Cavaco Silva foi um excelente primeiro ministro do Portugal.
E o líder do PSD que levou o partido ás suas maiores vitórias de sempre.
Paradoxalmente foi também durante a sua liderança que o PSD mergulhou num dos piores períodos da sua história enquanto partido e organização com vida própria.
Completamente,ou quase, submetido ao governo, definindo as suas estratégias em função das orientações que vinham ora de S.Bento ora da Gomes Teixeira, o partido "amoleceu", aburguesou-se, deixou-se ir ao sabor das vitórias eleitorais que o seu líder conseguia.
Pese embora, ao tempo, as distritais terem um poder e uma capacidade de influência bem longe da actual e que ainda ia permitindo alguns sinais de vida ao PSD a verdade é que o todo estava "anestesiado".
Nas autárquicas de 1993 teve um primeiro sobressalto.
Mas que não foi cabalmente entendido.
Em 1995 teve uma segunda oportunidade no célebre congresso em que o país, e os militantes,queriam Durão Barroso mas os delegados preferiram Fernando Nogueira.
E não perceber o país foi trágico.
Poucos meses depois um partido gordo, anafado e acomodado foi derrotado pelo PS de Guterres.
Muito por força da tal acomodação que levou a que o partido desistisse de ter vida própria, a que os rostos do partido fossem os rostos do governo, a que a secretários gerais de alto perfil politico como Dias Loureiro sucedessem homens apagados como Nunes Liberato e Falcão e Cunha.
Em 2002 quando voltamos ao governo, de forma muito breve aliás, o partido deu alguns sinais de querer fazer diferente.
Após uns meses em que partido e governo tinham demasiados elos comuns, foi feita uma tentativa de reorganização de molde a que o PSD não perdesse a vida própria.
José Luis Arnaut, secretário geral e ministro, deixou as funções no partido e foi substituído por Miguel Relvas que para o efeito deixou o governo.
Paulo Pereira Coelho ficou como vice presidente executivo com a responsabilidade da gestão politica diária do partido e a ligação ao governo.
As intenções eram boas mas a vertigem politica desencadeada com a saída de Durão Barroso para Bruxelas e a substituição pelo governo "armadilhado" desde o inicio de Pedro Santana Lopes nunca permitiu concluir se as referidas medidas teriam dado resultado.
Hoje mesmo o PSD volta a fazer opções.
Face á norma estatutária que impede, e muito bem, o secretário geral do partido de ter funções governativas o PSD vai em Conselho Nacional proceder á substituição de Miguel Relvas.
É uma boa oportunidade para ir mais além.
E tomar medidas que impeçam a "cavaquização" funcional do partido idêntica á sucedida ente 1985 e 1995.
Desde logo na escolha do secretário geral.
Cujo perfil dirá claramente se o partido vai ter vida própria ou se a opção é por alguém que assegure o dia a dia em termos funcionais(também é importante) mas sem iniciativa politica.
Nesse caso, que é uma opção legitima de quem dirige, então o PSD devia pensar seriamente em ter um vice presidente executivo para ser o rosto politico do partido em tudo aquilo que Passos Coelho entender não dever ser ele a dar a cara.
Alguém que não esteja no governo como é óbvio.
Depois creio que seria adequado marcar um congresso antecipado para depois do Verão.
Para que a equipa dirigente pudesse ser renovada dentro de um critério que á excepção do líder implicasse total separação entre governo e partido.
Quem estiver de um lado não pode estar de outro!
As dificuldades dos tempos presentes, as autárquicas de 2013 que considero as mais difíceis de sempre para o partido, e a vaga de descontentamento que percorre o PSD em função de escolhas governativas( incluindo chefes de gabinete e assessores...) dificílimas de "assimilar" pelas bases exigem coragem e reformismo interno.
Pode não haver segunda oportunidade para uma primeira boa decisão interna.
Depois Falamos
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5 comentários:
«Cavaco Silva...o líder do PSD que levou o partido ás suas maiores vitórias de sempre.»
O caro Cirilo desculpe, mas não é verdade,... na minha freguesia! Eu, moi, je, como cabeça de lista, consegui mais votos para o PSD, do que o Prof. Cavaco Silva.:-))))
A sério: Tem razão no que diz e nem comento mais do que isto:
-A tralha nunca aprende!
Tem razão Dr. Cirilo, o P.S.D. tem de ter vida interna própria independente do Governo em funções. Mas considero que não vai existir risco de "cavaquização", Pedro Passos Coelho tem um carácter diferente de Cavaco Silva, os militantes já aprenderam a não cometer os erros do passado, e o contexto actual é diferente do tempo do Governo de Cavaco, na altura existia a euforia da entrada na CEE e a vinda dos fundos comunitários permitiu um clima de luxo e arrogância em Portugal e em Cavaco Silva, actualmente estamos em crise.
Cara il:
É esse o meu receio.
Que não tenham aprendido.
Caro Miguel:
Precisamente por essas razões que evoca é que entendo que quem dirige(não apenas PPC)tem de dar muita atenção ao partido e aos militantes. E não vejo isso acontecer.
O meu problema é que o Pedrinho está a dar muita corda à tralha: são pessoas imprestáveis, são reformas paradas -e até já se diz quem manobrou. Ainda o enforcam e o país não pode ficar parado na mão desta...gentinha em mouro; gentalha em Coimbra.
Cara il:
Infelizmente olho para o futuro com pessimismo.
Os sinais não são animadores.O partido está muito enfraquecido.
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