quarta-feira, dezembro 10, 2008

Vai um espelhozinho ?


Está para durar, e ainda bem, a questão das faltas dos deputados ás votações da passada sexta feira.
Deputados de todos os partidos e não apenas do PSD como ás vezes parece que nos querem fazer crer.
E ainda bem porque isso pode significar que desta vez (espero sentado á cautela...) vai ser feita alguma coisa para acabar com esta triste situação de deputados faltarem ao Parlamento, desrespeitarem quem os elegeu e ficar tudo na mesma.
Sinceramente creio que nesta legislatura já pouco há a fazer.
Mas na próxima exige-se a todos os partidos que ao escolherem os seus deputados o façam com base em compromissos sérios de trabalho e, muito importante, para a continuação de muitos dos actuais pese significativamente o registo de faltas durante a actual legislatura.
Creio contudo que nesta trapalhada já existe uma "vitima mortal".
Chama-se Paulo Rangel.
Que tal como Manuela Ferreira Leite não tem qualquer responsabilidade no sucedido.
O Parlamento não é propriamente o jardim-escola onde os meninos e meninas são levados para dentro da sala em filinha.
Pelo contrário é um lugar em que o sentido de responsabilidade de cada um é decisivo.
Mas de um lider espera-se que sempre o garante da responsabilidade, do cumprimento do dever, da guarda do sentido de rigor e da ética de actuação.
Espera-se também que esteja na primeira fila não só da bancada como também da defesa da imagem da instituição.
Rangel fez o contrário de tudo isso.
Preocupou-se mais em atirar responsabilidades para cima dos faltoso do PS do que censurar sem reservas nem meias palavras aqueles que na sua bancada tinham faltado.
Já sabemos que cinco estavam no estrangeiro em missão parlamentar, outro ausente por respeitabilissimas razões familiares(Almeida Henriques) e mais dois ou três devidamente autorizados.
Mas sobravam os outros.
Nomeadamente os que assinaram o livro de presenças, ganharam a ajuda de custo do dia,e foram embora.
E era para esses que se exigia uma atitude completamente diferente.
Levando sempre em linha de conta que por circunstâncias de acaso até podem ter faltado deputados normalmente cumpridores e estado presentes alguns expoentes das faltas.
E mesmo nos que faltaram naquele dia não é justo colocar no mesmo plano um deputado que falte raramente com um deputado que já faltou mais de 100 (cem) vezes desde o inicio da legislatura !
Rangel meteu tudo, e todos, no mesmo saco.
O saco do branqueamento, da desculpabilização, do nacional porreirismo.
Que no fim penaliza os que fazem da falta excepção e premeia os que dela fazem regra.
Este mesmo Paulo Rangel, que em relação a Dias Loureiro falava em desapego aos lugares (pois...pimenta no rabinho dos outros...) é o mesmo Paulo Rangel que se recusa a dar o exemplo.
Porque não pode liderar quem pactua com as falhas dos liderados.
Não pode pregar moral e ética quem se recusa a aplicá-la a si próprio.
No PSD, com os tristes resultados conhecidos, já tivemos uma dose excessiva de pregadores de moral e ética para os outros.
Se Rangel acha que mesmo inocente Dias Loureiro devia sair para preservar Cavaco Silva então ele próprio devia demitir-se para preservar Manuela Ferreira Leite.
Porque se há um erro grave e ninguém assume a responsabilidade então ela acabará por recair sobre a lider do partido.
Um dia, em Castelo de Paiva, caiu uma ponte.
O ministro das obras públicas de então,que não tinha qualquer responsabilidade objectiva ou subjectiva na tragédia,entendeu assumir a responsabilidade política pelo acontecido.
E demitiu-se.
Contra a vontade do primeiro ministro, do governo, do partido.
Ao fazê-lo preservou o governo e o primeiro ministro que o nomeara.
Esse ministro chamava-se Jorge Coelho e é sócio de Dias Loureiro numa empresa agora muito referida.
O mundo é mesmo redondo não é dr Rangel ?
Depois Falamos

4 comentários:

Luis Melo disse...

Paulo Rangel, não se terá safado desta trapalhada, da melhor maneira. Mas também não havia uma maneira boa.

De qualquer forma, não concordo que ele - que talvez seja dos melhores deputados do grupo - seja o bode expiatório. E os outros - os tais faltosos - fiquem no lugar.

