quarta-feira, agosto 26, 2015

Dez Anos

Dez anos atrás o Vitória tinha entrado na Liga com grandes aspirações.
Na época anterior, a primeira de Vítor Magalhães após duas décadas de presidência de Pimenta Machado, o Vitória comandado pelo técnico vimaranense Manuel Machado tinha conseguido o apuramento para a Liga Europa e constituído um plantel que lhe permitia aspirações nas três frentes em que estava envolvido.
Contudo uma inexplicável decisão de Vítor Magalhães viria a ter um peso trágico no desenrolar dessa época.
Ao invés de manter o treinador que conseguira o apuramento europeu o então presidente resolveu substitui-lo por Jaime Pacheco diz a lenda que apenas e só porque anos antes Pimenta Machado o tinha despedido e era importante tentar fazer em tudo o contrário do ex presidente.
Mas deu-lhe, há que reconhecer, um excelente plantel.
Saganowski. Svard, Flávio Meireles, Cleber, Geromel, Sereno, Nilson, Paíto, Dragoner, Rogério Matias, Neca, Wesley, Moreno, Dário, Manoel, Benachour, Clayton, Antchouet,eram o núcleo duro de um grupo que em condições normais daria perfeitamente para renovar um apuramento europeu e conseguir boas prestações nas outras competições em que o Vitória estava envolvido.
A verdade é que quase nada foi assim.
Na Taça de Portugal ainda o Vitória fez uma boa carreira, a provar a valia do plantel, chegando ás meias finais onde foi eliminado por penaltis numa horrorosa noite em Setúbal perante milhares de adeptos vitorianos (de Guimarães) que tinham acompanhado a equipa num dia de semana e com mau tempo.
Na Liga Europa as coisas não correram nada bem.
Sevilha(que viria a vencer a prova mas onde os vitorianos fizeram uma deslocação inesquecivel pelo número de adeptos), Zénit, Bolton e Besiktas revelaram-se demasiado fortes e com erros de arbitragem à mistura (o jogo de S. Petersburgo viria até,anos depois, a ser denunciado como alvo de uma acção de corrupção mas o assunto morreu sem ninguém lhe ligar nenhuma) o Vitória conseguiu apenas um ponto e o ultimo lugar do grupo.
Mas a tragédia foi mesmo no campeonato.
Quatro derrotas nos quatro primeiros jogos (onze nos dezassete da primeira volta) significaram um dos piores arranques de sempre do Vitória e a equipa nunca viria a recompor-se desse péssimo inicio de época pese embora a valia dos seus jogadores.
À 13ª jornada, e depois de uma pesada derrota caseira face ao União de Leiria (0-3), que era a nona em 13 jogos, Vítor Magalhães despediu Jaime Pacheco (e já era tarde dirão alguns com razão) e cometeu o erro dos erros que nos viria a custar o impensável.
Contratou um treinador jovem,e que prometia uma excelente carreira, mas que tinha muito pouca experiência como treinador principal dado que apenas treinara o União de Leiria durante duas épocas tendo feito a restante carreira como adjunto ou treinador de guarda redes precisamente no União de Leiria cidade de onde é natural.
E a verdade é que a equipa nunca mais se encontrou.
É factual que Vítor Pontes até começou bem com um triunfo sobre o Penafiel fora de portas mas nos sete jogos seguintes três derrotas e quatro empates mostraram que a "doença" era mais grave e mais profunda do que alguma vez se supusera possível. 
Duas vitórias consecutivas (as únicas da época) sobre Marítimo e Benfica seguidas de um empate na Choupana e um triunfo caseiro sobre o homónimo de Setúbal pareceram o ressurgir da equipas e o reencontro com o verdadeiro valor do plantel mas infelizmente foram apenas o "canto do cisne" a traçarem o impensável destino.
Porque nos dramáticos nove jogos finais da época o Vitória apenas ganhou um (outra vez ao Penafiel) tendo conseguido quatro empates e sido derrotado quatro vezes.
Alguns desses jogos extremamente dramáticos como os de Paços de Ferreira e  de Barcelos (ambos terminaram com 1-1) com o Vitória a consentir golos impensáveis já nos momentos finais das partidas sendo o golo pacense um auto golo de Dragoner e tendo em Barcelos Cléber falhado um golo de baliza aberta no lance anterior ao do empate gilista.
E essa soma de erros e azares culminou naquilo que se sabe.
Um bom plantel, recheado de bons jogadores e que em condições normais ficaria nos primeiros cinco lugares, acabou por descer de divisão.
Não acredito que a história se repita e o Vitória volte algum dia a descer ao segundo escalão.
Seria uma catástrofe desportiva e social.
Mas dou à História o valor suficiente para dela recolher ensinamentos e considerar que há erros que não podem ser repetidos sob pena de voltarmos a viver momentos de ansiedade e angustia de que ninguém tem saudades.
Depois Falamos.

