quinta-feira, novembro 20, 2008

Fair Play

Publiquei hoje este artigo no Correio do Minho

FAIR PLAY

A operação desencadeada pelas autoridades contra uma das claques do Benfica, sob o nome “fair play”, vem trazer para a primeira página da actualidade as relações pouco claras entre alguns clubes e os seus grupos organizados de adeptos.
Acho curiosa, no mínimo, a pressa com que alguns jornalistas e comentadores apareceram rapidamente a afirmar que os “No Name Boys” não eram uma claque oficial, não tinham o apoio do clube e coitado do Benfica que ainda ficava com má imagem por causa desse grupo quase terrorista.
Pois se não tinham o apoio do clube era bem difícil dar por isso !
Tinham lugares definidos no estádio, arrecadações para guardarem os materiais, preços especiais em bilhetes e mais algumas regalias que o comum dos adeptos não tem.
Recordo-me até de ver dois presidentes do Benfica, Vale e Azevedo e Manuel Vilarinho, a assistirem a jogos do meio da claque em grande comunhão de ideais e pontos de vista.
E o que se passa no Benfica passa-se igualmente noutros clubes onde as claques arrastam atrás de si um historial de desordem, crime e violência perante um encolher de ombros e fechar de olhos por parte dos responsáveis clubistas.
Como por exemplo a do F.C.Porto !
Onde o sentimento de impunidade é tão grande que até o líder dos “Superdragões” se atreveu a contar em livro um conjunto de historias bem pouco dignificantes que iam de roubos em estabelecimentos comerciais á vandalização de áreas de serviço das auto estradas.
Sem que, ao que se sabe, alguém o tenha incomodado por tão pública declaração de delinquência !
É um mundo sombrio, cheio de interrogações e que em nada contribui para a boa imagem do futebol.
Perguntar-se-á ,então, porque motivo os dirigentes dos principais clubes toleram (para sermos benevolentes) este estado de coisas e não tomam medidas sérias ,como o fez Joan Laporta no Barcelona ,para acabar com estes grupos organizados.
Com os que se portam mal sejamos claros.
Por várias razões:
Desde logo porque, em boa verdade, alguns dirigentes tem do fenómeno futebol uma visão idêntica á dos ultras das claques pese embora com uma ligeiríssima camada de polimento que os faz parecer um pouco diferentes.
Depois porque as claques são, nalguns casos, uma autêntica “guarda pretoriana” dos presidentes muito úteis para controlar assembleias gerais ou para fazerem outro tipo de serviços não previstos estatutariamente.
Quem se lembrar das imagens de uma célebre chegada de Pinto da Costa ao tribunal de Gondomar perceberá do que falo.
Finalmente porque as claques, e isso para os lados do “Dragão” é muito comum, também dão muito jeito para pressionar jogadores/treinadores a irem embora por iniciativa própria dispensando o clube de pagar indemenizações.
Bastará recordar Co Adrianse no Porto ou Fernando Santos no Benfica para se perceber o alcance que tem a manutenção em permanente pé de guerra desses grupos.
Ás vezes corre mal, é verdade, como quando as claques leoninas impediram a contratação de …José Mourinho !
Mas regra geral…compensa !
A questão fundamental, na linha do escrito noutros artigos, continua a ser a mesma.
Estas claques fazem parte do futebol que temos.
Com muitos dos actuais dirigentes como podemos ter outro futebol ?
Os cavalheiros querem que seja assim.
Os Quem ?


BOLA CHEIA:
Exemplo de fair play positivo foi o comportamento dos jogadores no Porto-Vitória. Alheios a guerras que não lhe dizem respeito souberam disputar um muito razoável jogo de futebol sem o árbitro se ver obrigado a mostrar um único cartão.
Tivessem os dirigentes a mesma postura.

BOLA VAZIA
Muito pobrezinha a atitude de António Salvador ao aceitar sentar-se á direita de Pinto da Costa no Porto-Vitória. Todos sabemos que PC é exímio em usar armas de arremesso a seu belo prazer.
Compreende-se que Alan, Renteria, Luís Aguiar, etc obrigam a alguma devoção ao “Papa”.
Mas há figuras tristes que deviam ser evitadas.
Porque não aproveitam a ninguém.


6 comentários:

rei dolce disse...

caro Dr. Cirilo,

concordo, regra geral, com o que diz sobre o fenomeno das claques.
Só gostava de saber se essa sua análise inclui tambem as claques do seu clube?
cumprimentos.

luis cirilo disse...

Caro Rei Dolce:
Inclui todos aqueles que dentro,e fora,de um estádio não sabem comportar-se de forma civilizada.
Independentemente de quem apoiam.

rei dolce disse...

caro Dr.Cirilo,

o seu comentário não respondeu ao que lhe perguntei(também não estava á espera), limitou-se a comentar de uma forma "redonda" e sem nomes, mas tudo bem, percebi.
cumprimentos

luis cirilo disse...

Caro Rei Dolce:
Sejamos ainda mais claros embora não me parecesse necessário face ao teor da resposta anterior.
Claro que quando tem comportamentos incorrectos as claques do Vitória também se incluem na análise que fiz.
Como disse na resposta anterior "...Independentemente de quem apoiam...".
Agora é evidente que as claques do Vitória não tem,felizmente,um cadastro comparável a No Name Boys ou Superdragões.
E espero que nunca venham a ter.

Anónimo disse...

O senhor não sabe do que fala.Desde a obrigatoriedade da "legalização" à qual os No Name Boys não se submeteram , estes não têm apoios da direcção do Benfica.Já não existe arrecadação para guardar o material (existe o espaço mas não é utilizado pelos NN) , já não existem facilidades nos preços dos bilhetes nem das deslocações.Obviamente que quem comete crimes tem que ser punido.No entanto , associar os No Name e o Benfica a estes actos não faz sentido.Alguns (metade) desses criminoso pertencem à claque , o que não generaliza a questão a todos os membros.Em Guimarães são todos anjinhos.
Passe bem.

luis cirilo disse...

Caro Filipe Vitória:
Leia o "EXpresso" do passado sabado e perceberá quem sabe do que fala.
Ou alguem acredita,por exemplo, que os 900 lugares cativos que os NN compraram no estádio da Luz não chamaram a atenção de ninguém ?
Ou que ninguém sabia quem eles eram ?
Claro que não são todos criminosos.
Mas são muitos.