Também espero que isto mude. É uma vergonha o que se passa, desde há muitos anos, no parlamento. As pessoas têm de ter responsabilidade.

Afinal de contas representam o povo que neles votou !!!!

Nuno Leal disse...

É para mim claro como a água que "castigar" o Paulo Rangel não resolve nada - por pior que ele tenha gerido a situação. Os únicos castigados devem ser os deputados faltosos e o castigo é simples: afastar os senhores deputados da próxima lista às legislativas de 2009. Até porque se quem cair for o líder parlamentar, a única mensagem que se transmite aos "meninos do coro" é que sempre que quiserem deitar abaixo o líder parlamentar faltem massivamente a uma votação importante...

De facto, como bem diz, ser deputado implica uma certa dose de responsabilidade pessoal e entrega ao trabalho. Coisa que muitos deputados (e não só no PSD) não têm, a maior parte das vezes em simultaneo, e tão poucas vezes se notou isso no PSD como nesta legislatura derivado das escolhas do Pedro "vou andar por aí" Santana Lopes.

E é por isso que ao contrário de si, julgo que o problema não está no "treinador" nem no "presidente" neste caso. Está nos "jogadores". Como não é possível "expulsar" os jogadores do campo (tipo PCP que segundo se diz tem os documentos de resignação assinados e sem data) a única coisa a fazer é penalizar nas próximas listas, afastando-os.

Tudo o resto é demagogia e jogos de bastidores políticos cujos fins não são claros nem positivos, na minha modesta opinião.

João Carvalho disse...

Totalmente de acordo. Já tive o cuidado de ir ao site do parlamento ver a assiduidade dos deputados que o meu voto ajudou a eleger (PSD Braga)e devo dizer que fiquei completamente estarrecido. Sinto que o meu voto foi desrespeitado e espero que venha a haver consequencias. Quem tem coisas mais importantes para fazer que não se candidate a deputado (até porque no nosso distrito não se pode dizar que a qualidade compensa a pouca assiduidade).

luis cirilo disse...

Caro Luis:
Paulo Rangel demonstrou em todo este processo alguma inexperiência e ingenuidade.
Mas a culpa do acontecido não foi dele.
Foi de quem faltou sem aviso ou se ausentou depois de assinar.
Rangel não podia era ter contemporizado.
Agora a solução para o problema não é nada fácil de facto.
Mas existe.
E a direcção do PSD,da qual fazem parte vários ex lideres parlamentares a começar pela própria dra Manuela f.Leite, sabe bem qual é.
Tem é de ter coragem de a aplicar.
Caro Nuno:
É verdade que os responsáveis são os deputados.
E é sobre eles que devem cair as sanções politicas e eventualmente pecuniárias desta falta de profissionalismo.
Evidentemente que qulaquer deputado com mais de 40 ou 50 faltas ao longo desta legislatura (e ainda falta quase um ano para o fim) não tem o minimo de condições para pretender continuar em S. Bento.
e se os próprios não tiverem a sensatez de se afastarem do processo de escolha deve ser a direcção do partido a exclui-los.
Agora não se culpe Santana Lopes que era lider do partido na altura da formação das listas ao mesmo tempo que se desculpabiliza Rangel que é o primeiro responsável pelo grupo parlamentar.
Até porque neste naipe de faltosos e dos que assinaram e sairam(o que para mim ainda é pior)es´tão deputados que já vem de trás do tempo de PSL a lider.
Alguns muito de trás.
E em bom rigor este problema não é novo.
Vai-se repetindo legislatura após legislatura sem que as sucessivas direcções do partido queiram tomar as medidas duras que se impõe.
Que são,grosso modo,avaliarem a continuidade dos deputados pela assiduidade,pelo trabalho parlamentar e no circulo eleitoral.
Enquanto as lógicas distritais forem o que são,enquanto os presidentes das distritais se escolherem a eles próprios e aos amigos para as listas independentemente do mérito de cada um...nada mudará.
Caro João:
É um assunto que nos leva longe.
Mas se considerarmos que os sete deputados de Braga já tem no total mais de 350 faltas (embora em proporções muitissimo diferentes para cada deputado)temos de meditar sériamente na forma como estamos a ser representados no parlamento