24 comentários:

MF disse...

Faltou mencionar algo que permitiu formar a tempestade perfeita ... o facto de descerem nesse ano 4 clubes!

Anónimo disse...

Só um reparo, no jogo de Penafiel, e em que fui ver por acaso, ganhámos 0-1, com um golo de Benachour aos 92 minutos, mas nesse jogo orientou a Equipa o interino Basílio Marques. Desceram 4 Equipas essa época, mas ainda há pouco tempo o ex Presidente Camarário António Magalhães disse, que se o Vitória não ficasse nos 2 últimos lugares, provavelmente iria a Liga continuar a 18 Equipas e o Vitória não teria a descida ao inferno. Se seria verdade ou não, não sei? Mas também não conta para nada!

José Vitoriano

Saganowski disse...

Caro Luís,

Tivemos, verdadeiramente, uma grande tripulação! Infelizmente, o comandante e o timoneiro não souberam conduzir a nau e a mesma acabou por afundar com estrondo nas profundezas da 2ª liga (de onde emergiu com um piloto vindo da costa do Algarve, e por isso, homem já experimentado nestas coisas de navegar)! Esperemos que a parte má da história (que tem tantas similitudes com o actual momento do Vitória) não se repita!
Haja "voz de comando" para redireccionar a rota e trocar o piloto a tempo de evitar o desastre. E já agora que falamos de similitudes, se fossem buscar o tal mesmo piloto (como é o desejo de muito vitorianos como tu e eu), tenho a certeza que o desempenho dos marujos será bem mais agradável e o barco chegará tranquilamente a bom porto, ou seja, aos lugares europeus.
Se assim não for, temo que o barco continue a meter água por todos os lados... Oxalá me engane!

luis cirilo disse...

Caro MF:
É verdade que desceram quatro.
Mas nem que descessem dez isso devia ter a ver connosco.
Caro José Vitoriano:
Sim lembro-me dessas declarações.
São suposições que nunca poderão ser provadas e,como diz, agora também não contam para nada.
A verdade é que descemos. E isso nunca podia ter acontecido

Mr.Karvalhovsky disse...

"Mas dou à História o valor suficiente para dela recolher ensinamentos(...)"

Espero que o nosso presidente tenha essa sabedoria...

MF disse...

"É verdade que desceram quatro. Mas nem que descessem dez isso devia ter a ver connosco."

Correcto, mas se não estou em erro, em épocas não muito mais anteriores que essas, se tivessem descido os mesmos 4 já teríamos mais cedo descido aos infernos!

luis cirilo disse...

Caro Saganowski:
Subscrevo as tuas palavras.
Mas nada como esperar para ver.
Caro Mr Karvalhovsky:
Ele nesse tempo não ligava a futebol e por isso o assunto deve ter-lhe passado ao lado.
Mas faria bem em informar-se (e não lhe falta quem o informe) para que alguns erros não se repitam.
Para lá dos já repetidos é claro.
Caro MF:
Como se se apurassem sempre três para a Champions já lá teríamos estado mais vezes.
O que está em causa é que há dez anos bastava terem descido dois para descermos.
E o levarmos mais companhia em nada nos alegra.

