O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Foi Jaime Pacheco, que na sua primeira passagem pelo Vitória em finais dos anos noventa, celebrizou a expressão que “ quando não podes ganhar com violinos ganhas com bombos” querendo com isso significar que quando a equipa não conseguia ganhar dando espectáculo ao menos que o fizesse com base no esforço, no arreganho e na entrega.
Querendo com isso passar a mensagem de que o importante era ganhar.
Tenho-me recordado frequentemente dessa frase de Jaime Pacheco.
Porque tenho visto o Vitória ganhar muitos jogos, embora menos do que devia, ao longo destes anos mais recentes mas são muitas mais as vezes que os triunfos apareciam via bombos porque pelos violinos isso não era nada frequente.
E quando era pelos violinos isso significa va muito mais através de rasgos individuais de alguns jogadores especialmente talentosos, como Ricardo Quaresma e Marcus Edwards, do que através de exibições colectivas que proporcionassem o tal espectáculo que agrada aos adeptos e leva os espectadores aos estádios.
As coisas são o que são!
E como é dos livros que jogando-se bem se aumentam as hipóteses de vencer não admira que uma equipa que tantas vezes precisava de vencer no esforço não conseguisse o número de triunfos que lhe permitissem alcançar objectivos que sempre foram os seus mas dos quais andava cada vez mais arredada.
E chegamos à presente época depois de na anterior a equipa ter cumprido os mínimos, apuramento para as competições europeias (Liga das Conferências) através de um sexto lugar no campeonato atrás dos três do costume, do Braga e do...Arouca, mas sem brilho nem encantamento face a consecutivas exibições em que raramente se ouviu o som dos violinos mas repetidamente o rufar dos bombos.
A presente época começou muito mal.
Sairam jogadores que eram titulares ou perto disso ( André Amaro, Bamba e Anderson os mais relevantes) e sem entrar agora em questões sobre se deviam ou não ter saído, e o preço pelo qual saíram, a verdade é que desfalcaram a equipa em sectores importantes.
Depois a eliminação face ao Celje, um clube modesto que em condições normais nunca eliminaria o Vitória, foi um trauma que abalou todo o clube e que levou a uma muito mal explicada saída de Moreno Teixeira após o primeiro jogo de campeonato o que também não contribuiu, como é óbvio, para a sempre desejada e necessária estabilidade.
E se tudo isto já era mau o pior ainda estava para vir.
Porque depois de um período transitório em que a equipa foi orientada num jogo por João Aroso (que após esse jogo também saiu) e noutro por Douglas (embora com o treinador contratado já no banco como ...delegado) assistiu-se ao anúncio de Paulo Turra como treinador numa opção presidencial que excepto quem a fez ninguém mais terá entendido!
O resultado foram quatro jogos do campeonato que se saldaram por duas derrotas, um empate e um sofrido triunfo caseiro face ao Estoril findo o qual se soube que Paulo Turra já não era treinador do clube depois de estar em funções durante um mês e pouco no qual para lá dos maus resultados do campeonato ainda arranjou tempo para ser eliminado em casa pelo Tondela, da II divisão, numa eliminatória da Taça da Liga.
Partiu Paulo Turra, sem que alguém assumisse a responsabilidade pelo insucesso de tão estranha contratação, e foi contratado Álvaro Pacheco.Que encontrou uma equipa traumatizada pelos resultados, sem um fio de jogo que convencesse quem quer que seja, com uma pontuação que se devia muito mais ao esforço, empenho e dedicação dos jogadores do que a qualquer outra razão técnica ou directiva.
Em suma uma equipa em que o rufar dos bombos era “música” única porque violinos nunca foram ouvidos ou sequer pressentidos.
O plantel, excepto a contratação de Clinton que ainda não se estreou (nem seqer na equipa B), era exactamente o mesmo.
E Álvaro Pacheco iniciou o seu trabalho.
Logo em Famalicão no seu primeiro jogo (triunfo por 3-1) não se viu a equipa dar espectáculo, nem isso era minimamente exigivel, mas já se viu uma equipa na verdadeira acepção do termo jogando um futebol consistente ,mantendo o controle do jogo e fazendo golos.
No Algarve, perante o Moncarapachense para a Taça, num tarde de invernia e com uma arbitragem fraca cumpriu o seu objectivo sem problemas de maior e conquistou o apuramente para a eliminatória seguinte.
Face ao Chaves, aí sim, já soaram os violinos no D. Afonso Henriques com uma bela exibição, futebol de grande qualidade, muitos golos e uma equipa que ninguém diria que era a mesma que tinha passado meses a tocar bombo tal a consistência e qualidade da sua prestação.
Com Bruno Gaspar em grande plano ( há quem lhe deva um pedido de desculpas pelo que dele disse quando estava lesionado), com Ricardo Mangas a confirmar ser um grande reforço , Jota Silva a dinamitar a defensiva adversária, Tomás Handel a empunhar a batuta de maestro, João Mendes a continuar a senda goleadora a serem os que mais se destacaram numa equipa que jogou toda ela muito bem.
E com a nuance, importantíssima, de o Vitória ter entrado em campo com dez portugueses e depois ainda ter utilizado mais três numa aposta clara no futebolista nacional que é o caminho certo para o sucesso desportivo e financeiro.
Tal como uma andorinha não faz a primavera também uma grande exibição não significa ter uma grande equipa.
Há muito trabalho a fazer, há aspectos a melhorar, o aperfeiçoamento é uma tarefa diária de um grupo de trabalho no futebol profissional como os jogadores e especialmente Álvaro Pacheco e a sua equipa técnica bem sabem.
Mas há, claramente, aquela agradável sensação para os adeptos de que as coisas estão a ser bem feitas, há um rumo definido, todo o grupo sabe o quer e sabe para onde vai e a justificada esperança de cada vez se ouvirem mais os violinos e menos os bombos.
E depois daquele péssimo início de época não era legítimo nem justo pedir mais nesta fase do campeonato.
Em tempo: Há ainda uma ou outra lacuna que em Janeiro seria bom ser preenchida. Como há na equipa B jovens a mostrar que se pode contar com eles.
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