Portugal é um país em que o fenómeno futebolístico é seguido com enorme interesse pese embora os portugueses, de uma forma geral, gostarem mais dos seus clubes do que do futebol propriamente dito o que justifica tantos “fenómenos” de radicalismo desportivo a que se assiste nas redes sociais, na comunicação social em geral e em alguns programas de debate televisivo simplesmente insuportáveis para quem gosta da modalidade para lá das fúteis polémicas em volta de grandes penalidades, foras de jogo e...túneis!
Portugal tem grandes jogadores, um deles é até um dos dois melhores do mundo, espalhados por toda a Europa e jogadores de boa valia na Europa e noutros continentes para onde o inultrapassável espírito de aventura do português os arrastou ao sabor de bons contratos mas também face à vontade de conhecerem outras realidades competitivas.
Na Índia , na China, na Austrália, nos Estados Unidos ( por exemplo o ex vitoriano João Pedro nos Los Angeles Galaxy) por todo o lado há jogadores portugueses a mostrarem a valia do seu futebol e a representarem o seu país que é hoje campeão europeu de selecções.
Mas hoje não é sobre jogadores que quero falar.
É sobre treinadores.
E também nessa área do futebol o nosso país está muito bem servido, quer interna quer externamente, sendo cada vez mais os técnicos que portugueses que por todo o mundo vão mostrando a sua qualidade e prestigiando a imagem quer da sua profissão quer do próprio futebol português pelos êxitos que vão alcançando e pelo reconhecimento da sua valia que as entidades empregadoras lhes vão dedicando.
É natural que quando se fala de treinadores portugueses a trabalhar no estrangeiro saltem à vista alguns nomes mais notórios e que são presença frequente nos noticiários desportivos.
José Mourinho, reconhecidamente um dos melhores treinadores mundiais, vitorioso em todos os clubes por onde passou e agora ao leme de um dos maiores clubes do mundo, o colosso Manchester United, onde no seu primeiro ano já ganhou a Supertaça e a Taça da Liga e está perto de ganhar a Liga Europa.
Leonardo Jardim, um “mal amado” nos clubes portugueses por onde passou pese embora em todos eles ter deixado resultados visíveis, e que está a pontos de se sagrar campeão francês pelo Mónaco e a disputar o acesso à final da Liga dos Campeões o que é simplesmente notável.
E pese embora os contributos de Mbappé, Falcao, Bernardo Silva, etc o “dedo” do treinador é o que está na origem desta época de sucesso do clube monegasco.
Paulo Sousa que depois de um trabalho de excelência no Basileia da Suíça lidera a Fiorentina de Itália e é já cobiçado em vários clubes italianos e alemães fruto do sucesso que tem alcançado num clube que não disputa títulos mas anda pelos lugares europeus.
André Vilas Boas que após o sucesso no Porto passou por grandes clubes ingleses como Chelsea e Tottenham, pelo Zénit da Rússia e agora foi até à China ganhar dinheiro no que é seguramente um intervalo antes de regresso ao futebol europeu e aos grandes campeonatos.
Como se poderiam citar outros nomes, desde Marco Silva no Hull City de Inglaterra a Pedro Caixinha no Glasgow Rangers da Escócia passando por Sérgio Conceição no Nantes de França como treinadores portugueses em processo de clara afirmação em alguns dos principais campeonatos europeus.
Mas depois há outras realidades.
Como as largas dezenas (centenas ???) de técnicos portugueses a trabalharem no futebol chinês, dos quais o mais conhecido será Manuel Cajuda um dos melhores e mais experientes treinadores portugueses, mas também muitos outros que estão espalhados por diversas divisões e futebol de formação e que estão a dar um excelente contributo para o desenvolvimento do futebol no mais populoso país do mundo.
E entre eles cito com todo o gosto três nomes que passaram pela equipa B do Vitória e que estão hoje na China fruto do seu trabalho e da capacidade que lhes é reconhecida: Luiz Felipe, Tozé Mendes e Paulo Santos três treinadores que mais dia menos dia estarão novamente em Portugal.
Mas neste texto dedicado aos treinadores não podia deixar de citar aqueles que trabalham no complexo mundo do futebol português, um mundo onde são tantas vezes o “elo mais fraco” porque os dirigentes nunca se enganam e mudar de jogadores é mais complexo do que despedir o treinador, e que sem o mediatismo (nem os proventos) dos que brilham na grande Europa do futebol tem igualmente talento, capacidade e obra feita.
Deixando de lado os que treinam os chamados “grandes”, porque se lá estão por alguma razão é, cito quatro casos de técnicos que a actual edição da Liga tem confirmado como valores seguros do nosso futebol e cujas carreiras sigo, e seguirei, com particular atenção.
Pedro Martins a fazer uma época notável ao serviço do Vitória, com presença marcada no Jamor e o quarto lugar no campeonato praticamente assegurado, montando uma equipa equilibrada em todos os sectores mas com aquele que é provavelmente o contra ataque mais letal do nosso futebol e que lhe valeu até agora dez triunfo fora de casa marca em que só é igualado pelo líder Benfica.
E em Janeiro ficou sem dois titulares indiscutíveis, Soares e João Pedro, o que permite especular até onde poderia ir com eles no plantel.
Luís Castro, do Rio Ave, um treinador de que há muito me tornei admirador pela qualidade do futebol das suas equipas e pela sensatez que sempre transmite nas suas declarações públicas,
Agora que se abalançou a uma carreira fora da órbita do Porto, e de uma equipa B demasiado pequena para o seu talento, veremos até onde pode chegar. Penso que longe.
José Couceiro, que já passou por vários clubes nacionais(até pelo Porto)e estrangeiros ,bem como por selecções, mas agora no Vitória Futebol Clube tem confirmado a qualidade do seu trabalho que já merece uma aposta firme num projecto de médio prazo de um bom clube.
Que até pode ser o actual se este ultrapassar os seus crónicos problemas financeiros.
E Daniel Ramos que depois de passar por vários clubes de segundo e terceiro escalão, em todos deixando a marca de um trabalho de boa qualidade, está agora a fazer um excelente campeonato no Marítimo transformando a equipa insular numa das que melhor joga na primeira liga e prometendo voos ainda mais altos num futuro próximo.
Há mais, como o jovem Nuno Manta a fazer uma liga excepcional no Feirense, mas destacando estes quatro creio que destaco a excelência dos treinadores portugueses no seu todo e o quão importante isso é para o desenvolvimento do nosso futebol.
P.S. Não. Não mês esqueci de Fernando Santos o treinador campeão europeu de selecções.
É a “cereja” em cima do “bolo” de tudo quanto atrás foi dito.
3 comentários:
Por falar em treinadores lembrei-me de Armando Evangelista que fez um excelente trabalho na equipa B do Vitória e me parecia ter bom futuro como treinador. Acho que se encontra sem clube e parece-me que o facto de ter chegado cedo demais à Primeira Liga lhe pode ter destruído a carreira.
Miguel Leite
Por lapso, em comentário anterior, referi que Armando Evangelista estaria sem clube, mas encontra-se actualmente a treinar o Varzim que até não fez mau campeonato.
Miguel Leite
Caro Miguel Leite:
Já foi despedido do Varzim há muito tempo
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