O futebol, esse desporto que apaixona multidões, encerra alguns mistérios sobre os quais é curioso reflectir na tentativa de encontrar respostas.
Vou-me referir a dois, um de sempre e um mais recente, nos quais tenho pensado sem encontrar uma explicação que me satisfaça cabalmente.
Um tem a ver com jogadores e outros com treinadores.
Em termos de jogadores é sabido que a América do Sul tem dado ao futebol europeu alguns dos melhores praticantes que este alguma vez conheceu.
Bastará citar nomes como Maradona, Ronaldo, Messi, Ronaldinho, Romário, Bebeto, Rivaldo, Francescoli (e incluo o mexicano Hugo Sanchez que era centro americano mas não foge à lógica) para se concluir da excelência dessas "exportações" vindas do outro lado do Atlântico.
Todos eles triunfaram exuberantemente no futebol europeu jogando nalguns dos seus maiores clubes e ganhando títulos e troféus.
O contrário é que nunca aconteceu.
Porque mesmo fazendo um bom esforço de memória não me lembro de nenhum futebolista europeu que tenha triunfado a esse nível no futebol sul americano.
Lembro-me, remotamente, do sportinguista Fernando Peres ter sido campeão do Brasil pelo Vasco da Gama em meados dos anos setenta mas foi a excepção que confirma a regra de os futebolistas europeus se darem mal no futebol sul americano.
É certo que durante muitos anos nem interesse teriam em para lá irem porque no Brasil, a maior potência futebolística do continente, se pagava mal.
Mas nos últimos anos essa tendência inverteu-se e continua a não se assistir à migração de jogadores europeus para os principais campeonatos da América do Sul.
O outro mistério tem a ver com o futebol inglês.
Para mim aquele onde se disputa o melhor campeonato europeu, com grandes clubes, publico excepcional, grandes jogos , fair play e uma verdade desportiva de fazer inveja a qualquer outro campeonato especialmente os do sul da Europa.
Contudo nesse futebol de élite, na sua pátria de nascimento, faltam os grandes treinadores.
Atente-se nos principais clubes e no campeão em titulo:
Manchester United, José Mourinho (Portugal)
Manchester City, Pepe Guardiola (Espanha)
Liverpool, Jurgen Klopp (Alemanha)
Arsenal, Arsene Wenger (França)
Chelsea, António Comte Itália)
Leicester ,Cláudio Ranieri (Itália)
Tottenham, Mauricio Pochettino (Argentina)
Everton , Ronald Koeman (Holanda).
Nem um inglês para amostra!
Aliás para recordar treinadores ingleses de sucesso é preciso recuar a Bobby Robson, e mais remotamente a Bob Paisley e Brian Clough para não ter de ir aos históricos Alf Ramsey e Bill Shankly.
Curioso e de certa forma inexplicável.
Mistérios do futebol...
Depois Falamos
P.S Antes que alguém mais distraído venha com essa objecção recordo que Alex Ferguson é escocês!
2 comentários:
Caro Cirilo,
Em relação ao primeiro ponto que refere penso que a explicação resida no facto da América do Sul não ser tão atrativa quer a nível financeiro quer a nível competitivo. Apesar de River Plate, Boca Juniores, Santos ou Peñarol serem históricos do futebol, não estou a ver que argumentos possam apresentar a jogadores como Pogba, Muller ou Griezmann para atravessar o Atlântico. Penso que lá não pagam mais, por outro lado não há Liga dos Campeões e a malta que nasce e cresce na Europa sonha é com Barça, Real, Bayern, etc...
Em relação aos treinadores ingleses. Bem, a Liga Inglesa é a que mais gosto de ver por causa da competitividade e do entusiasmo que se vive ao redor do futebol. Mas nos últimos anos tem deixado muito a desejar a nível competitivo e para isso basta ver os péssimos resultados nas competições europeias. A última grande equipa inglesa foi o United de Ferguson que foi a 3 finais da Champions em 4 anos. Talvez a partir deste ano a coisa mude.
Indo aos treinadores, penso que os ingleses em geral teem palas à frente dos olhos. Custa-lhes ver o que um continental vê a léguas e obviamente que isso se reflete nos resultados. E para lá de não haverem muitos treinadores ingleses na premier league, então nas outras ligas europeias há muito muito menos ou se calhar nenhum. O último foi o Gary Neville no Valência com os resultados que conhecemos.
Penso que o que eles precisam é de se abrir mais,ser humildes e reconhecer que estão muito atrás de muitos países europeus e aprender com quem sabe.
Caro Miguel:
A China não tem especiais atributos em termos de tradição futebolistica (muito menos que o Brasil)e cada vez há mais excelentes jogadores a irem para lá.
O dinheiro manda.
Quanto à Liga inglesa e aos treinadores estou de acordo.
Realmente são demasiado conservadores, tacticamente ultrapassados, e os técnicos continentais são de qualidade superior.
Na realidade precisam mesmo de olharem par ao espelho e perceberem os seus problemas.
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