terça-feira, fevereiro 08, 2011

Vitória Hoje

Correspondendo a amável convite do Blog "Vitória no Coração" escrevi este texto que traduz a minha visão sobre alguns aspectos da realidade vitoriana.

Solicita-me o” Vitória no Coração Vitória” que escreva algumas linhas sobre o actual momento do nosso clube.
É um convite que agradeço ainda para mais vindo de um blog feito com o objectivo de divulgar e defender uma causa que a todos nós diz muito.
O nosso Vitória.
O que dizer do nosso actual momento?
Começando pelo futebol, a mola real do clube, creio que estamos a fazer uma época dentro dos objectivos europeus traçados.
Mas com a sensação de que poderíamos estar ainda melhor.
Porque tendo feito pontos importantes com os clubes que estão acima de nós acabamos por desperdiçá-los com equipas que nos seguem na tabela classificativa.
E desperdiçá-mo-los, em boa verdade, por culpa própria na maior parte dos casos.
Ou porque jogamos mal, ou porque não fomos eficazes a concretizar, ou porque a atitude deixou a desejar.
A verdade é que podíamos ter mais sete, oito pontos e se assim fosse creio que o nosso estádio apresentaria médias de assistência compatíveis com a nossa grandeza associativa.
E essa falta de gente no estádio é, precisamente, um dos problemas mais preocupantes do clube no momento.
Porque, com raras excepções, esta época vai menos gente ao estádio do que o número de lugares anuais vendidos!
Quem em boa verdade já foi inferior ao de outros anos.
O que significa que muitos vitorianos que compraram cadeira não vão aos jogos.
Porquê?
Crise económica?
Sem dúvida.
Mas está longe de explicar tudo.
Ainda ontem, domingos de sol, com o jogo frente a um rival directo às 16 h, estavam 12.840 adeptos no estádio.
Os vitorianos andam afastados do clube. Parte deles pelo menos.
Numa época em que estamos em 4º lugar (já estivemos no 3º), na meia-final da taça, a lutar pela Europa.
Creio que para além das respeitáveis razões económicas tal se deve a duas outras razões:
Uma futebolística e outra de liderança.
O Vitória raramente faz boas exibições, dificilmente joga um futebol entusiasmante, e isso reflecte-se na vontade das pessoas em irem ao estádio.
Por outro lado a contínua rotação de jogadores dificulta a criação de empatias entre adeptos e plantel.
Veja-se que ainda agora, no mercado de Janeiro, fomos o clube que mais contratações fez.
E uma ou outra bem difíceis de entender.
Quanto á liderança é evidente que o Vitória tem uma tremenda falta de afirmação pública e mediática.
Quer perante as continuas provocações do Braga, quer perante os erros arbitrais, quer perante as campanhas que contra nós foram desenvolvidas na Comunicação Social pelos dirigentes do SLB depois do jogo da primeira volta.
A tudo a direcção respondeu com um silêncio incompreensível!
Incompreensível, comprometido e comprometedor.
E também isso se reflecte no ânimo dos adeptos que vêem a defesa do clube entregue nas mãos de Manuel Machado e de um ou outro jogador com destaque para Nilson e Flávio.
E perante a falta de liderança, a falta de presença mediática, a falta de alguém que motive as forças vivas do clube a tendência natural, e humana, é para um deixar cair de braços.
Que se vê nas assistências ao futebol mas já extensivo ás do voleibol.
A que aos pavilhões cheios do passado, que motivavam admiração dos adversários (e temor!), se sucedem os pavilhões desoladoramente vazios dos tempos de hoje.
Com a equipa a lutar por títulos.
Vá lá que no basquetebol, muito por força da valia da equipa e da excelência do treinador, parece que a tendência se está a inverte e vai acorrendo mais gente aos jogos.
É esta, em traços muito gerais, a forma como vejo o Vitória hoje.
Um grande clube, uma grande massa associativa, um tremendo potencial de crescimento.
Mas um desânimo instalado que urge combater.
Com vitórias, com exibições, com títulos.
No futebol, no voleibol, no basquetebol, no pólo aquático e em todas as outras modalidades.
Em todas elas definindo linhas de rumo, criando empatias com os adeptos, fazendo a constituição das equipas corresponder á forma como todos sentimos o Vitória.
E isso faz-se com liderança.
Liderança visível, afirmativa, com presença mediática.
Liderança eficaz e capaz.
O grande desafio que, afinal, se põe hoje aos adeptos do Vitória.
Ter uma Liderança!

