domingo, maio 22, 2016

Académica

Equipa da Académica Vice Campeã nacional em 1966/1967
A Académica faz parte, juntamente com Sporting de Braga, Tirsense e Varzim das minhas mais velhas memórias enquanto adepto vitoriano a acompanhar o Vitória pelos estádios do país.
E embora a Braga e à Póvoa tenha ido muito mais vezes, a Santo Tirso muito menos por força das longas ausências do Tirsense do primeiro escalão, tenho das idas a Coimbra uma memória diferente (de que já aqui falei noutras oportunidades) quer pelo tipicismo de que se revestiram quer por peripécias de alguns jogos a que assisti.
Posso por isso afirmar que a Académica faz parte da minha história enquanto adepto do futebol.
E devo dizer, embora isso possa chocar alguns vitorianos com uma sensibilidade mais exacerbada, que é um clube que sempre olhei com alguma simpatia não só por essas memórias mas também pelo que de diferente representou durante muitas décadas no nosso futebol apresentando equipas compostas por estudantes da Universidade com uma mística muito própria.
Eu sei que há em Coimbra muitos adeptos que não gostam do Vitória por causa do famigerado "caso "N'Dinga" mas esse é problema deles porque não me parece que os vitorianos tenham motivo para não gostarem da Académica por causa disso.
Nesse ano já longínquo a Académica não desceu por causa do "caso N'Dinga".
Desceu porque em campo não conseguiu os pontos suficientes para conseguir a manutenção e depois tentou, sem sucesso, ganhar na secretaria o que não conseguira no sítio próprio.
Mais nada!
E por isso mantenho esse olhar de simpatia sobre a Académica.
Reforçado pelas muitas vezes em que fui a Coimbra ver o Vitória mas também pelas vezes em que, nos tempos em que estudei em Coimbra, ia ao domingo até ao Calhabé ver jogos da Académica com outros clubes.
Aliás, numa perspectiva já extra futebol, Coimbra é uma cidade de que gosto imenso.
Este ano a Académica desceu.
Fruto da má gestão desportiva, fruto dos azares próprios do futebol, a verdade é que uma das mais tradicionais equipas do nosso desporto rei deixa na 1ª Liga um vazio que será difícil de preencher porque outro clube que não a própria Académica.
Mas há uma outra razão que ajuda a explicar esta descida.
A falta de adeptos.
Coimbra é uma das maiores e mais históricas cidades do país mas a Académica nunca teve adeptos em número correspondente a essa dimensão.
Quer porque muitos dos que para lá vão estudar já são adeptos de outros clubes e hoje dificilmente fazem da Académica o seu segundo clube como acontecia no passado.
Quer porque a própria cidade de Coimbra historicamente olhou sempre a Académica como o clube dos "doutores" ,com a inveja bem típica dos portugueses a preponderar, e preferiu durante muito tempo o União de Coimbra que era o clube do "povo".
E finalmente porque Coimbra, como se pôde ver ainda em dois episódios recentes ( a visita a Coimbra do Sport Lisboa e a final da taça da liga), é uma cidade onde os adeptos de sofá e os adeptos das vitórias dos chamados "grandes" existem em número extremamente significativo com enorme prejuízo do clube local.
A Académica desceu.
E penso que infelizmente o seu regresso não estará para breve frutos dos muitos problemas que atravessa.
Mas também porque a "sua" cidade não a ajuda tanto e quanto o podia fazer.
Depois Falamos.

P.S. Espero que apesar de tudo o regresso venha a ser uma realidade.
A 1ª Liga precisa da Académica.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Luís Cirilo.


Para mim é só Vitória, mas fiquei "triste" pela académica.

Como é possível uma cidade como Coimbra não conseguir suportar um clube na primeira liga de forma competitiva?

Para mim, para que o futebol fosse mais competitivo em Portugal, Guimarães, Braga, Coimbra, Setúbal, Viana do Castelo (que eu saiba nunca jogou na segunda liga!), Chaves, Évora e Faro deviam ter os respetivos clubes a lutar, alternadamente, pelos primeiros 10 lugares.

Só fui a primeira vez a Coimbra em 2014. Pode parecer estranho, mas deixou saudade que nunca senti com outra cidade.


Fernandes

luis cirilo disse...

Caro Fernandes:
Percebo-o.
Porque ficar triste pela Académica é ficar triste pelo futebol português.
Quando uma cidade/concelho como Coimbra não consegue ter uma equipa no primeiro patamar é caso para nos interrogarmos para onde vamos.
E se a esse caso juntar Aveiro, Leiria, Faro,Évora, Viseu e Viana (O Vianense nunca esteve na primeira divisão), entre outros, dá-nos a dimensão de um campeonato litoralizado e cada vez mais assente em clubes dos distritos de Braga,Porto, Lisboa e Funchal.
Com as honrosas excepções de Chaves,Tondela,Feirense e Vitória FC.
Muito mau.
Mas quem se devia preocupar...quer lá saber