Como bom minhoto e bom vimaranense faço parte daqueles, e muitos são, que tem nos prazeres da vida um lugar guardado para a degustação da boa gastronomia não só a da região Minho como também a de outras zonas do país.
E por isso comprador habitual de alguns guias gastronómicos,
curiosamente não o que motiva este texto, nos quais se vão encontrando a par de
algumas banalidades bem dispensáveis outras sugestões que se revelam autênticos
achados pela qualidade da restauração que neles se pratica.
Ainda bem recentemente, e ao sabor de uma das muitas viagens para
Lisboa, fui parar por mero acaso a um restaurante nos arredores de Pombal (Pote
dos Leitões) que se revelou um verdadeiro achado não só na elevada qualidade do
que se comeu, das entradas à sobremesa passando por magnífico leitão assado que
fez jus ao nome da casa.
E apenas lá fui parar, somado ao facto de o restaurante onde realmente
tencionava ir estar completamente cheio, porque esse “Pote dos Leitões” constava
de um guia gastronómico (O Boa Cama Boa Mesa ,do Expresso) que trago
habitualmente no carro para “emergências” desse género.
Há no mundo inteiro, sem qualquer dúvida, um sector constituído pelo
turismo gastronómico que assume cada vez maior importância, movimenta cada vez
mais pessoas e consequentemente tem um cada vez maior impacto económico a que
ninguém pode ficar indiferente.
E por isso também são cada vez mais as publicações que se dedicam a
divulgar restaurantes e outras casas de comer porque tem público, tem
compradores e também eles geram proventos que não são de desdenhar.
O Guia Michelin é , porventura, o mais antigo de todos eles e
seguramente aquele que em todo o mundo tem mais prestigio e reconhecimento face
à sua centenária actividade e ao valor que o público dá às suas recomendações.
Direi até que no especifico mundo do gastronomia nada dá mais
prestigio a um restaurante que o ter uma, duas ou três estrelas Michelin (claro
que quantas mais melhor) pelo certificado de qualidade que isso constitui e
pelo numerosa clientela que atrai para as suas mesas.
Há hoje, especialmente na Europa mas já alastrando a outros continentes,
um tipo de “Cliente Michelin”, normalmente de um estrato económico de muito bom
nível face até aos preços praticados na maioria desses restaurantes “estrelados”,
que percorre esse tipo de restaurantes quase como quem colecciona cromos para
uma caderneta.
E também por isso, por essa clientela de referência, é muito
importante para um restaurante constar do pequeno livro vermelho como detentor
de um desses galardões.
Na Europa, especialmente em França onde o “Guia Michelin” teve origem
mas também noutros paises onde há o culto da boa gastronomia como Itália ou
Espanha, tem-se multiplicado nos últimos anos os restaurantes com estrela(s) na
que é também uma sudável competição entre os grandes cozinheiros alguns dos
quais ostentam nos vários restarantes que dirigem quase uma galáxia.
Portugal também está há alguns anos na rota dos inspectores do “Guia”
embora mande a verdade dizer que sem o reconhecimento e benevolência que se
constata noutros paises,entre os quais os acima referenciado, onde ter e manter
estrelas é notoriamente mais fácil que em Portugal.
Ainda assim Lisboa, Porto, Algarve foram tendo os seus restaurantes
com apenas uma estrela durante anos até
que mais recentemente alguns mereceram a segunda mas não existindo ainda nenhum
que tenha merecido dos inspectores a terceira.
Este ano o Guia descobriu que há mais Portugal.
E embora a “Casa da Calçada”, em Amarante, já tivese sido galardoada
no passado não deixava de ser um estabelecimento na periferia do Porto pelo que
a atribuição de estrelas a um
restaurante de Bragança e a outro de Guimarães significou a primeira “descentralização”
efectiva do Guia.
Guimarães sepre foi uma terra de boa comida, bons restaurantes e bons
petiscos.
De grandes cozinheiros e grandes cozinheiras.
Mas agora, por mérito de António Loureiro e da equipa que com ele
trabalha no “A Cozinha”, passa a estar no roteiro dos grandes restaurantes
europeus consagrados pela atribuição de estrelas Michelin.
É uma honra para o cozinheiro, para o restaurante e para Guimarães.
Uma honra que importa manter nos próximos anos seguramente com a
ambição de vir a conquistar mais estrelas, mais reconhecimento e maior
prestígio nacional e internacional.
E, naturalmente, mais um motivo para atrair à cidade mais turistas
e,nomeadamente, turistas desses sector tão especificio como é o turismo
gastronómico.
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