7 comentários:

lourenço Lima disse...

Leitura perfeita do que é hoje o nosso Vitória. Direi mais, tal como a actual Direcção, temos um clube apático, "xoxo" e sonolento. Depois de o "MONSTRO" ter acordado, nada se fez para o mesmo continuar desperto.
No que refere ao Voleibol, modalidade da minha paixão e onde venci 4 títulos nacionais no Vitória, um deles o único em toda a história do clube, o titulo de infantis masculinos, vê hoje os adeptos mais distantes por força da falta de identificação com a equipa. Tal como no Futebol, o voleibol é uma colónia de Brasileiros, que estão cá de passagem. Foi tempo em que a equipa era constituída na sua maior parte por atletas Portugueses e internacionais. Esses que conseguiram o titulo de campeão Nacional da Divisão A1.

lafuente disse...

Sr. Lourenço, este ano o Vitória no voleibol, conta com excelentes jogadores nacionais, casos de Roberto Reis, Brizída, João Fidalgo, Fernando Ribeiro, Francisco Fabião, mas acho que lhe falta um líder que era o Cocatto.Depois não temos treinador à altura dos pergaminhos do clube na competição.
Era necessário um Francisco Fidalgo ou um Luís Resende, treinadores com experiência e carisma.
Mas sem dúvida, que se aposta muito nos brasileiros, pois é um mercado barato.

luis cirilo disse...

Caro Lourenço:
Creio que alguas das razões que aponta poderão explicar algum afastamento dos adeptos em relação ao voleibol.
Mas a questão fundamental parece-me ser outra.
O clube está desanimado, as pessoas pouco crentes, a motivação longe dos picos de anos atrás.
Há falta de liderança.
De quem comande e motive os sócios.
O discurso ou é inexistente ou pouco motivador.
O silêncio perante os adversários(alguns inimigos) é confrangedor.
É preciso um "sobressalto" vitoriano.
Caro lafuente:
Creio que se no voleibol tivessemos um treinador como no basquetebol outro "galo" cantaria.

J.F.Campos disse...

Lembrem-se, caros amigos Cirilo e Lourenço,que o Vitória continua a ser uma nação, na realidade do desporto em Portugal.
Nas modalidades, quase todas no topo, nas camadas jovens do futebol, sempre a pensar nos títulos, e claro no futebol graúdo.
Temos das melhores infra-estruturas a todos os níveis, 25.000 sócios e 15000 cadeiras, e paixão sempre a paixão.
Não, seguramente que muitos vimaranenses/vitorianos ainda não caíram na realidade vitoriana actual.
Agora, claro que nem tudo está bem,longe disso, mas afinal, quem está melhor que o VSC?...
A actual situação portuguesa não ajuda, mas o "meu" Vitória é este, logo é este que tenho de amar, e sempre que possível ajudar.
Ajudem vocês também!

luis cirilo disse...

Caro J.F.Campos:
Ajudar o Vitória é o dever de qualquer vitoriano.
Por mim estou de consciência absolutamente tranquila.
Como adepto de sempre, e como dirigente que já fui,tudo o que fiz e faço é com a intenção de ajudar o nosso clube a ser maior e melhor.

Anónimo disse...

De facto, nõ se percebe muito bem o que muitos vitorianos querem...
O Vitória é 4º, está a um passo da final da Taça de Portugal, e o resto do seu desporto continua a mexer!
Começo a ficar farto de tertúlias de mal-dizentes, e que sempre arranjam temas de derrotismos...

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Eu acho que todos os vitorianos querem o melhor para o clube.
Se existe algum ruido de fundo,apesar da época satisfatória que estamos a fazer no futebol e nas modalidades,tal não é da responsabilidade dos sócios.