Li nas últimas 24 horas muitas opiniões sobre o jogo de ontem.
A maioria a criticar o treinador, os jogadores, a SAD, todos eles ou apenas alguns.
Também li uma pequena minoria, aqueles que lavam mais branco que o OMO, a inventarem desculpas e atenuantes para aquilo que não tem desculpa nem explicação.
Alguns, menos ainda, iam pelo caminho do costume deles branqueando quem está e procurando atirar responsabilidades para cima de Miguel Pinto Lisboa, de Júlio Mendes , de Emílio Macedo ( de Vítor Magalhães não porque não dá jeito a alguns que se recordem percursos...) e se calhar de Pedro Passos Coelho , das invasões francesas , de El Rei D. Sebastião e até de Viriato.
Os mais argutos na arte do branqueamento dizem que foi futebol e os mais fatalistas que foi azar que é sempre uma desculpa que dá muito jeito.
Pouco importa e não vale a pena perder tempo com quem vive no reino da fantasia. E por isso vamos direitos a três reflexões.
A primeira sobre o jogo e o plantel.
Para dizer com total clareza que com os jogadores que tem o Vitória tinha a obrigação de ter ganho os dois jogos e passeado nesta eliminatória.
Sem desculpas quanto a táticas, lacunas no plantel, jogadores lesionados, estratégias , sistemas de jogo, falhanços de pênaltis.
E nessa matéria de falhar pênaltis desconfio que o Vitória entrou ontem para o Guiness porque perder três desempates por grandes penalidades em duas semanas, ainda por cima face a equipas claramente inferiores, não me lembro de alguma vez ter visto acontecer.
Infelizmente vi o Vitória.
E por isso não se arranjem desculpas nem bodes expiatórios.
A responsabilidade desta vergonhosa eliminação frente ao Celje, depois de não conseguirmos ganhar a Tondela e Varzim , é de quem está.
A jogar, a orientar, a dirigir.
A segunda reflexão tem a ver com os adeptos.
Porque é mais que tempo de pormos os pés no chão , cairmos na realidade e percebermos de uma vez por todas que sendo excelentes adeptos isso não é um fim em si só mas apenas um meio de ajudarmos o nosso clube a ser melhor.
Ganhar nas bancadas, fazer belas coreografias , acompanhar massivamente a equipa é fantástico mas de nada serve se os resultados nos relvados não corresponderem.
O Arouca não tem nada disso, normalmente nem 1000 adeptos tem no estádio, mas ficou à nossa frente no campeonato.
E portanto em vez de nos deleitarmos connosco próprios é mais que tempo de nos preocuparmos com os resultados que interessam e não continuarmos a viver na ilusão de que somos os melhores adeptos do mundo.
Não somos!
E ainda que fossemos que adiantava isso se o nosso clube nem o quarto melhor do país consegue ser?
A madrasta da Branca de Neve também vivia na ilusão que era a mais bonita de todas e sabe-se como a história acabou.
A terceira é a mais importante destas reflexões e prende-se com a nossa cultura vitoriana.
Que durante muitos anos sempre foi uma cultura de rigor, de exigência e de ambição.
E foi ela que nos permitiu passar de um simpático clube de província para um clube conhecido e respeitado a nível nacional batendo-se muitas vezes olhos nos olhos com clubes que tem outros meios e outros apoios.
Mas essa cultura está a desaparecer e esse é o verdadeiro grande problema do Vitória.
Porque se está a instalar,de há anos para cá, uma cultura de mediocridade,de facilitismo, de permanente desculpabilizacão dos insucessos, de encolher os ombros perante os erros , de absoluta banalização de um emblema que devia ser ímpar.
A infeliz entrevista do presidente do clube e da sad que anexo a este texto é um dos exemplos maiores dessa cultura de banalização.
Até admito que a intenção fosse boa mas o discurso está completamente errado e nada tem a ver com aquela que deve ser sempre a cultura do clube.
Ambição, Exigência, Rigor.
São as reflexões que me ocorrem a propósito da inacreditável eliminação de ontem.
E se as faço é apenas porque olho o futuro próximo com uma preocupação em crescendo face ao que vou vendo neste início de época em que a equipa B vai competir na IV divisão e a primeira equipa não consegue vencer equipas que lhe são claramente inferiores em termos de valor como os referidos Varzim e Tondela a que se junta agora uma das mais inacreditáveis eliminações europeias da nossa História já mais que centenária.
Há que mudar de rumo.
E voltar aquela que sempre foi a cultura vitoriana.
Que é , repito, uma cultura de ambição , exigência e rigor.
Porque a continuarmos por este caminho, com esta cultura de banalização do insucesso, receio que a noite de ontem seja apenas uma amostra do que está para vir.
Depois Falamos.
2 comentários:
E passada quase uma semana ainda ninguém, na direção ou na equipa técnica,
'tirou conclusões' da vergonhosa eliminação da Conference League.. O Vitória está a cair em desgraça. Não existe qualquer tipo de exigência. Hoje li no Guimarães Digital que o próximo objetivo é 'reagir' na Amadora... Onde é que eu já ouvi esta história... Há muita incompetência na estrutura do clube e ninguém assume responsabilidades.
Caro Miguel Silva:
Tal como tenho dito noutras ocasiões no Vitória desapareceu a cultura do rigor, da exigência e da ambição.
Acham tudo normal.
Banalizou-se o insucesso.
Por este caminho vamos ter desgostos ainda maiores.
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