quinta-feira, outubro 17, 2024

PS: O escorpião e a rã

É bem conhecida a história do escorpião que queria atravessar um rio e pediu a uma rã que o levase às costas. A rã com medo de ser morta recusou mas face à insistência do escorpião, e às garantias por ele dadas que não a picaria, acabou por consentir. Claro que a meio do rio  o escorpião picou-a e sentindo que ia morrer a rã perguntou-lhe porque razão o tinha feito já que assim iam morrer os dois.
Ao que o escorpião respondeu que estava na sua natureza ser assim.
É este o problema com que hoje se defronta o PS de Pedro Nuno Santos.
Longe do que foi o PS de Mário Soares, de Almeida Santos, de Vitor Constâncio, de António Guterres  de José Sócrates e  de António José Seguro o PS corre hoje à desfilada por uma via esquerdizante iniciada com Jorge Sampaio ( candidatura da esquerda unida à Câmara de Lisboa em 1989) , continuada por Ferro Rodrigues, acelerada por António Costa com a geringonça e que ameaça entrar em velocidade de cruzeiro com Pedro Nuno Santos.
No fundo o confronto de sempre entre um PS social democrata, europeista, defensor da presença de Portugal na NATO , capaz de acordos de regime em matérias de Estado e um PS de esquerdistas que se aproximaram do partido vindos do ex MES e de outros pequenos partidos de extrema esquerda extintos e hoje continuado por uma nova geração de políticos que aliam uma pose e uns gostos pessoais inequivocamente burgueses a um esquerdismo que apenas revela  a má consciência (eivada de pragmatismo) de não terem a coragem de militarem num partido de extrema esquerda porque lá não chegariam ao poder e tudo isso mesclado com a arrogância de quem se acha dono do mundo e arredores.
No fundo a continuidade, passados cinquenta anos, da disputa pelo poder verificada no primeiro congresso do partido pós 25 de Abril entre Mário Soares e Manuel Serra que o primeiro venceu mas de que o segundo deixou plantadas sementes que resistiram ao longo dos anos.
É o actual PS, uma espécie de vingança póstuma de Manuel Serra, que tem perante ele o dilema da rã e do escorpião.
O mesmo PS de sempre, que nunca viabilizou um governo minoritário do PSD ao contrário do PSD que viabilizou vários governos minoritários do PS, e que está agora perante o dilema de ou viabilizar este ou mergulhar o país em novas eleições sabendo perfeitamente os prejuízos que estas acarretarão para Portugal.
Um PS cujo líder e cuja direção, a começar pela esbaforida lider parlamentar e putativa candidata ao lugar de PNS se este se espalhar, se encontram muito mais próximos da extrema esquerda que do PSD e cuja vontade praticamente unânime (em termos de direção) é votar contra o orçamento de estado e provocar eleições com o sonho louco de novas geringonças ao contrário de várias figuras gradas do PS  ( e com experiência de governação) que entendem que o chumbo será um enorme erro que o PS e o país pagarão caro.
Segunda feira se saberá se a palavra dada à rã no âmbito de negociações com cedências mútuas será respeitada e a travessia do rio se fará sem sobressaltos de maior ou se o escorpião fiel á sua natureza não resistirá à picada fatal e provocará a morte de ambos.
Sendo certo que a rã tem boas probabilidades de uma ressurreição gloriosa enquanto para "este" escorpião não haverá segunda oportunidade.
A ver vamos.
Depois Falamos.

Sem comentários: