Sendo um dérbi, por excelência, aquele jogo que mais se gosta de ganhar mas também aquele que mais se teme perder devo confessar que olhava para este Vitória-Braga com muita expectativa mas também com uma razoável dose de preocupações face ao que tenho visto às duas equipas nesta Liga e aos dois clubes nestes últimos quinze anos.
Grosso modo um Braga forte, estruturado, com uma plataforma de ambições bem altas, com equipas e planteis de muito boa qualidade face a um Vitória imerso em sucessivos anos zero, em mudanças radicais nos planteis e na própria estrutura directiva (4 presidentes em 16 anos contra apenas um do rival) o que leva a que nos últimos 25 jogos entre ambos o Vitória tenha vencido apenas cinco!!!
Todo o contrário de décadas e décadas anteriores a 2004.
O jogo confirmou as preocupações.
Uma entrada forte do Braga, a dominar todos os capítulos do jogo, com uma pressão alta que asfixiava o meio campo do Vitória e um ataque que ia pondo sucessivos problemas ao último reduto vitoriano enquanto do outro lado do terreno a defesa bracarense chegava e sobrava para as encomendas.
O Braga fez um golo e ameaçou fazer mais enquanto o Vitória em toda a primeira parte apenas teve um lance de relativo perigo com Bruno Duarte a finalizar ao lado do poste esquerdo da baliza bracarense o que prenunciava um resultado que podia atingir números desagradáveis como aquele que mandou embora Pedro Martins.
Num jogo completamente diferente do do Bessa o Vitória alinhou com uma equipa igual o que contribuindo para fortalecer automatismos e rotinas de jogo , bem como para estabilizar uma equipa tipo, tem o risco de perante um adversário bem diferente para melhor as coisas não correrem tão bem em termos de resultado final.
Como não correram.
Mikel denotou as já conhecidas limitações a sair com a bola jogável, Rochinha tema tendência normal para cair nos flancos, André André jogou longe dos avançados e tudo isso contribuiu para que o Vitória não tivesse jogo interior como também para que o adversário assegurasse com alguma facilidade a supremacia na intermediária que depois convertia em lances de perigo enquanto os dianteiros do Vitória assinaram uma primeira parte de muito pouca inspiração.
Por outro lado a inexistência (até pode ser que exista no plantel mas ainda não se afirmou) de um clássico "10" que leve a bola para o último terço do terreno e assista o ponta de lança ou finalize ele próprio, a exemplo do que tão bem fazia João Carlos Teixeira, também não tem ajudado em nada os processos ofensivos do Vitória.
Na segunda parte o panorama alterou-se de forma algo significativa com o Braga a manter um bom nível mas com o Vitória a melhorar bastante o seu desempenho muito por força do adiantamento de linhas, da forma como Quaresma pegou no jogo e desenvolveu vários lances (e remates) de perigo e do aparecimento de Marcus Edwards que na primeira parte não tinha sido visto.
O Vitória dominou largos períodos, criou lances de relativo perigo especialmente nos tais remates de Quaresma, mas manda a verdade que se diga que os contra ataques adversários foram bem mais perigosos e o Braga teve duas clarissímas oportunidades que Galeno por egoismo e Schettine por mérito de Bruno Varela não conseguiram transformar em golos.
João Henriques, pese embora a desvantagem no marcador foi adiando as mexidas na equipa e apenas aos 72 minutos fez a primeira, e algo estranha, alteração ao tirar um médio mais ofensivo-André André- para meter um médio mais defensivo-Poha- que ainda por cima não é famoso pela qualidade do passe quando se esperava a entrada de um médio com características bem diferentes como André Almeida ou até o recém chegado Miguel Luís.
Com o jogo a caminhar para o fim há uma entrada violenta de Carmo sobre Edwards e do sururu (bem típico dos dérbis) resultante saem três cartões vermelhos directos deixando o Vitória a jogar dez contra nove nos minutos finais o que levou o treinador vitoriano, aos 86 minutos, a prescindir do lateral Sílvio por troca com o ponta de lança Holm e um minuto depois a trocar Rochinha por Miguel Luís sem que a equipa tivesse tirado qualquer benefício das trocas.
É verdade que o banco do Vitória não tinha muito mais opções efectivas (já o Braga fez entrar Musrati, João Novais, André Horta, Schettine e Tormena deixando ainda sem serem utilizados Gaitan e Abel Ruiz...) mas a não utilização de André Almeida continua a não ser entendível seja sobre que perspectiva for.
Nos instantes finais o Vitória tentou pressionar por todas as formas mas em vantagem numérica optar bastas vezes pelos passes de longa distância em vez de levar a bola de pé em pé não se revelou boa opção e o Braga mesmo em desvantagem numérica foi resolvendo as situações sem problemas de maior acabando por vencer com justiça.
As preocupações, essas, vão continuar pelo menos mais algum tempo.
Porque o plantel do Vitória é grande em quantidade mas a qualidade nalgumas posições é de molde a causar grandes preocupações que ,por exemplo, se verão reflectidas na ausência de Jorge Fernandes nos próximos jogos.
Mas até Janeiro nada há a fazer que não seja tirar o máximo destes jogadores e aproveitar os que jogam na equipa B e podem ajudar como são os casos de Estupinan e Romain Correia.
Fábio Veríssimo é um mau árbitro e quanto a isso nada há a fazer.
Esteve bem no cartões vermelhos, não cometeu erros de relevo mas teve em termos disciplinares uma dualidade de critérios que prejudicou claramente o Vitória porque em lances iguais teve procedimentos diferentes sendo exemplar o caso de André Castro que apenas aos 67 minutos viu o amarelo à sétima ou oitava falta que fez.
Mas não foi pelo árbitro que o Vitória perdeu.
Depois Falamos
P.S O Braga jogar o mais ttradicional dérbi de Portugal todo vestido de azul é simplesmente ridículo!
Os estilistas da Liga e os "marketeiros" dos clubes tem uma enorme falta de respeito por tudo que é tradição.