sexta-feira, janeiro 04, 2008

Cumprir ou não Cumprir


Os mandatos são para cumprir.
É um velho chavão que radica em algo de essencial para quem elege candidatos para qualquer lugar.
A certeza de que os eleitos cumprirão cabalmente o mandato para que foram escolhidos.
E cumprir cabalmente significa,claramente,cumpri-los até ao fim !
Contudo,no nosso universo politico vai-se criando o nefasto hábito de os eleitos,uma vez no poder,darem uma interpretação muito própria ao significado do conceito"cumprir" .
Que hábilmente se vai trasnformando no conceito de cumprir até quando nos der jeito...
E por isso,lamentávelmente,se vai assistindo com uma frequência cada vez maior á antecipação de eleições para orgãos partidários concelhios e distritais.
Com uma muita imaginativa gama de argumentos:
Ou é porque há um novo lider,ou um novo ciclo politico,ou é preciso adequar o novo mandato aos ciclos eleitorais,ou é necessário reafirmar a legitimidade,enfim todos os pretextos servem.
Curiosamente,deve ser coincidência,essa antecipação de eleições faz sempre coincidir o novo mandato com o periodo em que se processam escolhas importantes.
Deputados,deputados europeus,candidatos a autarquias !
Esse tipo de procedimento,que serve amplamente os interesses de quem o despoleta,não serve contudo o das organizações de que fazem parte.
Porque ao colocar na mão dos principais interessados a escolha de datas óbviamente dá-lhes enorme vantagem em termos de calendário eleitoral e captação de apoios.
E impede um debate de ideias e uma concorrência em plano de igualdade que é uma das traves mestras da democracia.
Solução para estes procedimentos desprovidos da mais elementar ética politica ?
Muito simples:
Ou as organizações e partidos proibirem a antecipação de eleiçoes ou então aqueles que não levarem o mandato até ao fim ficarem impedidos de se recandidatarem no âmbito das tais eleições antecipadas.
E isso serve a democracia,o debate interno,e a qualidade das escolhas.
Se houver coragem e determinação é fácil.
Se não houver...as golpadas continuarão a proliferar e os cidadãos cada vez mais descrentes da qualidade da democracia que vamos tendo.
Depois Falamos

2 comentários:

freitas pereira disse...

O Amigo Cirilo lança aqui verdadeiros gritos de alarme e tem razão. Porque não são os homens que governam as sociedades, mas sim os princípios ; quando estes falham, são as situações que governam. Mas na verdade, frequentemente, o homem e a sociedade servem-se reciprocamente de sujeito e de objecto.
E como em democracia, a política é a arte de fazer crer ao povo que é ele que governa....tudo é possivel !

luis cirilo disse...

Caro Freitas Pereira:
Não posso estar mais de acordo.
E quando as sociedades são governadas por gente fraca e com poucos principios o problema agrava-se substancialmente.
Creio que vivemos num tempo de crise civilizacional.
Na Europa são cada vez mais os politicos de "plástico" que vivem para o marketing mas arredios de convicções e princios.
Africa é a tragédia generalizada que se conhece.
Há excepções ,é certo,mas a fome,violência e corrupção parecem não cessar de alastrar.
No Médio Oriente é a violência sem fim.No sub continente indiano as noticias são o que se sabe.
A China,a maior ditadura do mundo,com o seu "principio" de um país dois sistemas prepara uns Jogos Olimpicos para enganar quem quer ser enganado e depois tudo volta ao mesmo.
A Améria do Sul é...a América do Sul !
E a do Norte tem nos EUA,a maior potência mundial,um país onde dinheiro e marketing transformam um palerma no homem mais poderoso do planeta.
Pode parecer exagero,mas o mundo está de facto muito perigoso.