Macaco careca disse...

Devo dizer que nesse ano, só acreditei que iamos descer quando já não havia mesmo nada a fazer porque até lá achei sempre isso impensável, não só porque descer não condiz com VSC, como o facto do Vitória nesse ano até ter jogado muito bem, inclysive arrastava multidões, parecia incrível como tudo o que podia correr mal, mal correu. Não sou homem de superstições mas nesse ano, tal como neste, tínhamos de longe o 4° melhor plantel em Portugal, e tal como este ano, as coisas começaram tortas e nem a qualidade dos jogadores nem as boas exibições conseguiram alterar a corrente. Até nisso somos únicos, o unico clube que desceu de cabeça erguida e com estádios cheios, cordões humanos, etc...

Hélder Marinho

Anónimo disse...

Caro Luís Cirilo.


Temo que o Vitória repita essa época. Mais, como na II liga descem 5, o Vitória B desce para o CNS.

A manter este treinador até ao fim (que é o objetivo da direção!), se tivesse que apostar dinheiro, apostava que o Vitória não se safava.

A meu ver, o grande mal é que perdemos/empatamos 4/5 jogos e é tudo mau... depois ganhamos/empatamos 1/2 jogos e estamos a recuperar... depois faltam 8/9 jogos e não há tempo para nada... e dizemos que foi azar!

Para ser irónico (ou sincero!?), a descida dessa época deve ser uma estória para este presidente, porque aposto que nesse ano ele não era sócio do Vitória. Não se pode exigir que ele com 50 anos (+ ou -) perceba o que é o Vitória em 10 (+ ou -) anos. Acredito mais depressa que o Vitória desce que este presidente ter entrado no D. Afonso Henriques pré EURO 2004!

Se analisarmos bem, o discurso deste presidente tem tudo a ver o com discurso de então do V. Magalhães.


Fernandes

Anónimo disse...

E não foi nessa época que também se vendeu metade da equipa em Janeiro?

Anónimo disse...

É verdade Sr Luís Cirilo. Dizem que a falta de Cultura paga-se caro.

A tradição do nosso clube é ter gente bem formada na Direção. Senão nunca teríamos chegado a ter esta massa associativa. É pena que a imagem que se esteja a passar seja de regressão em vez de evolução.

Miguel Silva

Unknown disse...

Grave presidente, se não me engano duplicou o número de sócios, adeptos no estádio e envolta do Vitória... Campanhas que levou muita gente o estádio, como as mulheres que geravam uma receita para mais tarde ser dispensada, (grandes empresas/clubes não nascem do nada, leva tempo)... O grande problema é que vivemos de resultados e memória curta, tal como o problema do país...

Mike_the_Bike disse...

Caro Luís Cirilo,

de facto foi uma época inesquecível, por diversas razões, entre as quais a mais dramática do nosso Vitória, NUNCA poderíamos ter descido de divisão! Apesar de tudo o que estava a acontecer, os Vitorianos nunca viraram a cara, e deve ter sido das épocas em que a equipa mais apoio teve, dentro e fora do estádio do Rei.
Sinceramente não vejo nesta altura essa mesma motivação por parte dos adeptos, pese embora termos um bom plantel, há qualquer coisa que não está a funcionar. Por muito que nós Vitoriamos, tenhamos uma atitude e uma postura, quase que diria cultural, com o nosso clube que nos permita estar sempre lá, existem factores que contribuem para o aumento da nossa descrença e consequente afastamento, como o tempo que passámos à espera para entrar no estádio porque se resolve apenas abrir metade das portas; um estádio desleixado; um treinador sem coragem que não dá a mínima confiança à equipa; uma direcção teimosa que não tem capacidade para ceder... enfim, ainda estamos no inicio, ainda há tempo para corrigir alguns erros, e esperar que a época que retrata não se repita!

