Não foi por acaso que em 1974 os fundadores do PPD ao decidirem criar um jornal do partido optaram por lhe chamar "Povo Livre" !
Porque a expressão corresponde á genese profunda da ideia com que foi criado o partido e,mais do que isso,corresponde ao espirito dos portugueses que entenderam a ele aderir.
E continuaram a entender nestes trinta e três anos passados os milhares e milhares de pessoas que nele se filiaram e continuam a filiar.
Nós,sociais democratas,somos definitivamente gente livre.
Livre a pensar,livre a opinar,livre a intervir civica e politicamente.
Respeitando naturalmente as obrigações que advém da militância num partido politico.
E foi assim que se fez o PPD,foi assim que se consolidou o PSD,foi na base da opinião livre,da polémica construtiva,do direito a discordar,da conflitualidade interna ás vezes levada ao limite da cisão.
Sá Carneiro teve duras disputas internas,nomeadamente com as "Opções Inadiaveis",que levaram a cisões no partido (ASDI) e á perda de uma só vez de meio grupo parlamentar.
Perseverou e venceu.
Francisco Balsemão enfrentou um longo periodo de oposição interna,liderada por Cavaco Silva e Eurico de Melo,contestando a sua liderança e forma de governo.
Nao foi capaz de aguentar e demitiu-se.
Cavaco Silva ganhou a justa na Figueira da Foz,impôs-se,e liderou dez anos sem oposição.
Fernando Nogueira ganhou o congresso do Coliseu á justa,nao teve oposição interna,mas tambem nao teve os apoios que necessitava e julgava possiveis (é,remonta a esse tempo a percepção de algumas coisas que estao a passar-se agora) e acabou por se afastar.
Marcelo,logo após "Cristo descer á Terra",liderou com oposição,com criticos,mas ganhou congressos e saiu porque quis.
Deixando alias o partido em situação bem dificil.
Durao Barroso assumiu a liderança nesse contexto complicado,com eleiçoes europeias á porta,mas nem isso lhe deu margem de erro.
Foi durante 3 anos alvo de uma oposição interna violentissima,protagonizada por Marques Mendes,Santana Lopes(este até ao fim de 2000) e outras figuras menos relevantes.
Com criticas diárias,pedidos de demissão,acusações de incompetência,enfim uma verdadeira "caça ao homem".
Que se estendeu ao próprio grupo parlamentar onde figuras como Marques Mendes,Azevedo Soares,Vinha da Costa,Torres Pereira e outros,não lhe davam tréguas.
Com um constante passar de noticias para a imprensa desfavoráveis ao lider.
Entre outros episodios menos edificantes que conheço mas me abstenho de, por agora, reproduzir.
Barroso teimou,insistiu,resistiu e venceu.
Santana Lopes herdou o poder da forma que conhecemos e conhecemos também a forma como foi contestado dentro do partido por alguns militantes "ilustres".
Foi assim que o PSD nasceu,cresceu,se tornou num grande partido.
No mais importante partido de Portugal.
Discutindo,debatendo,divergindo,assumindo discordâncias,sendo diferente de todos os outros.
No PSD não há dogmas,não há intocáveis,não ha ninguem acima das criticas.
Não somos o Partido Comunista.
Por isso não aceito que hoje,nuns casos por amnésia,noutros porque a idade não permite a memória historica ,noutros ainda porque o principio do "olha para o que eu digo não olhes para o que eu faço" dá muito jeito,noutros porque o seguidismo...factura,noutros por pura estupidez,apareçam militantes e dirigentes do partido muito indignados (são os novos "pudicos") por existirem criticas ao lider e á forma de liderança.
Como se por acaso fossemos todos obrigados a estar de acordo com tudo.
Especialmente quando se vê,á vista desarmada,que vamos por mau caminho.
Os lideres quando sáo fortes,como Cavaco,impõe-se naturalmente.
Sem receio a criticas.
Quando são fracos,como Balsemão,vão de vitória pirrica em vitória pirrica até a demissão final.
Na natureza sobrevivem os mais fortes,mais aptos,mais capazes.
Na politica também.
O incómodo manifestado pelos proximos de Marques Mendes,com as criticas que lhe são feitas,mais não é do que o reconhecimento da fraqueza dessa liderança.
Porque se o lider fosse forte não havia critica que o incomodasse.
Depois Falamos