Rescaldo

Publiquei, hoje, este texto no site da Associação Vitória Sempre.

A época vitoriana não teve as proporções de um sinistro de grandes dimensões, daqueles que não deixam nada em pé, mas sempre se pode dizer em jeito de rescaldo que nos deixou um bocado “chamuscados” em termos de objectivos.
Iniciada com o sonho da “Champions, que esteva a uma bandeirada de se cumprir, vai acabar na frustração das meias tintas e do andar a jogar para cumprir calendário.
Já todos sabemos as razões, já todos as discutimos aqui e noutros fóruns, não valerá a pena continuar a falar do passado.
Até porque para no-lo recordar temos sempre os discursos de Manuel Cajuda.
Importará, do meu ponto de vista, é aproveitar estes melancólico fim de festa para lançar com bases muito sólidas a próxima temporada na qual esperamos ver o Vitória alcançar, pelo menos, o “seu” quarto lugar no campeonato.
Para isso, e além das contratações que a direcção estará a fazer, importará perceber quem do actual plantel vai ficar, quem vai sair e acerca de quem existem duvidas a esclarecer.
Entender-se-ia, pois, que estes quatro derradeiros jogos fossem aproveitados para pôr a jogar atletas menos utilizados, para dar competição a quem este esteve longo tempo parado e para dar algum descanso aos mais utilizados.Simultaneamente será (seria?) uma boa oportunidade para encostar aqueles que já se sabe que vão sair do clube no fim da temporada e que, portanto, não faz sentido nenhum continuar a utilizar.

Exemplos:Tiago Ronaldo, um jovem a precisar desesperadamente de competir, está á dois anos no plantel sem um único minuto de jogo na Liga principal. Se não jogar agora vai jogar quando?
Cícero, reforço de Janeiro, chegou a Guimarães depois de um ano de paragem e a necessitar de competir. Sendo muito mais um reforço para a próxima época do que o foi para esta teria neste quatro jogos excelente oportunidade de ganhar ritmo.
Nuno Santos, que não sei se ficará ou não, tem passado longos períodos entre o banco e a bancada e poderia agora somar minutos de jogo e até ver recompensado o seu profissionalismo.
E até, pese embora o brilhante apuramento para a fase final do respectivo campeonato e a necessária concentração nessa prova, poderia ser oportunidade para dar alguns minutos de jogo a Lucas, Dinis, Vítor Bastos, Jussane, Diogo, Rafael, que funcionariam como um incentivo aos jovens talentos da formação.
Porque lançar jovens é isso mesmo, apostar nos formados no clube, não pôr a jogar atletas contratados noutras paragens e que por isso mesmo já terão de actuar por natureza.
Era o que mais faltava ir buscar supostos reforços a outras latitudes e não os pôr a jogar!
Isto é o que, em minha opinião, devia ser feito.

O primeiro dos quatro jogos, com a Naval, mostrou exactamente o contrário.

Jogou a equipa do costume, apenas a troca de Flávio por Custódio e a ausência forçada de Gregory, e fizeram-se as substituições do...costume com as entradas de Fajardo e Luís Filipe!

É pobre.

Até porque, mais uma vez e pese embora o inacreditável falhanço de Desmarets, acabamos o jogo a defender o resultado perante um adversário que não devia ser do nosso campeonato.
E perante isto, não se prevendo grandes mexidas para o jogo com o Rio Ave, só me apetece concluir destra forma.
Como vitoriano estou muito grato ao que Manuel Cajuda fez pelo Vitória durante o seu primeiro ano e meio de permanência neste clube.

O melhor que ele treinou em toda a sua vida.

Mas não gostei do seu discurso, das suas atitudes, da sua guerrilha surda contra a direcção ao longo de todos estes meses.
Admito que tenha as suas razões, como também a direcção seguramente as terá, para estar descontente com algumas coisas.

Mas nós, vitorianos, não temos culpa nenhuma disso! Nenhuma mesmo.
Porque mesmo nos piores momentos, de que Cajuda tanto gosta de falar, estivemos sempre onde foi preciso estar.
Daí que se Cajuda quiser cumprir o contrato, treinando eficazmente a equipa como já provou saber fazer, falando e transmitindo ambições para o futuro e esquecendo os discursos sobre o passado então é com muito gosto que o teremos mais tempo entre nós.
Se não quiser ficar, sejam quais forem as razões, então tenha a ombridade de o assumir e saia pelo seu pé.

Porque sairá pela porta grande que ficará sempre aberta para o futuro.
Desconfio é que, por razões cada vez mais evidentes, a porta está a diminuir de tamanho todos os dias.