Miguel

luis cirilo disse...

Caro Hélder Marinho:
Acho que nenhum de nós conseguia acreditar na descida até ela se ter consumado matematicamente de tão impossível nos parecia ver o Vitória na II liga.
Foi um ano de tremenda angústia que só recordei porque me parece importante que as lições do passado não sejam esquecidas.
Não me parece que a História se repita, longe disso, mas acho que esta época a Liga vai ser muito competitiva e as "distracções" podem sair muito caras.

Anónimo disse...

Realmente foi uma tristeza, que nunca mais esquecerei, o dia 7 de maio de 2006, naquele jogo horrível com o Estrela da Amadora, com aquele golo gelado do Semedo aos 63 minutos. No final, consumada a descida de divisão, eram crianças, pais, velhotes, mulheres, a chorar ali ao meu lado e eu incrédulo com tudo o que estava a acontecer. Foi bonito depois a reação da alma vitoriana, com os cordões humanos, marcha branca, estádio cheio, mesma na 2ª divisão, fosse ele o adversário o Vizela, Olivais e Moscavide, Oriental, Oliveirense, Covilhã, etc. Nesse ano na segunda divisão tivemos uma prestação na Taça de Portugal fraca, ao sermos eliminados pelo Mafra da 2ª divisãoB na altura. Nesse ano na 2ª divisão as coisas também não andaram muito bem, chegamos a perder com o Vizela, mas depois da chegada do Cajuda, as coisas endireitaram. Sim, descemos, mas de cabeça erguida não concordo, porque foi algo que para um Vitoriano, foi a maior vergonha porque passei, porque essa vergonha durou uma época,( não foi um jogo e uma eliminação pelo Altach por 1-4 em casa) é algo que nunca se apagará da minha memória, por mais anos que eu viva. Os bons plantéis e orçamentos não ganham campeonatos, mas ajudam, mas também é preciso uma boa liderança, seja do Presidente, seja do treinador e equipa técnica. O que me assusta, é que este ano temos treinador fraco e o Presidente mostra sinais de fraqueza, ao vender ou oferecer os nossos melhores jogadores ao Porto, Ricardo, Tiago Rodrigues, André André, Hernâni. Tirando o Alex, não vejo na equipa nenhum jogador com a categoria dos que atrás mencionei. Como é possível alguém dizer que este plantel é o 4º melhor a seguir aos três grandes? Felizmente a maioria dos vitorianos sabe ver futebol e tem olhos na cara. Temos pouco dinheiro para investir e não podemos comprar bons jogadores, resta-nos aproveitar os jogadores da B e os emprestados do Porto. Veremos até ao jogo com o Braga como as coisas estarão, mas o treinador já fala em problemas psicológicos dos jogadores, não sei não. Mas como diz o Luis Cirilo, DEPOIS FALAMOS!

Anónimo disse...

Caro Cirilo,

Gostaria de acrescentar que desta vez não há liquidez para, na próxima época, comprar a subida, até porque, com a diferença de receitas entre 1ª e 2ª Liga, 1 milhão de euros poderia não chegar para subornar um qualquer Rio Ave desta vida. Para além do mais, o craque do treinamento que o (também craque) do nosso presidente colocou à frente do plantel, já ofereceu 2,4 milhões de euros ao Belenenses (mais prémios de vitória - 360 mil euros - e empate - 120 mil - na fase de grupos), somos ums porreiraços, não bastava oferecer pontos aos nossos adversários e gargalhadas aos nossos rivais, ainda vamos atirando notas pela janela...

Curiosidade: o Rio Ave vendeu um dos melhores pontas-de-lança do futebol português aos camelos mais barato do que a nós a subida de divisão, até nisso somos grandes negociantes...

Cumprimentos,
Lúcio Almeida

luis cirilo disse...


