sexta-feira, outubro 25, 2013

Reflexão "Presidencial"

Sem trazer para aqui "clubites" e rivalidades não deixa de ser curioso constatar quão diferentes são as formas como os adeptos de Vitória e Braga se envolvem na vida das suas colectividades e na escolha de quem as dirige.
Atentemos nos últimos trinta e três anos.
Enquanto o Vitória atravessou uma longa liderança de Pimenta Machado que presidiu ao clube entre 1980 e 2004 o Braga durante esse período teve vários presidentes desde Mesquita Machado a António Salvador passando por João Gomes de Oliveira, Fernando Oliveira e outros.
E enquanto com Pimenta Machado , mesmo nos seus tempos áureos, existiu sempre um pulsar associativo que levou a várias candidaturas alternativas no Braga cada vez que acabava um mandato era uma aflição para convencer quem estava a continuar ou arranjar quem lhe sucedesse.
Por isso o então presidente da autarquia,Mesquita Machado, com o auxilio do falecido cónego Eduardo Melo tiveram de deitar várias vezes a mão ao clube perante a ameaça de um vazio insuperável.
Nos últimos dez anos as coisas mudaram.
Enquanto no Vitória com a saída de Pimenta Machado se sucederam três presidentes numa década (Vítor Magalhães, Emílio Macedo e Júlio Mendes)no Braga foi exactamente ao contrário com o clube a estabilizar sob a liderança de António Salvador que preside desde 2003 pese embora sucessivas ameaças de abandono nunca concretizadas.
Sendo certo que os três últimos presidentes foram eleitos em eleições rijamente disputadas, independentemente dos resultados serem mais ou menos confortáveis para quem ganhou, enquanto Salvador foi sempre eleito sem oposição.
Hoje a situação é curiosa.
O Vitória depois de anos de turbulência parece ter encontrado a estabilidade e está de regresso a um caminho de sucesso desportivo com a conquista de troféus nacionais em várias modalidades e regressando ás competições europeias em termos de futebol.
O Braga, depois da melhor década da sua história com um vice campeonato, uma taça da liga e uma final europeia como cerejas em cima do bolo, encontra-se perante a enésima ameaça de abandono de António Salvador (se se concretizará ou não logo se verá. mas eu só acredito quando vir outro presidente tomar posse...) e o habitual vazio para além dele.
E isto é de facto curioso.
Porque no Vitória, mesmo mergulhado em grandes problemas financeiros, há sempre quem apareça para se candidatar e as eleições nunca tiveram menos de dois candidatos.
No Braga, aparentemente em situação confortável face à tal década de sucesso, não aparece rigorosamente ninguém,
Não tenho a presunção de saber as razões todas pelas quais isso acontece.
Mas tenho uma ideia sobre o assunto ( e apenas estou a reportar-me às três ultimas décadas) que é esta:
No Vitória, por razões diversas, os adeptos sempre sentiram (e souberam) que os destinos do clube eram essencialmente da sua responsabilidade e por isso em cada momento difícil souberam dar a resposta necessária.
Nuns casos melhor que noutros mas nunca faltaram soluções.
No Braga a questão pôs-se de outra forma.
O clube foi-se transformando progressivamente num "protectorado" do município face à omnipresença de Mesquita Machado e os adeptos foram-se desinteressando da vida associativa porque sabiam que quando fosse preciso "...O Mesquita resolve...".
Os verdadeiros braguistas não gostam menos do Braga que os vitorianos do Vitória!
Só que enquanto nós vivemos o clube todos os dias eles vivem-no essencialmente durante os jogos porque do resto tratava Mesquita Machado (e na ultima década António Salvador com ajuda do ex autarca) e o seu lobby de poder autárquico.
Ou seja: enquanto nos últimos trinta anos as gestões autárquicas do município de Guimarães foram "marginais" em relação á gestão do Vitória a autarquia de Braga foi essencial à sobrevivência do clube.
E esta é a maior curiosidade para o futuro.
Porque a mudança de poder em Braga, com a saída de cena de Mesquita Machado e a chegada da coligação "Juntos por Braga", teve já uma consequência no clube.
Um "ataque de pânico" de Salvador e a sua intenção de abandonar a liderança do clube por razões profissionais, não duvido, mas também pelo receio do que a mudança politica no município possa significar em relação ao futuro a desaparição do "guarda chuva" autárquico e da tranquilidade que isso lhe proporcionava.
Porque sendo os novos autarcas de Braga (nomeadamente Ricardo Rio) adeptos do Braga não acredito que promovam a "promiscuidade" entre município e clube que foi apanágio das gestões de Mesquita Machado  durante muitos anos.
Um assunto que acompanharei com curiosidade nos próximos tempos e a que o Vitória não deve estar desatento.
Tema para futuro post quem sabe...
Depois Falamos.


4 comentários:

Anónimo disse...

Resumindo o seu post: o SCBraga é um clube com uma base popular muito frágil, o que com a saída do Salvador e o novo presidente da câmara pode ser trágico.
Gostava ainda de "corrigir" o seu texto. Onde se lê "com a saída DE CENA de Mesquita Machado" deveria ler-se:
"com a saída DO MECENAS Mesquita Machado"

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Acho que os sócios e adeptos do Braga tem uma vivência associativa pouco intensa e longinqua do clube. Aliás basta atentar no número de presenças nas suas assembleias gerais para confirmar isso. Quanto ao MM foi de facto um mecenas para o clube


il disse...

Por falar em pontapé na bola e Braga: espero que os Vitorianos na próxima reunião de sócios, deem a medalha de honra a Académica. Ihihihihih!
É o mínimo -eu, aqui na Mouraria, ouvi os risos desde Guimarães.

luis cirilo disse...

Cara il:
Pode ter a certeza que a Académica nos deu uma grande alegria