terça-feira, agosto 29, 2023

Jogos

Como é mais ou menos sabido porque quem tem a paciência de me ler gosto bastante de política mas admito que já seja menos sabido que também gosto muito de jogos de tabuleiro pelo que um que é sobre política naturalmente merece todo o meu interesse.
Velho jogador de "Monopólio" e de outros jogos desde miúdo, posteriomente tornei-me num aficionado militante do "Trivial Pursuit" (ainda hoje o meu preferido) pelo que quando apareceu um jogo de tabuleiro sobre política naturalmente que o comprei.
Mas confesso que fiquei desiludido.
Desde logo porque o achei bastante básico a nível de perguntas e respostas mas também porque não gosto de comprar gato por lebre e foi isso que senti quando tomei integral conhecimento dele.
E porquê?
Não vou estar a explicar detalhadamente o jogo mas direi que pode ter até sete jogadores representando PS, PSD, Chega, IL, BE, PCP e CDS e cujo peão atirando um dado tem de percorrer 71 casas até chegarem a S. Bento e o vencedor se tornar primeiro ministro.
Até aí normal.
Acontece que tem 16 estações temáticas  intermédias( associação de estudantes, missa, líder partidário, distrital/concelhia, etc)  onde caindo-se lá tem de se  tirar uma de duas cartas sendo que uma permite avançar duas casas e a outra obriga a recuar as mesmas duas casas.
É uma questão de alguma sorte e algum conhecimento na resposta que se dá perante as duas hióteses.
Mas a regra não é igual para todos e isso, do meu ponto de vista, é enganar quem está de boa fé.
Porque quem jogar com o  peão do Chega constata que todas as cartas sem excepção o obrigam sempre a recuar duas casas enquanto para os peões dos outros partidos todos há sempre uma carta para avançar e outra para recuar consoante a resposta  que se dá seja certa ou errada.
O que faz considerar que tudo que são respostas do Chega são opções erradas!
E eu quando compro um jogo é para me divertir e não para fazer política e muito menos para alinhar em politiquices alheias.
Dir-me-ao que é apenas um jogo. E por isso uma questão menor. Pois é.
Mas o manual de filosofia do décimo ano que citava André Ventura como autor de uma suposta falácia também era apenas um manual escolar. E aí já não era uma questão tão menor assim.
E as decisões do Tribunal Constitucional de permanente reprovação ao Chega e continua tolerância com partidos totalitários e defensores de ditaduras não são questão menor mas sim uma questão maior do sistema democrático.
A verdade é que tudo serve para implicar com o Chega. 
Que até prova em contrário é um partido democrático, embora radical, e defensor da presença de Portugal na União Europeia e na NATO ao contrário de outros que no passado sobre roupagens que ainda mantém num caso  e outras que o tempo desvaneceu sendo trocadas por novas farpelas noutros casos  só não implantaram uma ditadura neste país porque acontrceu o 25 de Novembro.
E eu que não sou eleitor desse partido porque a minha área política é diversa não posso enquanto cidadão deixar de me insurgir contra este tipo de discriminações, de um vulgar jogo de tabuleiro ao TC, porque é assim, passo a passo, que se enfraquece a democracia e se abre caminho aos extremismos.
E escusam de me vir com a ironia da situação porque eu conheço-a.
Depois Falamos.

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