domingo, fevereiro 11, 2007

O Resultado


56% dos portugueses não votaram no referendo sobre a IVG.
Mesmo assim verificou-se uma evolução em relação á ida ás urnas em 1998 sobre o mesmo tema.
Mas a instituição referendo continua longe de se afirmar.
Entre os que votaram,59% optaram pelo SIM e 40 % pelo NÃO.
Os resultados são claros, embora o referendo não seja vinculativo por causa da tal questão dos 50%,e permitem á Assembleia da República legislar sobre a matéria.
Tal como em 98 a vitória do Não,também sem os 50%,foi tácitamente respeitada também agora a vitória do Sim deve significar um claro sinal aos legisladores.
Defendi,neste espaço,desde o inicio que se tratava de uma pura questão da consciência de cada um e essa é matéria em que não há consciências melhores do que outras.
O que desde logo exclui,do meu ponto de vista,alguns radicalismos de parte a parte .
Que infelizmente ainda se repetiram nas noites televisivas de análise de resultados,com o esgrimir de argumentos francamente desajustados,já nem digo do debate,de um rescaldo eleitoral.
É que nessa altura já ninguém convence ninguém.
Os votos estão nas urnas.
Também não gostei do ambiente de festas nas sedes do "SIM" e nalgumas do "NÃO".
Uma questão destas não é própriamente um Porto-Benfica em que se festejam vitórias e lamentam derrotas.
É evidente que os adeptos do SIM tem as suas razões para estarem satisfeitos e os do NÂO,para além da sensação do dever cumprido,tem também nos 56 % de abstenção algumas razões para amenizarem os resultados.
Poucas razoes para sorrir,nesta noite,tem José Sócrates e Marques Mendes
Sócrates porque se empenhou fortemente numa grande participação no referendo e nem metade dos eleitores votaram.
E Mendes porque vê o PSD remetido para o inacreditável score de 19 % nas sondagens feitas durante o dia de hoje.
Ambos terão muito em que reflectir.
Depois Falamos

7 comentários:

Marta Rocha disse...

Não sendo vinculativo, este "Sim" não constitui uma ordem. É, como diz, um sinal.

Apesar do "Não" de 98, não vinculativo, ter sido respeitado, espero que o resultado deste referendo seja para as instituições legislativas um indicativo de que se pode legislar nesta matéria, mas com reservas e acima de tudo prudência e razoabilidade. A taxa de abstenção consubstancia a reserva. Ou seja, existem condições para mudar a lei, há liberdade para o fazer, mas essa liberdade é mitigada.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Como tive oportunidade de referir no último post do meu Blog, o Referendo NÃO deveria ter um requisito mínimo de participação. O certo é que tem, mas não é menos certo que que os resultados têm tido consequências políticas e penso que devem continuar a ter. A Marta tem toda a razão ao invocar a necessidade de prudência legislativa.
Gostava de saber se dentro de 8 anos estaremos a votar novamente nesta matéria. Não sou bruxo, mas aposto que não vai. As democracias europeias também têm alguns caminhos ínvios...

Luis Cirilo disse...

Marta e Rui Miguel
Inteiramente de acordo com as vossas opiniões.
É necessário que agora a Assembleia da República saiba dar o próximo passo,alterar a Lei,e o faça com a tal prudência e razoabilidade que a todos (defensores do SIM e do NÃO)é exigida.
O pior que pode acontecer é transformar este "SIM" numa questão ideológica e bipolarizar entre vencedores e vencidos.
Tenhamos esperança que,com maturidade,todos saibam continuar o caminho.
Este é um assunto de que todos,ou quase,estamos definitivamente fartos de ouvir discutir.
Agora há que implementar soluções.

Maria Manuel disse...

Os conceitos biológicos são primários os ideológicos são obra da crueldade do homem. Na beleza do pensar há sempre o desejo oculto de um poder sobre natura. O Homem desde sempre se tentou sobrepor à natureza invertendo as regras. Inversão que tem um custo e só espero que não seja a extinção do próprio homem. Já os existem em reservas, resta saber até quando. Eu sou um pouco dogmática e no espírito livre de ser biológico pensante não apelo à pré – história, mas não me gostava de dentro de pipetas de vida como garantia da minha identidade genica… aguardo o decurso deste rumo de forma atenta e apreensiva…é que ao contrário do esperado fiquei, no final do referendo e após múltiplos pareceres, com a convicção efectiva da menoridade deste povo e do desperdício da tão almejada liberdade defendida – caminhamos na busca de uma imitação europeísta.

Anónimo disse...

Se tivessemos imitado sempre a Europa nunca tinha havido descobrimentos, nem teríamos sido o 1º país da Europa a abolir a pena de morte. Foi a Europa que nos imitou. Hoje estamos reduzidos a «esta reles e vil tristeza» -a de imitarmos primitivos! É a república socialista e laica no seu melhor...

Anónimo disse...

Acompanhei (por obrigação profissional) o referendo do passado domingo. Admito que a vitória do Sim não me surpreendeu e admito também que ainda bem que assim foi. Não vamos ser hipócritas! A lei que existe não é respeitada por ninguém e todos sabemos disso. Portanto, o melhor mesmo é mudar... veremos se para melhor.
Não me surpreendendo o resultado, surpreenderam-me os discursos de alguns dirigentes políticos.
Marques Mendes pela positiva. Tendo em conta o "péssimo" a que nos habituou, Domingo à noite não esteve mal.
No entanto, o mais surpreendente surgiu da sede do Bloco de Esquerda.
O líder do BE falou tendo como pano de fundo a frase " Bem vindos ao século XXI".
Para o Dr. Louça referendar a despenalização do aborto é uma prova de que Portugal é um país moderno. E até já foi acrescentando que a “imprensa DO MUNDO APONTA PARA DERROTA DO CONSERVADORISMO”
Entretanto já questiona se ” a esquerda deve ou não promover uma política unitária?
Unido ao Sr. Primeiro-ministro nesta questão do referendo, o Dr. Louça lança agora “uma nova oportunidade” a José Sócrates.
Tenta “construir pontes” para o Bloco de Esquerda. É de temer uma eventual abertura do Secretário-geral do PS à tal “política unitária de esquerda”.
Qual será o próximo passo pró-modernidade que o Dr. Louça pretende para o nosso país?
Nem quero imaginar. A Inteligência é admirável mas se for preversa temos sempre que ter cautela

Anónimo disse...

Concordo com grande parte dos argumentos já expressos. No entanto discordo da visão positiva do discurso de Marques Mendes. MM andou sempre à deriva, a tentar capitalizar alguma coisa com este referendo. E a incongruência paga-se caro. Na sua intervenção na noite dos resultados, disse aquilo que deveria ter dito muito antes. Mas como o resultado foi diferente da sua posição, tentou "puxar a brasa à sua sardinha".