Em 1996, no congresso de Vila da Feira, fui pela primeira vez eleito para o Conselho Nacional do PSD numa lista encabeçada por Durão Barroso e apresentada pelo que nesse conclave seria eleito líder do partido Marcelo Rebelo de Sousa.
Vai fazer vinte anos.
Tendo já ocupado outros cargos no PSD e na JSD essa eleição significou a estreia em termos do mais importante orgão do partido entre congressos e por isso foi com a expectativa que uma primeira vez sempre representa que participei na primeira reunião do Conselho Nacional pós congresso.
Recordo perfeitamente que foi num sábado, ás 10.00 da manhã, no auditório da sede nacional na rua de S. Caetano à Lapa.
Já não me lembro se fui para Lisboa de véspera ou se fiz uma madrugada muito madrugadora mas a verdade é que um pouco antes da hora marcada lá estava no auditório.
Foi a primeira surpresa.
Porque ao contrário do que esperava não estava quase ninguém.
Na mesa que preside aos trabalhos estavam a presidente Leonor Beleza, a Virgínia Estorninho e mais uma outra pessoa de que não me recordo e na mesa da comissão politica estava o líder Marcelo, o secretário geral Rui Rio e mais dois membros da CPN.
Na sala, conselheiros, éramos seis!
Ás dez hora Leonor Beleza disse a Marcelo que com uma dúzia de pessoas na sala mais valia esperar uns minutos para dar o inicio aos trabalhos a ver se chegavam mais conselheiros
Ao que este respondeu que quem chegava a horas tinha de ser respeitado!
Dito isto pôs-se a pé,dirigiu-se ao púlpito, e fez a intervenção de abertura do seu primeiro conselho nacional,enquanto líder, para uma dúzia de ouvintes.
Naturalmente que nos minutos a seguir a sala encheu, com alguns a entrarem literalmente a correr quando perceberam o que se passava, mas isso pouco importa para a moral da história.
Nunca mais esqueci este exemplo de respeito de um líder pelos seus companheiros de partido.
Como nunca esquecerei os tempos em que os conselhos nacionais eram ao sábado de manha,com intervalo para almoço, e continuavam tarde dentro com tempo para discutir politica a sério e não como a partir de 2000 em que passaram a ser a um dia de semana à noite sem qualquer respeito pelos conselheiros que não vivem em Lisboa ou perto e que são obrigados a despesas e sacrifícios que seriam desnecessários se os Conselhos fossem ao sábado.
E já que estamos numa de memória tenho também pena que os Conselhos Nacionais tenham deixado de ser no auditório da sede nacional,sem custos adicionais para o partido, e tenham passado para as confortáveis salas de hotéis de cinco estrelas (pagas e bem pagas) ao sabor de um "novo riquismo" e um deslumbramento que eleitoralmente,ainda por cima, só nos penaliza.
De facto o actual PSD tem muito a aprender com o PSD do passado.
E então com o PPD...
Depois Falamos
P.S. Para que fique claro: Quer a moda dos Conselhos a meio da semana quer a opção pelos hóteis de luxo são modas com mais de uma década de prática no partido.
Não foram decisões da actual direcção.
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