impõe austeridade por gosto próprio, liderou a coligação “Portugal à Frente” que venceu uma eleições que pareciam impossíveis de serem ganhas.
Vencendo as eleições foi impedido de governar por uma frente de esquerda que se uniu debaixo da liderança de um sujeito sem escrúpulos chamado António Costa tendo como único cimento dessa união o impedirem o PSD e o CDS de governarem.
Arredado do governo mesmo depois de ter ganho eleições o PSD teve um mau resultado nas autárquicas (não tão mau como alguns,mesmo dentro do partido, o quiseram “pintar”) também por força de algumas más escolhas que fez em grandes autarquias.
Foi muita “pancada” em relativamente pouco tempo.
E por isso o próximo líder tem uma enorme tarefa pela frente.
Na qual para lá de outras qualidades e competências terá de ter também a capacidade de transmitir aos militantes o afecto, a proximidade, a comunhão de valores que fizeram do PPD e depois do PSD o partido mais genuinamente português de Portugal.
E isso só pode ser feito por quem tenha o genuíno gosto de “viver “ o partido, de conviver com os seus militantes, a disponibilidade natural de estar presente nos bons e também nos maus momentos do PSD.
Incluindo a presença em alguns congressos sem qualquer outra razão para lá estar do que a genuína vontade em estar presente no seio da família social-democrata e sem arranjar pretextos risíveis para justificar a ausência.
Por alguém que ao serviço do PSD já tenha conhecido grandes vitórias e também algumas derrotas, que saiba o que este partido custou a fazer, que tenha tido ao longo dos anos uma permanente atitude de construção de soluções ,mesmo convivendo com lideranças partidárias que aqui ou ali não eram por ele apoiadas, sem que ao longo do seu percurso alguma vez lhe possam ser imputadas responsabilidades em derrotas eleitorais de companheiros de partido.
Acredito que Pedro Santana Lopes é o líder de que o PSD precisa.
E por isso o apoio convictamente desde o primeiro momento (não gosto de tabus…) na certeza de que o PSD por ele liderado saberá construir até 2019 uma alternativa de sucesso ao actual poder “geringonçeiro” baseada na tal reorganização do partido, na dinamização das estruturas e na mobilização dos militantes.
Creio firmemente que Pedro Santana Lopes é o melhor líder para o PSD e o melhor candidato a primeiro-ministro que o partido pode apresentar em 2019.
Não misturo é as coisas, não troco calendários, nem alinho na peregrina tese de que nestas directas se está a escolher “apenas” o candidato a primeiro-ministro.
Percebo que a evolução das “coisas” leve a que alguns queiram ir por esse caminho, já que o outro se complicou bastante, mas o respeito que tenho pelo meu partido (onde contando com os tempos da JSD milito há 42 anos) não me permite desvalorizar a eleição do seu líder transformando-a num acto menor.
Para além de considerar, sem receio de desmentido, que a presunção de que um é melhor candidato a primeiro-ministro que outro (que é cada vez mais a bandeira única da candidatura de Rui Rio) e por isso deve ser eleito líder não tem nenhuma conexão com a realidade nem nenhuma forma de ser provada de forma minimamente exacta.
São apenas profissões de fé, tão legítimas como as de quem pensa exactamente o contrário, mas que por si só nem argumento válido são para a escolha de um líder do PSD.
Mal estaria o partido se um dia elegesse um líder com base em tão solitária e mal fundamentada presunção.
P.S. Declaração de interesses: Além do apoiante que seria sempre integro a direcção de campanha de Pedro Santana Lopes a convite do próprio.