Caro Fernandes:
É precisamente disso que tenho receio. Que uns resultados bons pelo meio de resultados maus vão adiando decisões.
Note-se que não espero, muito menos desejo, que as coisas corram mal e oxalá Evangelista leve a nau a bom porto.
Mas se as coisas não correrem bem adiar decisões pode ser muito complicado.
Quanto ao presidente não faço ideia de quanto tempo tem de sócio. Mas pelo número de associado não deve ter muito mais de dez anos.
Caro Miguel Silva:
Há realmente um retrocesso nalguns aspectos. E é pena. Porque "outro" Vitória podia fazer esta época um campeonato muito interessante. Basta ver como estão os pseudo" grandes".
Caro Paulo Andrade:
Como todos teve coisas boas e coisas más. Mas foi um presidente esforçado e que procurou fazer boas equipas. Infelizmente foi mal aconselhado e cometeu erros que nos levaram à descida.E depois deixou a equipa ao abandono o que é imperdoável.
Caro Miguel:
Apenas posso estar de acordo.
E creio que esse estado de desânimo, que é real, tem muito a ver com o discurso de quem dirige e que não anima nem motiva ninguém. É preciso mudar de paradigma. Porque falar de vender jogadores, de dificuldades financeiras, de problemas e mais problemas já cansa.
É preciso um discurso mobilizador e repleto dos valores que fazem o Vitória diferente.
Caro Hélder Marinho:
Acho que nenhum de nós conseguia acreditar na descida até ela se ter consumado matematicamente de tão impossível nos parecia ver o Vitória na II liga.
Foi um ano de tremenda angústia que só recordei porque me parece importante que as lições do passado não sejam esquecidas.
Não me parece que a História se repita, longe disso, mas acho que esta época a Liga vai ser muito competitiva e as "distracções" podem sair muito caras.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Esse dia de grande tristeza foi também um dia em que pudemos ter orgulho na nossa grandeza.
Porque acabou o jogo e as pessoas ficaram no estádio a gritar Vitória e com os cânticos habituais de incentivo ao clube.
Nesse ano o plantel era bom mas o resto deixava muito a desejar e isso explica em boa parte a nossa descida.
Na actualidade, e não me passando pela cabeça que alguma vez voltemos a viver a angústia desses momentos, existem alguns sinais de alarme que não devem ser depreciados.
Quanto ás transferências é evidente que vendemos sempre muito abaixo do real valor dos jogadores. Por necessidades urgentes, é verdade, mas também por falta de poder negocial.
Acho que temos um plantel de bom nível mas parece-me evidente que precisa de retoques.
Nomeadamente um bom central que é a prioridade das prioridades.
Se Josué ficar. Porque se sair então são precisos dois.
Caro Lúcio Almeida:
Sobre a subida de 2006/2007 não falo porque não conheço a "compra" a que se refere.
Já ouvi muitas histórias mas não passam disso...histórias.
É verdade que a forma inacreditável como fomos afastados da Liga Europa, mais as declarações dos responsáveis do Altach, apontam claramente numa insuficiente capacidade de preparar dois jogos relativamente simples.
E isso custa muito dinheiro.
Desde o prémio de entrada na LE, passando pelos prémios por pontos alcançados e acabando na valorização de jogadores que a montra europeia proporciona.
São mais que os 2,4 milhões de euros que refere.
E a culpa tem rosto.
Ou melhor, tem rostos.
Porque AE não treina o Vitória por sorteio ou concurso público.
Foi escolhido!

Anónimo disse...

Caro Cirilo,

Tenho o máximo respeito por si, considero-o uma figura daquilo que é ser-se Vitória e sei que, mais cedo ou mais tarde, será presidente do nosso Vitória Sport Clube. Sei, também, que é uma pessoa com proximidade a pessoas que se encontram ao mais alto nível da realidade tanto da nossa SAD e clube, como do futebol português. Como tal, não o tenho como alguém inocente e que possa ser apanhado desprevenido em nenhum assunto mais "obscuro" do nosso futebol. Percebo, isso sim, é que não queira mastigar demasiado alguns assuntos, o que é perfeitamente respeitável para alguém com a sua influência a nível político e desportivo.

