Não posso,porque não sei,pronunciar-me sobre se valeu a pena a cimeira entre a União Europeia e África.
Para além do folclore,das figuras grotescas como Mugabe ou do "...porreiro pá (parte 2)..." é dificil avaliar,pelo menos para já,se vai haver resultados práticos,palpáveis e uteis destes três dias.
Mas há um factor que me impressionou neste encontro entre democracias,semi democracias e ditaduras.
A reverência de vários paises europeus,incluindo Portugal,perante o ditador libio.
Eu sei que a realpolitik explica muita coisa,os negócios explicarão o resto,mas é patético que democracias que respeitam os direitos humanos se curvem tão reverentemente perante o potencial de negócios que Khadafi representa.
Porque por muito que isso custe a alguns,nesta fase de reabilitação internacional do coronel libio,a verdade é que se trata de um ditador,que governa despóticamente um país onde não existe respeito pelos direitos humanos,onde não existem direitos da oposição nem imprensa livre.
Khadafi durante anos e anos trasnformou a Libia num santuário do terrorismo,armou e financiou diversos grupos terroristas bem conhecidos,esteve por trás do atentado ao avião da Pan Am que se despenhou em Lockerby na Escócia.
Considero ,por isso,patética a romagem de empresários portugueses á tenda que o libio armou num qualquer forte da linha do Estoril,perante a subserviência do governo que aceitou todas as birras e imposições do cavalheiro,na esperançazinha de umas migalhas negociais.
De facto ,perante o negócio, que interessam os principios pensarão governo e empresários.
Cada país tem o que merece.
Governo e empresários.
Em democracia,porque nas Libias deste mundo não há possibilidade de optar,pode-se mudar o primeiro.
Dos segundos acabará por se encarregar o mercado.
Em ambos os casos por incapacidade e falta de valores.
Depois Falamos
4 comentários:
Oh, que tem razão, Caro Amigo, mas como escrevi no "blog" da sua Amiga 'Dri', é uma desgraça que as democracias sejam obrigadas a renegar-se para poderem sobreviver.
E quanto à moral em política, é uma religião onde há muitos crentes mas muito poucos praticantes !
Pagaremos isso um dia.
Ainda sobre o assunto da...tenda !
Li há alguns momentos, que de Paris, o nómada da tenda da rua de Marigny vai para Madrid.
A visita dele a Paris fez uma vitima: a bonita Secretária Negra dos Direitos do Homem de Sarkozy, Rama Yade, que teve a pouca sorte de ver chegar a Paris o ditador sangrento no dia mesmo da comemoração dos Direitos do Homem. Pouca sorte! Mas mesmo assim, fez uma declaração forte, dizendo que em nome dos negócios, a França não pode transformar-se numa espécie de tapete onde o ditador vem esfregar as botas cheias de sangue! Linguagem exemplar.
Mas Sarkozy ,em nome da “real politik”, mandou-a calar e engolir o chapéu!
Não sei em Madrid existe uma Secretária dos Direitos do Homem, mas seria bom que a lição continuasse .
Eu achei muito bem esta Antigona Francesa. Sarkozy, declarou, como Créon, que é necessário viver com o mundo tal como ele é . Na tragédia clàssica, , Créon não é um medíocre, mas antes um homem desenganado, sem ilusões portanto, que quer o menos de mal possível para a sua boa cidade de Thebes.
Se Sarkozy crê realmente que Khadafi se arrependeu e que a assinatura de chorudos contratos comerciais conduz este indivíduo para o caminho do respeito humano , e que, no fundo, ele, Sarkozy, despreza cordialmente o ditador, então Sarkozy merece ser chamado Créon.
Mas o problema é que , no fundo, não sabemos ...nada, do fundo de Sarkozy!
Mas sem hesitação, identifico a pequena princesa negra a Antigona, mas não posso impedir-me de duvidar que Sarkozy seja realmente um verdadeiro Créon.
O futuro nos lo dirá.
Wait and see !
Depois falamos …
Caro Amigo:
Penso que caracterizou brilhantemente a situação.
E a personalidade de Sarkozy.
O problema,que alastra,nas democracias de hoje são estes lideres "plásticos" construidos pelo marketing,a quem não se conhece o pensamento politico,a perspectiva cultural,os sentimentos humanos.
Tudo que dizem e escrevem é cuidadosamente encenado,visto ao pormenor pelos seus "encenadores" e por vezes andam anos e anos na nossa frente sem podermos ver a sua verdadeira realidade.
Sarkozy é um desses casos.
Como o foi Blair,como o é Sócrates.
Deste ultimo fui colega na assembleia da república durante anos,em bancadas diferentes como é óbvio,e garanto-lhe que "isto" que hoje vemos nada tem a ver com o que Sócrates era.
Uma imagem totalmente construida por cientistas da comunicação.
Genuino apenas o mau feitio.
Esse já existia.
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