Desde as eleições nos Açores que proporcionaram esse curioso resultado de o PS ter ganho mas existir uma maioria de direita (cá se fazem, cá se pagam) no Parlamento regional que leio as mais desencontradas opiniões sobre a geringonça de direita formada no arquipélago.
Desde um ensandecido António Costa que tendo um verniz educacional aplicado em camada finíssima cai para a discussão chineleira com inusitada facilidade, passando por um enraivecido Carlos César cuja angústia em ter de encontrar emprego para a vasta família o leva às afirmações mais espatafúrdias negando hoje o que disse ontem (leia-se em 2015) até ao Carneiro de serviço ao disparate que fazendo jus ao apelido "marra" em todas as direcções sem acertar uma única "marrada" com o topete adicional de se referir a Francisco Sá Carneiro como "o Sá Carneiro" como se alguma vez da sua minúscula importância política se pudesse referir a esse fundador da democracia sem se pôr de pé e tirar reverentemente o chapéu.
E se no PS o descontrolo emocional, a raiva por se verem contrariados, o temor de que nos Açores tenha começado o fim (quem me dera acreditar tanto nisso como o PS teme) leva a essa sucessão de disparates não lhes falta companhia na esmagadora maioria de comentadores televisivos, articulistas de jornais e toda a cambada de politicamente correctos que enxameiam a bolha lisboeta de opinadores profissionais.
Tenho discordado de Rui Rio em muita coisa, não o apoiei na disputa interna de 2018, tenho uma opinião negativa da sua prestação enquanto lider do PSD e por consequência das suas responsabilidades como líder da oposição.
Mas nesta matéria dos Açores tomou a decisão correcta.
E o facto de o PSD , muito por mérito de Jose Manuel Bolieiro também, ter sabido criar uma plataforma a que puderam aderir CDS, PPM, Chega e Iniciativa Liberal, embora em graus de compromisso diferente, sem perda das posições próprias de cada partido mostra bem que o centro direita e a direita perceberam nos Açores que a política é a arte do compromisso e que neste contexto concreto é mais o que os une do que aquilo que os separa.
E o que os une de mais importante (nesta fase pré governação) é afastar o PS do poder, para já nos Açores, e devolver aos portugueses a esperança de mais tarde seja possível no todo nacional encontrar soluções que permitam derrotar o PS e os seus amigos de extrema esquerda e devolver o governo de Portugal ao centro e à direita.
Particular polémica tem causado o facto de PSD e Chega se terem entendido de molde a que o partido de direita apoie a solução governativa sem dela fazer parte através de um acordo de incidência parlamentar com base em compromissos assumidos entre ambos.
Penso que Rui Rio e André Ventura fizeram bem em se terem entendido.
Desde logo porque os termos do acordo e as políticas que se comprometeram a desenvolver em comum (diminuição de deputados no parlamento regional, combate à corrupção, diminuição dos beneficiários do rendimento mínimo através da criação de emprego) são sensatas, fazem sentido e não me parece que qualquer um dos que critica o acordo possa discordar delas.
A seguir porque com a ressalva das muitas diferenças entre eles, que vem da sua orientação programática ao seu posicionamento ideológico, parece inevitável que os dois partidos (e outros) se entendam para futuras eleições legislativas nacionais pelo que este entendimento açoriano pode ser um primeiro passo no conhecimento mútuo e no aplainar das dificuldades que inevitavelmente surgirão.
Depois porque falta moral à esquerda, do PS ao PCP passando pelo BE, para criticarem uma geringonça de direita quando foram eles que em 2015 deram um sentido diferente ao termo "ganhar eleições" e não tiveram pejo em derrubar o governo de quem tinha ganho para o substituirem por um arranjinho de que todos os participantes tinham vergonha ao ponto de nem se sentarem para assinarem o acordo preferindo fazê-lo de pé, em separado e fugindo das fotografias como o diabo da cruz.
Quero acreditar que na sequência do que se passou nos Açores vai abrir-se um novo caminho para o centro e para o centro direita a par de uma forma diferente, mais acutilante e incisiva, de o PSD liderar a oposição e construir uma alternativa ganhadora a esta desgraça que nos governa.
Até lá, e porque a vida também precisa disso, vamo-nos divertindo com este bailinho que PSD, CDS, PPM, Chega e Iniciativa Liberal deram à esquerda nos Açores.
Há muito que estávamos a precisar de algo assim.
Depois Falamos.
P.S. E antes que venham as vestais do costume rasgarem as vestes de indignação reitero aqui o que já escrevi por várias vezes. Em termos de democracia o Chega não tem nada a aprender com o PCP e com o BE. Por isso quem se aliou com esses não tem moral para criticar quem se aliou com o Chega.
2 comentários:
Dr. Luis Cirilo
Concordo inteiramente com tudo o que escreveu.
Só acrescentarei o seguinte :
- Que " democratas " são estes que não querem a dita extrema direita no parlamento e permitem
a extrema esquerda?
- Não conheço nenhum país no mundo ( repito : no mundo ) governado pela extrema esquerda onde
haja democracia e liberdade.
Caro Anónimo:
Não conhece porque não há. Extrema esquerda é sinónimo de ditadura onde conseguem chegar ao poder.
E acrescento; nem democracia, nem liberdade, nem prosperidade.
Miséria em todos os sentidos
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