Feita a introdução, digo-lhe que em 2006/07 a subida de divisão nos custou muito dinheiro. E quando falo em dinheiro, não esqueço o que foi necessário para trazer Cajuda do Zamalek. Mas o grosso foi investido na recta final do cmapeonato. Recordo que Cajuda entrou muito bem, a ganhar em Portimão, mas seguiram-se 3 derrotas e 1 empate, que empurraram a equipa para um confrangedor 11º lugar a 9 pontos dos lugares de subida. A mestria de Cajuda, permitiu, no entanto, dar a volta e arrancar decididamente para uma série final de 10 vitórias e 3 empates, mas, para que isso fosse suficiente, era necessário que os outros candidatos fossem perdendo a vantagem que já levavam amealhada. Quando a 5 jogos do final do campeonato, com 15 pontos por disputar, o Vitória alcançou, finalmente, o 3º lugar percebeu-se que Rio Ave e Leixões estavam ainda longe. Aproveitando as boas relações (que ainda duram) entre VSC e RAFC e em função da rivalidade que os peixeiros de Matosinhos nutrem connosco não permitir qualquer tipo de acordo, a direcção do Vitória "comprou" a subida de divisão aos vilacondenses por uma verba a rondar o milhão de euros. Para surpresa dos portugueses (dos poucos que ligavam a uma Segunda Liga sem equipas B dos clubes do sistema), o Rio Ave que ao cabo de 25 jornadas tinha apenas 3 derrotas e 50 pontos amealhados (mais 8 que o Vitória), caiu num abismo de derrotas: primeiro em casa diante do penúltimo classificado, Portimonense; depois a goleada no D. Afonso Henriques; a 3ª consecutiva surgiria novamente nos Arcos, diante do Gondomar; a série fechou com chave de ouro em Olhão. 4 derrotas consecutivas, quando nos 25 jogos anteriores tinha perdido apenas por 3 vezes, passando de uma vantagem de 8 pontos para o Vitória para uma desvantagem de 4, a faltar apenas uma jornada para o final do campeonato. Estava consumada a subida do Vitória, o que até possibilitou aos vilacondenses voltar às vitórias na última jornada, encurtando para 2 os pontos de atraso para o Vitória. Felizmente o Leixões não desarmou e foi campeão (lol), não queria nada ter esta taça no nosso Museu.

Mas acredito que nada disto é novidade para si! Espero que não se repita este pesadelo, pelo menos enquanto for vivo.

Lúcio Almeida

luis cirilo disse...

Caro Lúcio ALmeida:
O importante,como diz, é que o pesadelo não se repita nunca mais.
Quanto ao que narra corresponde factualmente ao que me lembro de acontecer e que foi uma ponta final espectacular do Vitória enquanto o Rio Ave se foi "apagando" de forma progressiva.
Recordo que nesse ano, e já nessa fase de crescimento do Vitória, fui a um programa do Porto Canal juntamente com o então treinador do Rio Ave (João Eusébio) e com um administrador da SAD do Leixões cujo nome não recordo e no debate que tivemos recordo-me de ver os meus interlocutores muito confiantes na subida dos seus clubes e descrentes quanto ao Vitória.
Especialmente o treinador do Rio Ave que explicou em directo,tintin por tintin, as razões pelas quais o Rio Ave ia subir e o Vitória não.
Eu defendia o contrário como é óbvio.
E lembro-me de no fim do programa, naquelas conversas que se tem sempre na sala de maquilhagem, o dirigente do Leixões me dizer com um sorriso que se calhar o treinador do Rio Ave (que já tinha saído) não sabia a história toda.
E não sabia mesmo.
A partir daí não sei se custou muito ou pouco dinheiro subir de divisão.
Sei que de borla nada se consegue.

Anónimo disse...

Boa tarde

O Snr. Lucio por acaso já alguma vez praticou desporto? Se sim ,diga como se faz para fazer uma equipa composta por profissionais, cujo ganha pão depende dessa profissão, fazer jogos a fio por perder prepositadamente. É muito grave o que afirma e impossivel de acontecer. O Snr. Luis Cirilo não devia dar cobertura a atoardas estupidas como esta. Lamento!

Cumprimentos
J.M.

Saganowski disse...

Caro Luís,

Outros já foram mais rápidos... http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=568031
O Cajuda já fugiu!

Anónimo disse...

Talvez um dia se saiba as verdadeiras causas que levaram à descida de divisão. Aqueles ressabiados pela saída de Pimenta Machado(esse sim fugiu, deixando o clube em autogestão, falido e com salários em atraso de jogadores, treinadores, funcionários) tudo fizeram para que as "coisas" corressem mal. O papel de um presidente é dotar a equipa do melhor plantel possível, dar condições de trabalho e ter sempre os salários em dia, ninguém pode acusar Vitor Magalhães de não ter proporcionado tudo isto. O erro, para além da saída de M.Machado foi a falta de carácter de alguns jogadores, que a soldo de interesses obscuros ligados à Direção que sucedeu a VM, quiseram que o Vitória desce-se de divisão. As comemorações de alguns com champanhe no dia da descida são bem conhecidas, vindo depois a tomar o poder, com os resultados que bem conhecemos. A subida de divisão custou um milhão de euros??? Pergunto de onde veio esse dinheiro? O clube não o tinha. Os dirigentes? Até dá para rir acreditar que seriam tão beneméritos para fazer essa dádiva...Acredito mais que possa ter havido alguns incentivos para as equipas que jogavam contra o Rio Ave, que por acaso na jornada seguinte jogavam com o Vitória... Não foi EMacedo que contratou Cajuda ou qualquer jogador da equipa que subiu de divisão, bastou VM sair de cena e todos os santos passaram a ajudar...

luis cirilo disse...

Caro J.M.:
Não nem deixo de dar cobertura ao que foi dito.
Pela minha parte não tenho nenhuma prova de que tenha sido como Lúcio Almeida diz.
Mas corrupção no futebol existe e a níveis bem mais altos que a II Liga como todos sabemos.
Não vamos ser ingénuos nessa matéria.
Por mim prefiro crer que subimos por razões estritamente desportivas.
Caro Rui:
Nada que não se resolva se houver vontade disso.
Caro Anónimo:
Pimenta Machado não fugiu, não deixou o clube falido nem em autogestão, nem tão pouco salários em atraso para lá do que é razoável.
Pimenta Machado foi, isso sim, alvo de um processo maquiavélico em que os seus mentores não se importavam de destruir o Vitória desde que o conseguissem derrubar.
E com isso causaram danos de tal ordem ao clube que hoje passados onze anos da saída de PM o Vitória ainda sofre efeitos dessa canalhice que lhe fizeram.
Em segundo lugar percebo que essa narrativa inédita no clube até semanas atrás, de responsabilizar os jogadores pelos erros de treinadores e dirigentes, retroagida no tempo até dá jeito para justificar insucessos de agora.
Mas não vale a pena irem opor aí que não vão ter sorte nenhuma.
Em 2005/2006 os principais responsáveis da descida foram os dirigentes e os treinadores.
Embora os jogadores também tivessem, como é óbvio, responsabilidades na matéria.
Um líder dá sempre a cara e assume a responsabilidade na hora do insucesso!
Quanto a teorias da conspiração de jogadores feitos com a futura direcção(de Emílio Macedo) e que terão provocado a descida do Vitória isso não passa mesmo de teorias da conspiração. A não ser que existam provas em contrário e então é estranho que nunca tenham aparecido.
Essa história do champanhe já a ouvi contar mas não relativamente a qualquer jogador.
Foi em relação a alguém que integraria depois da direcçção de EMS e que em 2012 saiu dos clube de forma muito feia.